UIVO SUPER LONGO
Foi em janeiro de 2008. A tarde estava quente, abafada, nenhum vento corria pelas janelas abertas. Eu e o meu filho Matheus estávamos em casa, e também os nossos dois poodles - o Kinder e o Pretinho. Então, éramos quatro a dividir o apartamento do segundo andar, naquela típica tarde de Verão. O Kinder, de pelo branco, sapeca demais em outros tempos, estava doentinho. Estava lá, quietinho, ora na área de serviço, ora no quarto, com o focinho apoiado nos sapatos, como sempre gostou de fazer.
Eu ajeitava um pouco a cozinha e o Matheus estava no computador. Depois de algum tempo, pedi que ele descesse com o Kinder, pois ele poderia estar com vontade de fazer suas necessidades. Desceram. Demoraram alguns minutos. Voltaram. E aí começou o drama.
Três ou quatro passos depois que entrou na sala do apartamento, o Kinder caiu. Caiu e não mais se levantou. Corremos até ele. Meu filho chamava-o, tocava o seu corpo, eu também tentava fazer com que seus olhos se abrissem normalmente, torcia para que ele começasse a latir, mas nada disso aconteceu. Era o fim. De repente, ouvimos o uivo alto, comprido e muito doído que o Pretinho soltou ao lado do seu amigo de muitos anos. Ele havia compreendido tudo.
Seu uivo era um adeus, um até breve, uma homenagem - no mundo dos cães - para aquele que tinha sido seu companheiro de brincadeiras, de passeios, de rosnados dados um para o outro de vez em quando, de corridas, de espera pelos donos, enfim...
Assim se foi o Kinder, nosso tão lindo cachorrinho, que grandes e inesquecíveis alegrias nos deu... O Pretinho continua aqui e espero que permaneça conosco por um bom e longo período de tempo.
Gláucia Ribeiro (22/3/2010)