O outro lado de Sameli Hilston
Primeira versão do conto ue depois foi totalmente modificado e para se tornar o romabe o outro lado de Sameli Mendes
Sameli Hilston era uma menina mimada e feliz, muito feliz. Única filha de Aron o e Selena Hilston, casal abastado e sem problemas de relacionamento. Aron venerava a esposa e amava a filha. Apesar de que já estavam casados há dezoito anos viviam ainda como em lua-de-mel. Na manhã que antecedeu o aniversário de 12 anos de Sameli Selena voltava para cidade da Chácara família antes deles, pois tinha que acertar os últimos detalhes do aniversário da menina. Na estrada um motorista de caminhão dormiu ao volante e a tirou da pista, fazendo-a cair e morrer em um desfiladeiro.
Já não bastasse a trágica morte da mãe, o fato de a mesma ter sofrido o acidente por ter saído sozinha para preparar sua festa de aniversário seu pai passou a evitá-la como que a culpando pelo ocorrido. Sameli nunca sentira uma dor como aquela dor da perda, da culpa e do desprezo aquilo era algo monstruoso para ela e quase a fez submergir, mas ela resolveu mandar embora todos aqueles monstros afinal estava viva e deveria viver bem e em paz consigo mesma. Uma atitude bem madura para uma garota mimada, mas as palavras de sua mãe em vida a inspiraram. Selena sempre dizia a filha, querida neste mundo a felicidade não é perene, sempre temos que estar prontas para cair e para nos reerguer, nunca podemos nos deixar caídos, Deus é conosco e isto nos basta sempre.
Mal se passaram quatro meses desde o falecimento de sua mãe e seu pai, na tentativa louca de aplacar seu sofrimento e desespero resolveu se casar com sua nova secretária Odina, uma mulher de nariz empinado que não fazia a menor questão de tratar bem sua nova enteada.
Sameli sentia-se totalmente sozinha, seu pai a rejeitando, a enteada a odiando, seus avós paternos já eram falecidos e os maternos moravam no sul do país de modo que ela tinha apenas duas opções na vida, ou se entregar a sólida, revolta e desespero e se tornar uma pessoa fraca e sem perspectivas para lutar e vencer, ou seguir os conselhos de sua mãe. Ela optou por ouvir sua mãe, optou pela vida e quis fazer seu melhor. Sempre foi a primeira aluna não só da classe como da escola, procurou fazer cursos extracurriculares, passou três anos estudando na França, procurou estar por dentro de todos os assuntos da atualidade, discutindo e dominando qualquer roda de discussão de adultos com classe, elegância e total domínio a deixar qualquer um pasmo. Além disto, Sameli era uma menina linda, cabelos castanhos, olhos verdes, pele sempre bronzeada de sol, corpo escultural, auto-estima sempre em alta, procurava estar sempre linda, perfumada, elegante e com um ótimo sorriso nos lábios. A herança que recebera da mãe era considerável e o pai não fazia a menor questão de mantê-la sob seu controle financeiro, apesar de que sua madrasta sempre pedia a ele que controlasse todo dinheiro dizendo que a menina ia acabar com tudo. Mas Sameli era totalmente antenada nos indicadores econômicos e financeiros e nos melhores negócios, aplicações etc.. Desde pequena divertia-se ouvindo assuntos financeiros e econômicos e se ela pegava um jornal esta era a seção que mais a fascina. Assim, ela dizia a seu pai o que fazer ele aprovava e fazia. Raras foram as vezes que ela errou ao fazer um investimento. Compensou a tristeza e saudade da mãe, a falta de amor e desprezo do pai e ódio da madrasta com um ganho de dinheiro, conhecimento e desenvolvimento. Sua garra e dedicação eram sem dúvida invejáveis. Seu pai sempre recebia inúmeros elogios por ter uma filha assim, mas os ignorava e dava as costas como se não falassem para ele. Todos estranhavam seu comportamento e alguém justificava então: - ficou assim desde a morte de Selena, ignora a existência da filha.
Ao completar dezoito anos decidiu abrir uma boutique de moda feminina em um ponto bem cotado da cidade. Sua loja foi de vento em popa, mas ela não contente criou a grufe “Selena Mendes”, seus modelos eram fortes, bonitos, cores vibrantes, detalhes precisos e despojados e a cada estação sua criação dividia-se em estilos que vestiam a alta sociedade e a modelos mais populares. A idéia era levar sua grife ao maior número de clientes. Todo estilo da grife revelava sua personalidade marcante, linda e dominante. Em pouco tempo começou exportá-la e alcançou reconhecimento internacional. Qualquer pessoa que vestisse Sameli Mendes sentia-se um vitorioso.
Com todo seu dinamismo não se contentou com as conquistas já alcançadas e começou fazer um curso de Economia onde conheceu Aron Cabral seu professor de faculdade com quem se casou aos 22 anos. Aron tinha 45 anos era um empresário bem sucedido, que na época estava viúvo há seis anos, pai de Driana e Junior de 10 e 12 anos e dava aulas a noite. As críticas por conta da diferença de idade foram inúmeras, mas o casal não se importou com elas, ao contrário conseguiram provar a todos que de fato o amor dos dois era maior que qualquer diferença de idade ou força contrária.
A jovem esposa, totalmente dedicada ao marido e enteados fazia tudo que podia para demonstrar seu carinho e amor. Pediu a Aron que deixasse as aulas e dedicasse tempo a seus filhos, explicando como sofrera com o descaso de seu pai. Em contrapartida, as crianças eram boas e a respeitavam como se de fato fosse mãe deles. Já Aron não só era um amigo, paizão, apoiador, esposo amoroso, romântico como era um amante incontestável. Em nada deixava a desejar por ser mais velho, ao contrário.
A família viveu plenamente feliz e realizada por onze anos, até que Aron sofrera um infarto que o levou ao óbito. Sameli ficou arrasada, sentiu-se perdida mais uma vez havia perdido seu porto seguro e, por semelhança do destino sua felicidade durara mais uma vez quase doze anos. Ela quis fraquejar, mas olhou para os enteados abalados, Driana com 20 e Eduardo com 22 anos e ergueu a cabeça mais uma vez. Ela não os rejeitaria como seu pai tinha feito com ela. Não ao contrário, iria amá-los e ampara-los enquanto tivesse vida e assim foi. Auxiliou Junior assumir a diretoria da empresa, apoiou a ida de Driana para a Alemanha onde concluiria os estudos e continuou dirigindo suas empresas com o mesmo carisma de sempre.
Os dias e meses se passavam, mas Sameli percebia que um sentimento estranho lhe tomava a todo tempo, Ela não o compreendia bem e relutava contra ele, aquilo lhe era totalmente estranho e perturbador.
Quando fez um ano da morte do marido ela caiu e quebrou o pé ao descer as escadas. Dalvina a empregada correu a chamar o jardineiro Álvares, que era um rapaz de 27 anos, com um físico forte e com a pele bronzeada. Ele estava trabalhando com eles havia três anos e sempre foi muito respeitador e tímido. Quando Alvares entrou com macacão de jardineiro, boné na cabeça, suado e com as mãos sujas de terra ficou sem graça tirou o boné como lhe era peculiar. Mesmo assim ao vê-la gemendo de dor e Dalvina aos gritos a tomou nos braços olhando-a nos olhos por mero acaso para ele, apenas para confirmar se ela estava bem acomodada.
A levou para o quarto e cuidadosamente a colocou na cama e ainda inclinado perguntou se ela estava melhor. Mais uma vez ele a olhou profundamente nos olhos e ela viu nele algo que fez até com que sua dor passasse. Sentindo seu suor ela não o repugnou, ao contrário como os animais, aquele cheiro de homem era como um afrodisíaco e ela não compreendia, nem tampouco conseguiu conter. Foi inevitável que Alvares percebesse, mas ela desviou o olhar nem sabe de onde tirou força para fazer isto, pois um instinto selvagem tinha surgido nela naquele momento. Felizmente Dalvina entrou no quarto dizendo que o Dr. Torres estava vindo, mas que provavelmente ele precisaria radiografá-la. Alvares já estava saindo do quarto totalmente confuso quando ela pede que ele tomasse um banho pois teria que levá-la ao consultório assim já faria o RX, simultaneamente pediu a Dalvina que cancelasse a vinda do Dr. Torres e em seguida lhe trouxesse gelo.
Nem dez minutos se passaram e Alvares estava no quarto de banho tomado, com seu perfume barato. Seus cabelos encaracolados penteados para traz de forma que ela pode observar cada contorno de seu rosto, que era másculo e belo. Ele tinha grandes olhos negros, cílios grandes, sobrancelhas grandes e bem torneadas. Seus lábios eram grossos, carnudos. Seu queixo tinha um furinho. Ele vestia uma camisa com as mangas curtas e dobradas o que permitia que ela visse seus ombros largos, braços fortes cheio de veias. Ela amava aquilo. Por um momento lembrou-se de Aron que também era assim, um homem forte e com grandes veias nos braços. Sentiu uma tristeza imensa e uma dor pela falta do esposo, mas assim que Alvares passou os braços atrás de sua cintura e inclinou-se para levá-la para o carro a sensação de desejo voltou a tomar conta dela. Totalmente confusa com seus sentimentos foi de casa ao consultório se recriminando, mas assim que chegou lá e mais uma vez foi tomada no colo para ser colocada na cadeira de rodas voltou a sentir tudo novamente. O Dr Torres já os aguardava na porta do consultório e prontamente os atendeu, digo os atendeu, pois ela pediu que Alvares entrasse com ela. Após o rx foi feito um gesso e mais uma vez ela foi carregada para o carro. O Dr. Torres era médico da família há muito tempo, mas nunca tinha visto Alvares sem uniforme, assim pensou que ele fosse motorista da família e então comentou: - que boa hora você arranjou um motorista. Ao que ela respondeu imediatamente: - verdade. E daquele dia em diante nunca mais ele voltou a ser o jardineiro da mansão e sim o motorista. Ou melhor, muito além disto...
Teresa Azevedo