Carnaval, Samba, Suor e Alegria.
Dona Laura estava irritada, andava pra lá e pra cá na sala de seu apartamento, no décimo primeiro andar, falava alto. Entre muitos palavrões, parou enfrente a seu marido, gritando:-" Você não vai fazer nada? Nós não moramos numa favela, vamos ter que suportar este bando de desocupados batucando até quando? Quero assistir a televisão e não posso ouvir nada, quero que vá lá embaixo e resolva."
Mais para ficar longe de sua esposa, que qualquer outra coisa, pois sabia que irritada, se achando com razão, nada a faria parar de falar, respondeu:
-Esta bem amor, vou lá embaixo ver o que posso fazer. Disse e saiu.
O batuque continuou, a impressão era que ficava mais forte.
D.Laura irritava-se cada vez mais. Já telefonara para vários condôminos, muitos ficaram de tomar uma providência, outros nem ligaram, alguns falaram para que ligasse a policia, coisa que já tinha feito, mas disseram que não estavam infringindo a lei, no horário em que estavam tocando era permitido.
Ela não se conformava. E o catso do Paulo, seu marido, mole como ele só, não deve ter tido coragem de fazer nada por que o batuque só aumentava.
Foi ao quarto de seu filho, abriu aporta, ele na internet, fones no ouvido, só percebeu a mãe ao lado, quando ela tirou os fones.
-A mãe, qual é? Se num ta vendo que eu to num chat.
-Se você está com chato, vá tomar banho, eu não quero saber, o que quero é que vá lá embaixo ver o que aconteceu com seu pai.
-Ah! Mãe manda a Vera, pô, ela nunca faz nada.
-Vai logo menino, se não desligo esta droga de computador.
-Ta bom! Já estou indo.
Passa um tempo, seu marido não voltou nem seu filho e o batuque, só aumentando.
Bom, só restava Vera.
-Filha, filhinha querida! Abre a porta!
-Que foi mãe! Disse Vera, abrindo a porta.
-Filha como é que consegue estudar com um barulho destes?
-Que barulho, mãe? O samba esta tão bom que até gosto.
-Pois eu não. Vai lá embaixo ver o que aconteceu com seu pai e seu irmão, agora.
-Legal! Eu estava pensando mesmo em descer um pouco.
Vera desceu. E nada aconteceu, a não ser o batuque aumentar de novo.
Não teve remédio, D.Laura teve que descer também. Com ela a conversa seria diferente.
Quando chegou, no pátio do condomínio, quase teve um enfarte.
Seu marido e seu filho estavam tocando tamborim e pandeiro e sua filha sambando, como se fosse passista de escola de samba.
O tempo passou, seu Paulo é mestre de bateria, seu filho toca tamborim, sua filha é rainha da bateria, e Dona Laura?
Dona Laura é a Presidente da escola de samba “Unidos do Condomínio”.
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