A lua como mulher
A lua como mulher
O poeta que percebia sempre a chegada da lua, não tardou a descobrir os seus encantos femininos e foi se aproximando e, bem de mansinho, como sempre diz, não devemos abordar as mulheres abruptamente, podemos feri-las ou causar-lhes um mal qualquer. As mulheres, como as rosas, são por demais sensíveis, apenas flores!
A acácia estava florida, acho que havia uma certa cumplicidade e, como o poeta estava sempre ali, floria sempre; ainda não pude precisar porque se enfeitava tanto. Mas a lua nunca tardava era sempre pontual como uma mulher apaixonada; tinha seu compromisso com o homem e não poderia deixá-lo sem luz
As mulheres iluminam os homens, disse sempre o poeta com a sua paciência de leitor investigador, não deixa passar um só instante, uma só virgula, assim como as mulheres, não deixam passar nada, nem mesmo o tempo, porque não envelhecem.
A lua também é sempre a mesma não importa a fase, é lua. Majestosa como qualquer mulher veste-se muito bem com o decote da minguante ou com o rodado da cheia ou quem sabe o tailler da nova, isso, pra não falar no godê da crescente.
Ah! ... lua ... Ah! ... mulher! ... São teus encantos que fascinam os poetas, que embelezam a vida e faz tudo acontecer. São tuas magias, teus sentidos que alteram até o mar, os homens, os bichos e lunatizam todas as esperanças que se concretizam e o poeta diz, isso é coisa de lunático.
Como todo poeta é louco, portanto, amar a mulher e a lua é normal; só não é para os normais que têm dificuldades com as mulheres e com a lua, preocupando-se apenas em ser um sol.
Isso eu vi, o poeta beijar a lua, foi emocionante, ele não parava e ela de minguante ficou cheia e os dois se abraçaram e rolaram pelo infinito; por isso o poeta canta aos quatro ventos o seu amor pela lua sem medo de ser feliz.
A lua deve ter gostado muito, pois está sempre se mostrando pra ele, iluminando sempre o vale e sua acácia preferida e ele que tem o dom da poesia fala sempre desse amor intenso:
Ainda que velho fique
Terei sempre na lembrança
Meus momentos de criança
E de toda a felicidade
Que a vida me pode dar
De comtempla-la com bondade
E sabe-la, ser-lhe de todo
O mais puro e sincero amigo
Respeitando todos os jeitos
Com que vens se mostrar
Quando apareces no céu
Não me importa o quarto
Se minguante ou crescente
Só me importo que és a lua
Que amarei eternamente.
JPonto