Cara de pau!...
Enquanto escovava os cabelos ela pensava...Meu Deus me dá uma luz...Não...Me dá um holofote bem grandão para que eu veja um caminho para sair dessa... Hoje tinha sido demais, ele aos beijos e abraços com a prima e por debaixo da mesa tentando passar aquele pé enorme com aquela meia áspera, em suas pernas...Que cara de pau... Não contente, lá pelas tantas ainda tirou-a para dançar... Diante de sua negativa, a prima falou...Vai dançar, eu estou cansada, e rindo, arrematou...Eu confio em você...ahahah risada geral na mesa... E, lá foi ela, para mais uma luta de vale tudo, ele tentando agarrá-la e ela discursando sobre a imoralidade da atitude dele. Já não havia o que fazer para pará-lo, a única coisa que não tinha feito era contar para a prima...Mas como fazer isso se ela dizia que o amava demais e ele foi o único homem que a havia completado em tudo...
A semana passou, ela pensou muito e quando sexta feira chegou, ela disse para si mesma... É hoje, que essa graça acaba, doa a quem doer...
Chegou do trabalho, descansou um pouco, se arrumou e ao olhar - se no espelho se sentiu linda - era assim que ela queria estar... Muito bonita - pegou sua bolsa e foi encontrar-se com o grupo de amigos.
Quando chegou alguns amigos já estavam e entre conversas, risadas e casos contados, os dois chegaram e ele como sempre arranjou um jeito de sentar em frente a ela. A conversa corria animada, muitos risos e todos muito felizes... Então voltou a acontecer...Ela sentiu a meia áspera em suas pernas, aguentou firme...Ele se sentiu encorajado e ajeitou-se melhor na cadeira e deu uma investida mais longa e firme...Ela não pensou duas vezes, arrancou a meia e aos gritos de "Socorro...Tem um bicho subindo na minha perna.Ai...Ai...” jogou-a no prato do sujeito dizendo, nunca mais faça isso, você não é o tipo de homem com quem eu teria nada. E, diante de um sujeito roxo de tão vermelho, de uma prima lívida e dos amigos atônitos... Pegou sua bolsa e foi embora...
(Maria Emilia Xavier)
(Caso verídico acontecido em um período muito antes de se falar em qualquer tipo de assédio).