OS TRÊS DO PORTO E A BANDA ANIMAL

OS TRÊS DO PORTO E A BANDA ANIMAL

Era uma vez, um jacaré, uma tartaruga e um macaco, que viviam numa reserva florestal. Os três e os demais habitantes deste paraíso ecológico levavam uma vida tranqüila, isto porque tudo de que eles necessitavam para a sua sobrevivência, nesta reserva havia, portanto não tinham o que reclamarem.

Nesta reserva, existia uma casa, localizada bem na entrada, servindo de moradia para um senhor, que, com a sua família vieram morar, sendo ele o responsável pela vigilância de toda área e também dos animais que viviam na reserva.

Ele oriundo de uma região distante e já estava acostumado com a vida de ermitão, apesar de ter constituído família, isto em razão dele ser transferido a cada quatro anos, de um lugar para outro, e nem sempre os seus familiares podiam acompanhá-lo.

Mas desta vez, ele veio de mala e cuia, trazendo os seus familiares e também todos os seus pertences, tais como: os móveis, aparelho de som, geladeira, enfim tudo o que tinham.

Muitas horas viajando pelas estradas, atravessando vários estados da união, até chegarem ao seu destino. Chegando à nova residência, com a ajuda da esposa, foram ajeitando os seus pertences no quarto, o que era do quarto, na cozinha que era da cozinha e assim por diante. Depois dessa trabalheira danada, e já exaustos, pela viajem e mais a mão-de-obra, que tiveram, o cansaço o sono, disse ele para a sua esposa, por hoje chega, vamos dormir, porque ninguém é de ferro.

Alguns meses passaram-se, e aos poucos foram adaptando-se ao novo lar, novo trabalho. A sua esposa cuidava da casa e dos filhos, e ele cuidava da reserva, circulando por toda área, vigiando e sempre atento, evitando assim a entrada de intrusos.

Nos dias de sua folga, ele gostava de ficar deitado numa rede ouvindo as suas músicas preferidas. Ele ganhou de seu amigo, um aparelho de som, mais conhecido por vitrola, dessas que, a gente coloca vários discos (Lps de vinil) - um em cima de outro, e automaticamente na medida em que termina um, desce outro, e assim ele vai ouvindo músicas durante mais ou menos três horas.

Como ele não tinha vizinho, deixava o som nas alturas, e o eco propagava-se por mata adentro. De binóculos em punho, ele ficava observando, olhando para os quatro cantos da reserva, de repente percebeu que os animais estavam quietos, uns próximos dos outros. Ele achou interessante o comportamento dos animais, e logo pensou. Caramba! Os animais também gostam de ouvir música, isto em razão dele, ter desligado a vitrola, quando neste momento os animais passaram a se movimentar de um lado para o outro como estivessem dançando. O tempo passou, e na semana seguinte, ele resolveu não ligar a vitrola, para fazer um teste, confirmar ou não aquilo que ele tinha imaginado, aliás, deduzido sobre a questão dos animais gostarem de ouvir música.

Para a sua surpresa, o silencio era total, e de repente começou ouvir uma música idêntica das que ele estava acostumado, quando ligava a sua vitrola.

Ficou meio acabrunhado. Exclamou!... Caraíba, a vitrola está desligada, e essa música de onde que ela vem. Mais uma surpresa, dias depois ficou sabendo que o jacaré, a tartaruga e o macaco haviam formado um trio musical.

De fato, os confirmaram, ao serem indagados! Os animais, de tanto ouvirem as músicas que o senhor vivia tocando em sua vitrola, eles acabaram decorando-as, e pensaram em formar um trio, já pensando nas próximas eleições municipais, onde todo candidato que se preze convidam grupos musicais para realizarem seus comícios eleitorais.

O jacaré adotou o pseudônimo de Sankaré, o macaco de Bumbak’os, e a tartaruga o de Ketry. Fizeram uma salada de letras associando os seus nomes com instrumentos musicais, e deu no que deu. Os Três do Porto, foi o nome escolhido para ser registrado na Ordem dos músicos.

O Sankaré pegou uma ventosa de oito baixos, conhecida por pé-de-bode, a Ketry, ganhou um triângulo, e o macaco como se deu bem na percussão, e por gostar de fazer muito barulho, optou, escolhendo a zabumba.

Como é de praxe, todos sabem, que a primeira coisa que vem na cabeça, é providenciar o cartão de visita, e assim foram eles rumo a uma tipografia providenciarem o tal cartão de visita.

Depois de alguns meses ensaiando o futuro repertório resolveram, aliás foram contratados para apresentarem-se num showmício, pois era tempos de eleições municipais. E lá foram eles animar a tal festa.

O som já estava instalado, com muitas bandeirolas coloridas, com os nomes dos candidatos, vote em fulano, sicrano e bertano.

O encarregado de apresentar os candidatos, anunciava com muita veemência o nome do conjunto, é com vocês Os Três do Porto, trio este recém formado fruto de nossa terra, pois vamos todos prestigia-los. Repetiu uma vez, duas, três e nada do conjunto entrar em cena, o locutor experiente foi improvisando algum texto, dando tempo. Na coxia, estavam eles, todos tremendo de medo, em razão de ser a primeira apresentação em público, e também da multidão que se aglomerava em frente do palanque, para ouvir as promessas dos candidatos. Repentinamente alguém foi empurrando um a um, e só assim, é que eles entraram em cena. E por pouco, muito pouco, foi que eles não caíram no meio do povão. Acabou tornando-se uma cena engraçada, e o público dizia a eles; Que palhaçada, afinal de contas vocês são músicos ou palhaços. Os três envergonhados, nada respondiam, deram uma respirada bem funda, iniciaram uma música intitulada Olho-de-cabra e o catiorão. Após a execução, foram muito aplaudidos e ao mesmo tempo refizeram-se do susto.

Eles estavam um pouco assustados, e também emocionados com tudo aquilo que tinha acontecido, e o povão pedindo bis. Já refeitos, foram atendendo os pedidos da platéia, até o encerramento do showmício. E assim nasceu um novo conjunto musical, denominado Os Três do Porto.

Os Três do Porto, tendo como objetivo ampliar a sua banda musical, resolveram de comum acordo, convocar mais um músico da redondeza para atingir um público específico, isto é, agradar também os amantes do chorinho, ritmo dos saudosistas e agora voltando.

Contatos foram realizados, vários instrumentistas apresentaram-se, até que descobriram um músico conhecido por Pandolim, e de acordo com as informações o referido músico era um exímio bandolinista.

Os Três do Porto convidaram-no para um ensaio, e assim foi. Todos os três, ficaram na expectativa de um bom ensaio, deixaram tudo preparado. O Sankaré com a sua ventosa de oito-baixos, a Ketry com o seu triângulo, e o Bumbak’os com a sua zabumba, ficaram esperando o Pandolim chegar. O tempo foi passando e nada. Caramba! Disse o Sankaré para os demais companheiros, o Pandolim já deu furo no primeiro ensaio. A Ketry e o Bumbak’os, olharam um para o outro demonstrando certa aflição, já bem nervosos em razão do Pandolim não aparecer para o ensaio determinado.

Conversar entre si, achou melhor guardar os instrumentos, foram pensando numa alternativa, isto é, ir atrás de outro músico. Alguns dias depois, o Bumbak’os, foi passear, numa outra reserva, e por acaso deu de cara com o sumido Pandolim.

O Bumbak’os perguntou para o Pandolim, ó meu chapa, você marcou conosco, ficamos a sua espera, e você não apareceu e nem deu satisfação, isso não se faz. Respondeu o Pandolim, pois é, não foi minha culpa, tive uns problemas de última hora com uma vizinha. Mas afinal de contas o que foi que aconteceu com você. Meu amigo, aconteceu que onde moro, tem uma vizinha, por sinal de idade bem avançada, e você sabe como é que é, pessoas idosas, nem todas, mas essa é de amargar, é implicante e tudo mais. Eu vivia tocando bandolim, e no dia anterior ao ensaio que tínhamos marcado, resolvi preparar umas músicas, e quando dei fé já eram duas horas da madrugada, a vizinha começou a me falar mal, dizendo barbaridades, gatos e lagartos, eu também não fiquei quieto, e disse também umas e outras, enfim ela chamou a polícia, e acabei indo parar na delegacia, por estar tocando altas horas da noite. O delegado de plantou, deixou-me sentado várias horas, isto é tomei um chá-de-cadeira, até que ele resolveu me atender. Disse-me o delegado, escuta você sabe qual é o motivo porque você está aqui. Não! Eu disse para o delegado. Pois é você fica atormentando a sua vizinha, com o seu bambolim, é esse o motivo. Ele foi falando, falando, deu umas broncas, enfim, resumindo por causa deste fato foi que eu não pude ao ensaio que tínhamos combinado. O interessante disto tudo é que depois das broncas que levei o delegado me fez ir até a minha casa, dizendo para ir buscar o bandolim. Fiquei surpreso, com isso, e logo pensei desta vez perdi o meu instrumento. Bem fui buscar o instrumento juntamente com o cabo ordenança, e retornando a delegacia, ao entrar eu ouvia um solo de violão. Enfim para minha sorte o delegado também gostava de tocar uns chorinhos, e acabamos passando horas e horas tentando fazer um dueto. Ele com o seu violão de sete cordas e eu com o meu bandolim. Finalizando foi isso que aconteceu. Ia me esquecendo, o delegado também quer fazer parte da banda. Posteriormente, o conjunto passou a chamar Os Três do Porto e a banda animal, após a inclusão do Pandolim, Lioncord, Urucord.

Tangerynus
Enviado por Tangerynus em 25/03/2010
Código do texto: T2157925