Histórias Entrelaçadas "O Telefonema - 8° Parte"
"quando ao sonhar, de mim saí meu espírito, ao voltar traz teu perfume"
Em seu escritório não conseguia pensar em outra coisa, a não ser nela.
Foi até o cofre aonde quarda documentos sigilosos, pegou um pacote, trouxe até a escrivaninha, abriu, dentro três cadernos, passou a mão por sobre eles com carinho.
Separou um deles, começou a folhear, devagar. A cada página lida seu rosto mudava de expressão, ora sorria, ora ficava triste, chegou às lágrimas, folheou os três. Voltou de seus devaneios quando o telefone tocou, era Isabel, sua esposa, preocupada pois, já era tarde, só ai deu conta do adiantado da hora, deu uma desculpa qualquer e desligou o telefone. Foi embora para casa, a noite seria longa, não dormiria, não sabia o que fazer. Ela fora tão fria com ele.
No dia seguinte acordou cansado da noite mal dormida. Saiu logo de casa. Não foi diretamente para o escritório, antes andou um pouco pelas ruas próximas.
Ao chegar, sua secretária disse que a promotoria ligara pedindo retorno, assim que chegasse. Pediu a ela que fisesse contato, e foi para sua sala. O telefone tocou, era a secretária, avisando que a ligação estava pronta. Alo! Dr.Isidoro na linha, pois não! Do outro lado, responderam:
"Isidoro, tudo bem? Sentiu como se lhe faltasse a respiração. A voz continuou:"Preciso falar contigo, poderiámos almoçar juntos, que tal no Prado, às doze horas. Conhece?"
-Conheço, respondeu.
A voz disse:" Então, até lá" e desligou.
Por instantes permaneceu com o telefone no ouvido, antes de colocá-lo lentamente em seu lugar.
Ela nem esperou pela sua resposta. Como sabia se ele iria?
Ele iria?