Histórias Entrelaçadas "Destino - 7° Parte"
“ele era apenas um poeta
sua riqueza eram seus poemas
para conquistá-la só tinha versos
suas sílabas eram como moedas d'ouro
com tão pouco para ela, tanto para ele
como conquistar o amor dessa mulher?”
A visa seguiu seu rumo. Isidoro casou, teve filhos, construiu sua vida e sua família.
O tempo passou. A vida evoluiu. Chegou a internet, o mundo ficou pequeno.
Isidoro agora era o Dr. Isidoro, advogado, especializado em direito criminal.
Estava com um caso difícil nas mãos, seu cliente, nome constante nas colunas sociais, fora preso em fragrante por posse ilegal de drogas e por sedução de menor. Reincidente, conseguira livrá-lo em outras ocasiões, um canalha, não valia nada, mas tinha nome e dinheiro, sua função era defendê-lo.
A promotoria negara todos os recursos, o caso agora iria a juri.
Conhecia todos os promotores assistentes, mas não a recém chegada, veio de outro estado, com fama de inflexível e incorrupta.
No dia do julgamento chegou ao tribunal, cumprimentou a todos, especialmente aos promotores, estranhou por conhecer a todos que lá estavam, não viu ninguem novo.
Sentou-se em sua mesa, ao lado de seu cliente. Quando o juiz entrou, levantaram-se todos, ao sentar todos sentaram.
O Juiz virando para o advogado, perguntou: Senhores advogados, tudo bem?
-Sim, Meretíssimo, tudo bem, com a graça de Deus.
-Senhores Promotores, tudo bem?
-Sim, Meritíssimo, tudo bem, respondeu a promotora novata, recém chegada, sem que percebessem.
O Dr. Isidoro, ao ouvir aquela voz, perdeu a noção de aonde estava, sua alma e sua mente, viajaram para longe dali, de volta no tempo e espaço.
-Dr. Isidoro! Dr.Isidoro!
-Pois não Excelência?
-Tudo bem? Algum problema, podemos continuar?
-Sim Excelência, podemos continuar.
Queria desviar o olhar, queria vê-la, mas não conseguia.
Primeira parte: acusação, a promotoria, representando o estado e o cidadão, expunha os fatos, a novata, dando vasão a toda sua verve, atraia para si toda atenção. Ele sabia que ela estava em pé a sua frente, de cabeça baixa acompanhava sua voz consistente, límpida, levantou o olhar, seus olhos por instantes se encontraram. Por um instante apenas, viram-se como crianças.
Isidoro, voltou a ser o Dr. Isidoro, tinha que mostrar a ela que o menino que conheceu, venceu e venceria aquela batalha também.
Quando tomou a palavra, sentiu que não falava a mais ninguém ali dentro, só a ela, diretamente a ela, nas réplicas e tréplicas, ela pedia licença ao Juiz, estavam digladiando, quando o juiz, chamou a ambos.
Aproximaram-se e ouviram: “Doutores, vamos nos ater aos autos, se os senhores tem alguma pendência particular, sugiro que resolvam, mas não aqui. Estou suspendendo a audiência por trinta e seis horas”.
Aos dois só restava acatar e obedecer.
Voltaram a seus lugares, esperaram o juiz anunciar a suspensão. Levantaram quando ele saiu. Juntaram suas coisas e foram embora sem se olharem.