MINHA ESCOLA
Cristiane era uma moça atraente ,bastante simpática e também muito religiosa, frequentava a igreja, próxima de sua casa, em um bairro de classe média de uma cidade, capital de um Estado nordestino. Terminara o curso de pedagogia. Gostava do magistério, embora não fosse a vontade da sua família que preferia uma profissão mais valorizada onde poderia ter contato com gente de nível social mais elevado. Cristiane não pensava assim. Ensinar, para ela, era um sacerdócio. A possibilidade de servir ao próximo e a Deus transmitindo o saber , era uma questão que ia ao encontro do seu idealismo.
Até então, dava aulas em uma escolinha infantil, e não era exatamente isso que ela pretendia. Dado o fato do empenho em adquirir conhecimentos que pudesse ser aplicados em outras situações. O ensino médio ou até o fundamental, naquela altura, seria mais oportuno, e poderia chegar à professora universitária. Suas intenções pedagógicas iam além do que ela estava realizando naquele momento. E em uma certa ocasião, após a missa, o padre comunicou a Cristiane que em um lugarejo bem distante dali, no interior do estado, início do sertão , havia uma escola sem professor. Tratava-se de uma missão, lecionar em um lugar daquele, ressaltou o padre. E sorrindo, lembrou a Cristiane o que o seu nome significava:" Ungida pela senhor".Cristiane também rindo, demonstrando claramente que ela estava preparada para aquela nobre missão. E organizaram-se para cumprir aquela tarefa considerada difícil, principalmente pela família de Cristiane, que inicialmente se opôs, depois concordou.
E chegou o dia de Cristiane, movida pelo sentimento de amor ao próximo e compromisso com a educação brasileira, deixar a cidade grande e suas relações familiares, de amizades, e partir, junto com o padre até o seu novo local de trabalho. Foram horas de uma viagem cansativa para chegar àquela vila que parecia esquecida por aqueles que foram incumbidos de cuidar das pessoas humildes. A vila era conhecida pelo seu artesanato e também pela sua agricultura. Os moradores, gente muito simples e com as suas dificuldades, comum a um lugar daquele, ou eram artesãos ou eram agricultores. O ,padre, ainda dentro do automóvel, mostrou a Cristiane uma pequena casa que parecia abandonada, mas que estava servindo de pensão, e lá ela iria hospedar-se. E mais a frente, uns cem metro adiante , estava a escola. Um prédio pintado de amarelo mas estava meio sujo. .O padre olhando para Cristiane com um semblante terno, disse:
---- É sua escola!
----- Minha escola! – Cristiane cheia de vontade, com uma força divina orientando a sua alma. Estava feliz.
O primeiro dia de aula foi uma amostra de como seria a vida ali. Os alunos , uns pequenos demais, outros grandalhões. Não havia uma faixa etária definida. Cristiane passou simpatia para a sua nova turma. Cristiane escreveu no quadro -negro a giz, o seu nome. Logo depois perguntou um a um o nome de seus alunos. Depois da algazarra, Cristiane ensaiava algumas palavras, pedindo que fosse repetidas. O resultado não foi dos melhores. Mas ela não ficou decepcionada. Sabia como funciona a educação no Brasil. Principalmente, em uma situação daquela. Cristiane passou cerca de um ano , educando, ensinando de forma eclética. Tudo era necessário para aquela gente.
Na partida, sentiu-se triste, como se estivesse abandonando aqueles seres indefesos. E ao mesmo tempo vinha uma alegria. A alegria do dever cumprido. Cristiane , dentro do automóvel, olhava para trás. Agradecendo a Deus pela oportunidade de ter feito o que lhe foi dado .Cumpriu sua missão. A primeira , entre tantas outras , que certamente, irão aparecer em sua vida de educadora nordestina. Essa moça tinha fé .Acreditava em Deus e no seu idealismo!