Sinais na areia

Ao final de todos os dias as ondas apagam as marcas na areia em um suave ir e vir então tudo some, e como mágica tudo está pronto para um reinício. As pessoas que ali passaram com suas pegadas, seus rastros, suas lembranças e marcas de que existiram somem e as ondas as levam para o fundo do oceano e afogam sua existência. As mesmas ondas trazem conchas com o barulho uníssono do mar, que talvez seja a saudade, ou lembranças ou apenas um vazio de motivos sem tamanho.

E de manhã com tudo novo, a areia gelada recebe os primeiros raios do Sol da manhã que se refletem e iluminam a beira mar enquanto pessoas passam hora com seus passos vagarosos com os olhos no amanhecer entorpecedor, hora com seus passos apertados do frenesi do aproximar da hora do trabalho. Novamente um a um deixam seus passos, que não interessa se foram vagarosos ou rápidos, se os passantes sofreram, riram, choraram. São só passos.

Quisera eu que meu coração fosse capaz de apagar todas as noites os passos que nele deixaram, quisera eu que ele afogasse em si os bons sentimentos que me deixaram as pessoas que me amaram, e quisera também que eu esquecesse minhas feridas como a areia que amanhece toda a manhã lisa. Mas tenho medo de passar desse estado de confusão (e não sou Clarice para temer minhas palavras), mas tenho medo de como interpretar tantas coisas e peço a Deus que possa dia a dia tal qual uma criança sair à procura das conchas mais raras e enfim ouvir do mar as palavras mais belas.

Deixo que as palavras fluam não se faz necessária tanta complicação quando palavras são assim tão simples, deixe que elas falem ou calem e que sua simplicidade carregue milhões de meus segredos em suas entrelinhas, pois hoje é onde vivo!

Sah
Enviado por Sah em 20/03/2010
Reeditado em 20/03/2010
Código do texto: T2149842
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