V de Vitima
Um grupo de bombeiros tentava o convencer a não pular enquanto outro procurava algum meio de chegar à janela em que ele estava. Era um importante empresário em um cargo mais importante ainda, em uma empresa tão importante que sua importância não importava a ninguém. Ninguém sabia o que homem tão bem sucedido na vida fazia a beirada daquela janela ameaçando a se jogar. Os bombeiros tentavam o dissuadir, mas só tinham respostas palavras desconexas em meio ao pranto. Ele estava ainda em dúvida se pularia ou não e permanecia empoleirado. Enquanto alguns homens amarravam cordas no topo do prédio outros armavam uma bolsa de ar no solo para aparar a sua queda.
O homem freqüentemente passava a mão no rosto limpando as lágrimas gritando que ia pular. A multidão se multiplicava. Da sala onde ficava a janela bombeiros e outros funcionários da empresa tentavam o dissuadir, mas ele parecia não se comover com as palavras deles. Foi então que uma mulher se aproximou e pediu a palavra. Dizia que era uma secretária do homem e que podia ajudar.
Quando ele a viu, recuou um pouco para dentro do prédio e a encarou com um sorriso. Ela também sorria e se aproximou lentamente. Pessoas engoliram seco e muitas prenderam a respiração em nervosismo. A mulher conseguiu chegar bem próximo ao homem que entre suas lágrimas soluçou uma pergunta que ninguém entenderia a não ser ela: “Você me perdoa?”. Com um olhar triste ela desvia o olhar e diz subitamente: “Não.”
Os bombeiros presentes correram para tentar impedir os braços femininos que empurravam o homem. Ignorantes, as pessoas de fora do prédio não sabiam o que acontecia quando um corpo caiu da janela para bater em um colchão ainda não cheio em um barulho seco seguido de gritos e espantos de todos os presentes.
No noticiário naquela noite: “Vitima de estupro empurra agressor de prédio.”