Caridade e Amor.

Um dia alguém chegou a mim e contou-me que queria muito ter um filho. Não se conformava por tentar durante tantos anos e não ter conseguido.

Havia tristeza na sua voz e uma vontade sincera de ser mãe.

Segurei sua mão sem que ela visse e olhei em seus olhos. Lá dentro sua linda alma me falou: “Quero este filho porque assim me foi prometido”.

Aqui fora minha amiga me falava de tantos exames e tratamentos que havia feito sem sucessos.

Calei-me por um instante. Olhava ainda sua alma enquanto ela falava demonstrando seu inconformismo por não poder ser mãe.

Quando falei, disse apenas que tivesse fé e orasse.

Eu sabia que alguém iria lhe trazer este filho por um caminho tão diferente do que nós poderíamos imaginar. Não sei o porque senti isso, mas estava tão real em minha mente que não duvidei de que fosse verdade. Calei-me. Não queria causar ansiedade em minha amiga e também não senti que deveria falar-lhe nada.

Um dia ela veio a mim novamente e me disse cheia de felicidade: “Adotamos uma criança. Ela é linda e eu a amo como se tivesse nascida de mim. Havia felicidade e sinceridade em suas palavras.

Eu também fiquei feliz, apenas senti que esta historia não acabaria ali com aquela adoção. Sentia que faltava algo. Guardei silêncio mais uma vez.

No mês seguinte ela novamente me procurou e estava ainda mais feliz que antes. Era tanta felicidade que ela quase não conseguia falar. Transbordando de alegria ela me contou que estava grávida.

Fiquei também muito feliz com aquela revelação.

Depois que ela se despediu fui meditar e então entendi algo sobre todo aquele mistério. A criança adotada trazia com ela um irmão. Para ele nascer teria que ter uma casa e os dois serem verdadeiramente amados. Uma vez adotada e amada tornou-se viável a vinda do irmão que encontrou o colo onde deveria ser gerado para então ficar ao lado da irmã.

Minha amiga estava feliz e foi viver sua gravidez. Meses depois o filho veio e agora formam uma linda família.

Depois de muitos anos eu os vi em fotos. São mais lindos do que imaginava.

Olhei para minha amiga e lhe dei um abraço cheio de carinho. Cochichei em seus ouvidos algo que só as almas irmãs entenderiam, mas você que ler agora pode entender se eu disser: “Tenha sempre fé no que desejas com sinceridade e que teu amor seja repleto de bondade. Esteja sempre pronto para estender sua mão e realizar a caridade a quem realmente precisa”.

Porém o que eu disse a ela, somente nós sabemos o grande significado.

Paz Profunda.

Em Março de 2006