Quermesse
A praça.
A capela.
As bandeirolas.
Os fogos.
As crianças em volta das barraquinhas.
Os sinos que tocam no alto da torre.
Festa de São Pedro.
Pai Nosso.
Ave Maria.
Creio em Deus pai.
Sai o andor.
Anjos na frente.
A fila dobra a pracinha.
Mariazinha com a vela na mão, acompanha a mãe e repete a ladainha, porém disfarça seus olhares, que a esta altura da procissão já não acompanha a mãe nem muito menos o andor.
No banco da praça, menino galante, cheiroso de água de colônia, inquieto, se ajeita daqui e dali.
A vela na mão. E um descuido: Mariazinha leva o dedo indicador na boca para amenizar a dor da cera que queima. A mãe não percebe, a menina deixa a fila.
Agora no banco da praça já não se vê o galante jovem. A barraquinha de pipoca reflete, em luz de lamparina, um vulto que não se sabe ser um ou dois.
A mãe olha daqui, dali e acolá e entre um Pai Nosso e uma Ave Maria só imagina o Creio em Deus Pai de livrar sua filha da perdição.
Mas a filha se perdeu na multidão de ladainhas...
O tronco da gameleira que serve de armação para a barraquinha de pipoca, também é cúmplice.
Fim da procissão. A mãe encontra Mariazinha em casa que já descansa.
Pés calosos do andar entre pedras e poeira. Lamenta. A mãe entende.
A praça. A capela. As bandeirolas.
Os fogos. As crianças.
Os sinos que tocam no alto da torre.
Rua enfeitada.
Procissão já começando.
Festa de Páscoa.
A mãe grita:
- Anda Mariazinha! Vem logo e traz o menino, que hoje juro, acho e mato o pai.