Refúgio dos filosofos

No alto de sua torre, o filósofo observava o mundo ao seu redor. Em sua vasta e preciosa biblioteca, ele ficava a maior parte do tempo, refletindo, lendo e escrevendo.

Enquanto isso, a miséria, a corrupção e a guerra assolavam todo o reino.

Aquele homem, que um dia lutou expondo suas idéias e usando sua pena como arma, acabou se distanciando da população.

Com o tempo, aquele pensador foi perdendo contato com o mundo exterior e suas reflexões foram ficando vazias e desprovidas de qualquer significado.

Não demorou muito para que o filósofo fosse ignorado e completamente esquecido. Foi então que em um ato de desespero, ele resolveu descer da torre para que pudesse aprender novamente com o seu povo. Sua história foi reescrita com suor e sangue.

Mas enquanto aos outros intelectuais que não abandonam o seu refúgio?

Dentro de suas torres, muitos pensadores, em todas as épocas, se envolveram apenas com questionamentos desvinculados das preocupações práticas do cotidiano, ficando distante da sociedade, valorizando apenas o seu elitismo acadêmico.

Sartre, escritor e filósofo francês, foi avesso a esse estilo. Servindo de exemplo para os escritores de seu tempo, dizia para que eles escapassem dos seus gabinetes, arquivos e bibliotecas e, seguindo a tradição francesa de Voltaire, de Victor Hugo e de Émile Zola, se engajassem nas coisas do seu tempo. Que todos participassem ombro a ombro com os homens comuns das tragédias, dos dramas e das felicidades da sua época.

Já Nietzsche, filósofo alemão, dizia que todo homem seleto procura instintivamente seu castelo e retiro, onde estaria a salvo do grande número, da maioria da multidão.Porém para que essa pessoa fosse um homem do conhecimento, seria necessário viver com a massa. Essa parte segundo ele é a mais desagradável, mais malcheirosa e mais rica em decepções.

O filósofo que saiu do isolamento de sua torre, seria o homem do conhecimento que ambos retratam, esse, foi à luta, aprendeu com a vida, sofreu para defender suas verdades, servindo como referência para uma geração futura.