Emigma (IV)
Amanheceu. Ana Paula abriu os olhos lentamente. Dormira no sofá, aguardando Alberto. O corpo doía, as têmporas latejavam. Foi até o quarto na esperança de encontrar o marido, mas ele não estava lá. A cama arrumada indicava que Alberto também não dormira ali.
Tomou um banho quente e demorado. Entornou duas aspirinas, precisava estar bem para enfrentar o dia, sua intuição lhe dizia que não seria fácil. Ela sabia que teria pela frente dias turbulentos. Não havia preparado-se, as coisas aconteceram muito subitamente. Tinha planejado contar tudo a Alberto antes da publicação do Enigma. Esperava que, conversando, entenderiam-se. Mas agora, certamente, Alberto estava furioso e comversar seria algo complicado. Não queria que as coisas tomassem este rumo, mas tomaram, e agora precisava enfrentar.
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Antônio morava do outro lado da cidade. Era um caminho em que ela ainda não tinha habituado, guiava prestando muita atenção. O que lhe ajudava muito era a enorme figueira que fazia sombra na esquina da rua dele. E foi ao dobrar a esquina da figueira que ela percebeu a movimentação estranha na rua extremamente pacata e residencial. Em frente ao sobrado do amigo, uma viatura da polícia, a ambulância do corpo de bombeiros, uma dezena de pessoas falando ao mesmo tempo e, chegando atrás do carro dela, o veículo do Imstituto Médico Legal. Este foi abrindo caminho entre as pessoas e adentrou à marcha ré na garagem da casa. Um corpo fora acondicionado ali dentro e ela já sabia de quem se tratava. Restou apenas confirmar com o voluntário do corpo de bombeiros.
O proprietário da residência, Sr. Antônio de Lima fora assassinado, após ter sofrido um assalto no início da madrugada.
Continua...