Tempos bélicos de paz
Helias nasceu no campo em meio a pobreza, sendo filho único, orfão de pai e sem nenhuma condição financeira. Desde cedo foi ousado, não tinha medo de arriscar. Na sua opinião não tinha nada a perder.
Tempos de batalha
Ainda jovem, fugiu para cidade grande e de mendigo passou a ser comerciante. Enquanto a maioria desistia, Helias persistia, lutava e vibrava. Ora derrotado, ora vencendor!
Sabendo que sua oportunidade era única e se adaptando a qualquer circunstância, por indicação de um importante comerciante, Helias conseguiu uma chance de trabalhar em uma empresa de ponta. Naquele lugar, exclusivamente voltado para os fortes, as inovações e demissões eram constantes.
Helias como sempre, começou de baixo e com o tempo foi subindo de cargo. Sendo um guerreiro no seu local de trabalho, sabia que naquele campo de batalha, apenas os mais aptos sobreviviam e dentro daquele darwinismo empresarial, Helias sobreviveu a todos os obstáculos e finalmente conseguiu uma situação financeira confortável.
Foram mais de quarentas anos de cobranças, suor, lágrimas e incertezas. Debilitado e com sua saúde abalada, Helias pediu dispensa do front.
Helias desde sua aposentadoria, soube que a paz existia e agora com todo o tempo do mundo, acabou entrando em um profundo estado de meditação. Conseqüentemente, tudo parecia ilógico, uma sensação terrível e inexplicável veio à tona e dominou Helias.
O guerreiro em sua solidão, sem familiares, sem parentes no qual dedicou sua vida inteira a sua profissão, lançou-se contra si. Dias depois desaparecera sem deixar vestígios.
Anos depois um amigo que trabalhava com Helias desde o começo naquela empresa, estranhamente o encontrou todo sujo, vestindo farraspos e com uma barba de cor ferrugem que quase chegava aos joelhos.
Comovido, o seu amigo perguntou o que tinha acontecido de tão grave com aquele bravo homem. Helias resmugando, em um tom delirante, respondeu que nasceu para a guerrear e não para filosofar.