Histórias Entrelaçadas " 6° Parte"
"menininha dos olhinhos rasgados
cabelinhos lisos castanhos
vejo você passando pela rua
fico vendo teu caminhar,
cabeça baixa sem me olhar
acompanho até a rua terminar
quando vira a esquina
volto a sonhar a esperar outro dia
para de novo ver você passar."
Isidoro escreveu muito nos dias em que ficou sem Poesia, nunca teve a chance de entregar a ela os cadernos.
O pai de Poesia, conseguiu que fosse estudar em colégio muito bom, graças a uma bolsa de estudos, só que o colégio era interno e em um outro estado, dele só sairia formada.
Isidoro e Poesia, não se veriam, por muito tempo.
Continuou a viver sem nunca dela esquecer.
Formou-se, começou a trabalhar. Mudou com a família para um bairro bem distante, seu pai arrumou um emprego melhor. Raras eram as vezes em que voltava para visitar os amigos e passar em frente a casa da família de Poesia, como quem não quer nada e saber dela.
Sua vida era trabalhar e estudar, quase não saia para divertir-se. À algum tempo seu irmão casara e fora morar no interior.
Estava prestando vestibular, quando seu pai, de repente faleceu. Agora eram só ele e a mãe.
No trabalho, fez amizade com uma menina muito simpática, de nome Isabel, tornou-se sua companheira do dia a dia. Não demorou para começarem um namoro.
Sua mãe não andava bem de saúde com a morte do pai, piorou. Teve que parar de estudar.
Isabel tornou-se sua companheira de todas as horas, namoravam a quase um ano, sua mãe gostava muito dela. Os pais dela pressionavam para que ficassem noivos, Isidoro dava toda sorte de desculpas, protelando ao máximo, gostava de Isabel, mas seu coração já tinha dona, não conseguiria amar mais ninguém.
Nunca mais dela ouviu falar, nunca mais também escreveu uma linha sequer.
Um dia, ao chegar em casa, chama pela mãe, não há resposta, encontra-a na cozinha, sentada, debruçada sobre a mesa. Tenta acordá-la, para que vá para a cama, chama por ela, quando coloca a mão em sua cabeça, percebe que está só. Abraça e beija sua mãe, companheira e amiga por tantos anos. Permanece ali a seu lado, um longo tempo, corpo ainda quente, com todo o carinho, como se fosse seu bebe, a pega no colo, leva até o quarto, com todo cuidado, como se dormindo estivesse, coloca na cama, arruma as cobertas sobre ela, suas roupas e seu cabelo, beija-a na testa. Faz uma prece, o Pai Nosso, que ela tanto o fez orar, sai para avisar aos parentes.
Os pais de Poesia, compareceram ao enterro, informaram que ela voltara, mas devido a compromissos, não pudera vir, mas mandara seus sentimentos.
No dia seguinte, foi a casa dela. Quando abria porta de seu carro, a viu, sorridente, linda, abraçada e beijando um rapaz. Ficou um tempo vendo a cena, imaginando-se no lugar dele. Seu amor seria sempre dela, baixinho, só para si, disse " Adeus amor, seja feliz".
Após um mês, decide mudar para um pequeno apartamento, voltar a estudar e casar com Isabel. Isidoro mudara, do menino nada mais restava, homem feito seu único objetivo agora era crescer na vida, ser alguém, ganhar muito dinheiro.