COMUM..............
Era um dia comum. De um mês comum, em uma cidade comum. Nesse dia uma chuva comum e normal se precipita sobre uma comum cidade cujos comuns habitantes não mais suportavam o sol escaldante e os dias de intensa seca.
Nesse dia comum tudo parece normal e longe de surpresas. Tudo estava sobre o mais calculado controle, tudo exato, tudo certo, nada fora do lugar.
Então uma pessoa comum sai de seu local de trabalho e se direciona para um ambiente nada comum. Atenta para não ser seguida ela caminha apressada, meio que alheia aos transeuntes ao seu redor. Ela vai! Apressada! Certeira! Ela simplesmente vai!
Seus passos a conduzem para um espaço estranho, escuro, com cheiro de mofo, aquele cheiro que arde o nariz e nos faz espirrar. Mas ela está acostumada àquele ambiente e nem mais se dá conta do fétido odor que ali se exala quando se abre a pesada porta que separa aquela escuridão do mundo aqui de fora.
Lá dentro nada se pode ouvir a não ser um silêncio cortante e intenso.
A escuridão contrasta com o claro tão comum na cidade. Mas a menina não se deixa assustar...Afinal ela está acostumada....Qualquer pessoa comum sairia dali correndo, não suportaria permanecer nem um minuto num ambiente como aquele. Mas aquela menina não....não ela se sentia em casa. Ela estava ali e encarava a escuridão...ela estava ali e exala o fétido odor....ela estava ali e se deixava escorregar pela parede até sentar-se no chão úmido.....ela estava ali....simplesmente estava ali....era seu espaço...era seu lugar....era seu chão...era seu solo...enfim era seu esconderijo....e ali a rude menina tirava a sua carapuça....sim ali a pequena menina descia do salto e se mostrava em sua pequenez.....ali ela permitia seu coração ser de novo vivo....ali ela sonhava com carícias e ternos beijos do seu cavaleiro especial....ali ela se permitia oferecer flores ao amor que um dia viria visitá-la....ali ela se dava o luxo de tirar as máscaras....ali ela encarava a sua real face....ali ela se sentava com ela mesma e sorvia tranqüila o chá dos sonhos alimentados na escuridão das noites.....ali ela repetia pra sim mesma que embora buscasse alguns corpos ansiava por corações.....ali ela admitia que embora fugisse buscava o encanto, a paz, o amor....ali ela não precisava uniforme ou maquiagem....ali ela não precisava de luz artificial...ali ela podia curtir a escuridão da noite...ali ela podia andar descalça....ali ela podia correr nua e sentir a chuva a lhe banhar o corpo....ali a menina podia viver....e ela precisava estar ali....naquele seu lugar....apenas assim ela poderia voltar ao comum da vida comum, da cidade comum, do trabalho comum....enfim só assim ela poderia voltar ao comum do seu comum....................