Entre trapos e farrapos
A família caminhava exaustivamente pela avenida principal.
A filhinha, Socorro, estava cada vez mais cansada e faminta. Seu único alívio é que o sol morrera faz uma hora.
Tudo muda quando o patriarca fechou a cara…
Mas Josué, qual motivo de tamanha raiva?
Quem está levando a sacola pesada é Elizangela, sua fiel mulher. Sua esposa, Josué! Não o seu bicho!
A longa jornada é interrompida quando Elizangela começa a fraquejar e resmungar. Josué então, manda ela se calar e para piorar começa a fazer ameaças dizendo que todos os dentes da sua boca ele vai quebrar. Perante tamanha discussão, mal percebe Josué que o significado da palavra socorro estava escancarado na cara da sua filhinha. Socorro!
Mas muitos acreditariam, que foi sua terrível condição que ensinou Josué a entender as coisas dessa maneira. Então que sua escarrada lição de moral seja a desculpa para entendermos sua ira?
Josué cabra macho, começa a dizer que vai jogar Elizangela no meio da avenida para os carros terminarem o que ele queria começar. Depois disso tudo Elizangela para de retrucar.
Josué continua xingando um pouco depois começa a se acalmar.
Depois disso o silêncio impera e a jornada de sobrevivência prossegue com Josué orgulhoso perante sua postura, Elizangela sentindo-se culpada e a pequena Socorro sem entender nada.
Por sua curta existência afora, Josué caminha até o fim dos seus dias repetindo a seguinte frase sobre sua precária condição de vida:
Entre trapos e farrapos.
É assim que é. É assim que tem que ser.
Foi o fim do mito, que virou lenda e a lenda que virou realidade.