Águas
Olhou para fora e e ainda nada viu, no sem limite. Os mistérios da noite haviam desaparecido com a chegada do sol, que teimou o dia inteiro em estar.
Da pia da cozinha dava para ver o rio lá fora. Água, águas... Dentro, fora.
A música corria o espaço, mesclando sons de clarins e tubas, ora em alegre andamento, ora em triste e lamentoso movimento, o que tornava o nada ainda mais profundo.
O dono do carro se espraiava diante da direção inerte. Alto, a música soava. Os verdes, todos, eram simplesmente verdes e, acrescentar qualquer outro tom àquela vida pálida resultaria, com certeza, em mais uma ilusão. Nulo esforço!
As tubas e aos clarins adivinhavam sons, transitavam pelo ar feito moscas, que zumbem no calor pachorrento do dia qualquer. Nem a voz do tenor italiano, mesmo a palavra felicitá, foram capazes de arrancar qualquer vibração de seu corpo franzino. Nem o piano rendado, enredado na pressa de dizer...
O céu continuava alto e, agora, teimosamente escuro, prometendo trovões e raios por todos os lados. Mais águas... Restava pouco para ela se agarrar aos travesseiros e tombar de medo na escuridão do quarto fechado às pressas.
Olhou os dedos enrugados. Que tantos outros pedaços seus, também enrugados pelas águas, poderia contar? Parou em algum ponto desconhecido, de onde não conseguia se largar para reiniciar a partida.
Um pardal tangeu o ar de cima para baixo e se foi no mesmo ritmo. Mundo pequeno para quem tem asas. Também o dela, que pingava daqui para ali mesmo, no meio de um e outro dia que não passavam nunca.
Já fazia parte de suas pupilas, as treliças e as telhas. O coração, laranja, repousava em lembraças de noites antigas.
Todos os dias, o espelho computava os mesmos aromas, as mesmas fibras, os mesmos cortes. Não era o tempo, eram as águas, as águas, as águas, que fincavam marcas profundas ao largo de seu semblante.
Olhou para fora e e ainda nada viu, no sem limite. Os mistérios da noite haviam desaparecido com a chegada do sol, que teimou o dia inteiro em estar.
Da pia da cozinha dava para ver o rio lá fora. Água, águas... Dentro, fora.
A música corria o espaço, mesclando sons de clarins e tubas, ora em alegre andamento, ora em triste e lamentoso movimento, o que tornava o nada ainda mais profundo.
O dono do carro se espraiava diante da direção inerte. Alto, a música soava. Os verdes, todos, eram simplesmente verdes e, acrescentar qualquer outro tom àquela vida pálida resultaria, com certeza, em mais uma ilusão. Nulo esforço!
As tubas e aos clarins adivinhavam sons, transitavam pelo ar feito moscas, que zumbem no calor pachorrento do dia qualquer. Nem a voz do tenor italiano, mesmo a palavra felicitá, foram capazes de arrancar qualquer vibração de seu corpo franzino. Nem o piano rendado, enredado na pressa de dizer...
O céu continuava alto e, agora, teimosamente escuro, prometendo trovões e raios por todos os lados. Mais águas... Restava pouco para ela se agarrar aos travesseiros e tombar de medo na escuridão do quarto fechado às pressas.
Olhou os dedos enrugados. Que tantos outros pedaços seus, também enrugados pelas águas, poderia contar? Parou em algum ponto desconhecido, de onde não conseguia se largar para reiniciar a partida.
Um pardal tangeu o ar de cima para baixo e se foi no mesmo ritmo. Mundo pequeno para quem tem asas. Também o dela, que pingava daqui para ali mesmo, no meio de um e outro dia que não passavam nunca.
Já fazia parte de suas pupilas, as treliças e as telhas. O coração, laranja, repousava em lembraças de noites antigas.
Todos os dias, o espelho computava os mesmos aromas, as mesmas fibras, os mesmos cortes. Não era o tempo, eram as águas, as águas, as águas, que fincavam marcas profundas ao largo de seu semblante.