A vizinha - by-Caio Lucas
A vizinha - by-Caio Lucas
(Do livro Partes da minha vida)
Parte XXXV
A vizinha
Tinha uma porta entre eu e ela, apenas as vontades invadiam pelas frestas, não queria me atrever, bom, queria sim e estava indeciso ou só sem coragem. Entrar e agarrá-la, tocá-la corpo inteiro, sem saber se me queria, sem saber nada, sem falar nada e fazer tudo,
como ela vinha há dias abusando em meus sonhos.
Pensei em convidá-la pra jantar, mas é muito brega: -Passa o arroz, quer um pedaço disso, quer aquilo de frango, um pouco mais de vinho?
Idiota eu, estou daqui perdendo tempo e sei que ela me espera d’outro lado desta porta, deveria bater e perguntar: -Que tal uma sobremesa antes, um champagne, um morango rodando dentro da taça um pouco fria, para temperar meu tesão, opsss, minha vontade de estar com você?
Cá estou eu tentando uma desculpa para ficar naquele lado da porta, e beijá-la forte, deslizar minhas mãos sobre sua roupa, descendo, descendo, e voltar subindo sua saia bem devagar, como se inventasse um modo inverso de trocar sua roupa por um jeito meu bem melhor, depois, vestir meu corpo no dela. Pensei em uma música, pensei em milhares de toques, até sentia seu cheiro, todos eles, excitada, um pouco ofegante, um bem mais deliciosamente louca, misturando cheiros e gozos escorrendo entremeio nossas peles.
Que cosia feia, não quero falar palavrão, não quero mais dormir e sonhar com ela, fazer amor e depois acordar e descobrir que era tudo um faz-de-conta. Preciso falar o mulherão que é, e que me faz ser maluco toda hora, excita-me pensar em suas curvas, eu ali, dirigindo sua excitação primeira, o primeiro carinho que faz aquecer com o beijo mais afoito, a boca, a língua deslizando sem vergonha colo abaixo.
Fala, grita meu nome, lembra que estou deste lado da porta, louco, bobo, sem medo, sim com medo , mas com todo meu tesão pronto pra você, com um carinho e outro que inventei e só cabe no seu corpo, um doce pra sua boca, um beijo na nuca como nunca te deram...
Um minuto a mais e volto à realidade.
Vou bater na porta e falar qualquer coisa, quem sabe ela me convida a entrar. Não quero parecer atrevido, mas tenho que ser, agora é a hora de chamá-la e sem mais abraçá-la, sem esperar que abra a boca beijar forte, correr minha boca pelo seu pescoço, lambê-la forte, delicado, pegar toda sua carne e fazê-la ferver em minhas mãos, tocar bem fundo onde nunca pensou ser tão gostoso, excitar tão forte, como nunca sentiu nem nos melhores sonhos de sua vida.
Tenho que resolver, estou há tempos frente esta porta e nada, ela não vai sair e eu não tenho coragem de entrar, que faço?
Volto ao meu flat pego o telefone e peço um proseco e alguns morangos. Logo o garçom entrega um balde de gelo e uma porção de morangos enormes, aquele vermelho parecia me excitar mais, era como se pegasse pedaços bem íntimos dela.
Tem que ser agora, me enchendo de coragem, bato a porta e a convido para uma taça de proseco, um morango e quem sabe um pouco de conversa... Ensaio pronto. Lá vou eu...
Logo que levo a mão para bater, a porta se abre...
De pronto aparecem àqueles olhos enormes e brilhantes, ela em seu robe transparente parada ali contra a luz e eu?
Parou tudo, o pensamento, o mundo, o pensamento parado, fiquei ali olhando boquiaberto aquela mulher e ainda por cima seminua.
De repente um estalo, e falei, voltou minha fala, não sei como: -Oi, notei desde que chegamos neste flat estamos os dois sozinhos, que tal uma taça, um morango e um pouco de papo, só para passar o tempo?
Sem pensar e ao menos piscar respondeu:
-Aceito, com algumas condições, topa?
-Não sei quais, mas vamos lá!
-Podemos ir ao proseco, e um pouco de conversa sabor morango, mas só depois de fazer amor... que tal?
E lá fui eu...
A porta se abriu para um mundo louco, novo e inacreditável, ela me cantou e me deu uma lição.
Medo pra que? Vai em frente, na pior das hipóteses vai ganhar um não, na maioria das vezes se for atrevido, um sim bem grandão....
Té mais.