O bambuzal
O bambuzal
Dezoito horas de uma tarde de sábado.Papai toma seu café.Creusa,Leandro e eu já terminamos e ficamos lhe fazendo companhia.Ele tinha ido almoçar com seu irmão mais velho, Luís,que comemorava 85 anos,em Lagoa da Prata( junto com Creusa e Vic) e visto fotografias.Entre elas,a do bambuzal.E foi a primeira vez que ouvi a história,que agora contarei.As lacunas da minha memória serão preenchidas pela ficção.Privilégio de escritor!
Era uma fazenda com uma casa grande e um bambuzal maior ainda,ao seu lado: cinco vezes sua altura e cinco vezes sua largura!
Num dia de verão,um temporal castiga os bambus,fazendo com que se deitem ao nível do chão.O estrondo foi enorme!E lá estava o bambuzal virado de lado,com a raizama em vertical.E no lugar das raízes ,uma enorme cratera.
Passados a chuva e o susto,vamos às providências.
Vô Alexandre mandou cortar os bambus e doá-los a quem quisesse: 150 carros-de-boi foram necessários para transportá-los.
Eram três os meninos:Luís,Joaquim e José Antônio.E logo descobriram a cratera e dela fizeram seu lugar predileto para brincadeiras.Nas tardes muito quentes,ficavam à sombra da raizama para fugir do calor.
-Vamos buscar arroz pra dar pros passarinhos?
- Vamos!
E os três irmãos saíram do esconderijo e correram até a casa de um primo.
De repente,um estrondo!E maior que o outro,ainda não esquecido.
Vó Velica correu assustada:
- Nossa Senhora,onde estão os meninos?
E `a beira da cratera,agora tampada de novo pela raizama ressequida,que voltara ao seu lugar, ela gritava pelos filhos:
_ Luís!Joaquim! José Antônio!
Foi aliviada que viu os três garotos correndo,esbaforidos,para verem a causa de tanta gritaria.
E até hoje,oitenta anos depois,quando contam essa história,sempre um perto do outro,para que tudo seja confirmado,eles se sentem abençoados e protegidos pelo fiel anjo da guarda,que os tirou de dentro da cratera,naquela tarde de verão.
Maria Neusa Guadalupe em 31 de junho de 2000