Uma história quase nada
Uma história de nada, a canseira, a janela. Um vulto partindo, última lembrança. O pó da estrada ia longe e no longe, mais nada senão a serra e a mata de verde quase cinza. Os olhos arrastados de preguiça nadavam no cheiro da fumaça saída de trás da casa. O sol quente, o mato queimado e o céu limpinho como queria Deus. Ninguém passando àquela hora de silêncio, mais profundo se não fosse o rangir dos dentes de um serrote na madeira seca, mais para cima do bananal fechado em pencas.
A noite estrelada, o sono imprestável, a cama quente. Janela esticada para dentro da noite escura e ela pregada. Os olhos navegando a escuridão feito navio sem bússola. Cheiro de damas da noite galopeando para depois da terra. Amarradas pelos cipós, pequenos fantasmas inertes, que a lua aguçava. Afastada, uma faísca de luz parece acenar: só as ramas das árvores zombando na paisagem deserta.
Noite, dia, dia, noite, a janela no vento, os olhos nas cercas e no abandono dos quintais. Mais olhos, derramados, por vezes, na imensidão do chão de barro batido, no espelhinho redondo, caixinha de segredo guardado a sete chaves. Conversa nenhuma, a voz perdida no tempo que foi. Pior silêncio, o que não tinha mundo. Pior silêncio, o que era, em silêncio.
Era por nada não. Noite assim, só no verão que ia acabando. Mais um pouco esfriava. Quase hora de Tonho voltar...
Uma história de nada, a canseira, a janela. Um vulto partindo, última lembrança. O pó da estrada ia longe e no longe, mais nada senão a serra e a mata de verde quase cinza. Os olhos arrastados de preguiça nadavam no cheiro da fumaça saída de trás da casa. O sol quente, o mato queimado e o céu limpinho como queria Deus. Ninguém passando àquela hora de silêncio, mais profundo se não fosse o rangir dos dentes de um serrote na madeira seca, mais para cima do bananal fechado em pencas.
A noite estrelada, o sono imprestável, a cama quente. Janela esticada para dentro da noite escura e ela pregada. Os olhos navegando a escuridão feito navio sem bússola. Cheiro de damas da noite galopeando para depois da terra. Amarradas pelos cipós, pequenos fantasmas inertes, que a lua aguçava. Afastada, uma faísca de luz parece acenar: só as ramas das árvores zombando na paisagem deserta.
Noite, dia, dia, noite, a janela no vento, os olhos nas cercas e no abandono dos quintais. Mais olhos, derramados, por vezes, na imensidão do chão de barro batido, no espelhinho redondo, caixinha de segredo guardado a sete chaves. Conversa nenhuma, a voz perdida no tempo que foi. Pior silêncio, o que não tinha mundo. Pior silêncio, o que era, em silêncio.
Era por nada não. Noite assim, só no verão que ia acabando. Mais um pouco esfriava. Quase hora de Tonho voltar...