Era uma vez... (Releitura de uma Parábola...)
Era uma vez...
Era uma vez um jovem rico e um pai que realizava todos os seus desejos e sonhos. Era o caçula; e o mais velho era o braço direito do pai nos trabalhos. Um dia o mais jovem disse ao pai:
- Quero a parte da herança que me tocará por tua morte! Quero viver minha vida!...
- "Filho, não me abandones! Vou sofrer..."
-" Se vais sofrer ou não é teu problema!" – E assim foi feito...
Viajou, “aproveitou a vida” e “amigos” não lhe faltaram. Mas um dia, o dinheiro acabou, e os “amigos”... sumiram!...
Aquele que nunca tinha tido “patrão” teve que buscar trabalho, mas não tinha qualificação. Ninguém o queria... Acabou nas ruas, revoltado, mendigando, furtando. Vergonha! Humilhação... Sujeira moral e física. Fome. Dor... Solidão...
E lágrimas ardentes rolaram em seu rosto... "O que teria acontecido com seu velho Pai?"
... Arrependimento!...
“Fui egoísta: pensei só em mim. Abandonei meu pai. Assim como tenho fome, sinto-me só, terrivelmente só. E vazio. Tenho sede de carinho. Tenho fome de Amor. Anseio pelo perdão que sei que não mereço...”
Voltou, então, envergonhado, pegando o caminho de volta para casa. Que longo o caminho do retorno... Os pés sangravam nas pedras do estrada... Nem sapatos tinha mais: tinha trocado por um pedaço de pão velho, com um de seus antigos "amigos..."
Era um trapo humano. Sujo por fora; imundo por dentro... Saudade dos abraços do pai, de sua proteção, de seu sorriso...
Lágrimas como fogo queimavam sua face. Penoso foi o caminho. O que o esperaria quando lá chegasse??... Medo... Vergonha...
(...)
Mas o pai aguardava diariamente seu retorno. Subia com dificuldade na parte mais alta do terreno, e olhava a estrada... Nada! E assim os dias se passaram, sem notícias, sem que alguém dos seus conhecidos houvesse visto o seu filho...
Então, naquela tarde, já quase a escurecer, um vulto se movia na poeira do horizonte... Trôpego... E veio vindo pela estrada...
O velho apiedou-se: "Quem seria aquele pobre coitado?" Apertou os olhos contra a claridade do sol que se escondia... e viu! Viu ainda de longe, sob a forma do farrapo maltrapilho, o filho amado que regressava!!...
Correu para ele! Abraçou-o e não o deixou falar! "- BENDITO SEJA DEUS QUE TE TROUXE VIVO, MEU FILHO!" E ANTES QUE O RAPAZ PEDISSE SEU PERDÃO, disse-lhe: -" Estás perdoado! Vem comigo!"...
O velho fez uma festa de tanta alegria e júbilo. Mandou convidar os amigos, chamar os músicos, banhou o filho e pensou-lhe as feridas... Vestiu-o com uma roupa de festa e pos-lhe um anel no dedo! Chorava de felicidade! Nada lhe perguntou, pois já imaginara tudo...
O filho mais velho estava no campo, trabalhando até a última centelha de luz. Ao aproximar-se de casa, viu os rumores da música e da dança; ao saber do ocorrido, revoltou-se, e disse ao pai:
" - Eu sempre estou contigo. Mas nunca me deste uma festa!..."
Mas amorosamente, abraçando-o, diz-lhe o pai:
"- Filho!... Sempre estiveste comigo, tudo o que é meu, é teu! Tens a minha herança, a minha presença e o meu amor. "Ele" não "aproveitou" a vida, ele "desperdiçou a vida"; sofreu a humilhação e a derrota. E, reconhecendo seu erro, teve que voltar... Saiu um vencedor e voltou um derrotado por suas próprias mãos..." - E olhou o filho mais velho no fundo de seus olhos, com o seu amor e sua bondade infinitos...
Então o filho mais velho compreendeu: “Para aqueles que trabalham para Deus, basta-lhes a recompensa de have-LO encontrado” e... usufruir Sua Presença, Seu consolo, Seu constante Amor e Proteção...
E aprendeu neste instante a perdoar seu irmão... E foi juntar-se a ele, na festa...
(...)
... Às vezes nós somos o filho mais moço... Às vezes somos o filho mais velho!... Nós somos ambos!!...
Mas o Pai é Único, e é sempre o mesmo: tardio para se irar e sempre pronto para nos receber de braços abertos e nos perdoar...
Felizes aqueles que entendem esta verdade... e ficam sempre sob a proteção do Pai!...
(...)
Deus não nos prometeu em Jesus Cristo uma vida sem sofrimentos: mas prometeu que sempre estaria ao nosso lado...
Felizes os que podem usufruir a Sua Presença e produzir os "frutos do Espírito": a paz, a mansidão, o consolo, a perseverança, a oração, o silêncio onde Deus fala conosco... a Fé, a Esperança e o Amor!...
Felizes os que se arrependem... Felizes os que perdoam... Felizes os que cantam e ouvem a música celestial onde Deus se revela tão perto, dentro do coração e da alma de cada um de nós...