AMANTE PROFISSIONAL
No Brasil podemos ver de tudo! Numa certa delegacia de Minas Gerais, que por motivos éticos eu não posso revelar, está o Agente de Polícia João; amigo de longas datas e com vastos serviços prestados a segurança pública das Minas Gerais; em sua companhia um punhado de colegas e uma retaguarda aguerrida que prepara e despacha os inquéritos que serão ou não encaminhados para a apreciação judicial.
Esta manhã eu fui visitar João e um delegado, apenas uma visita de rotina para manter os laços de amizade em foco e saber notícias dos amigos. Ao entrar da delegacia, dou de cara com um sujeito alto, esguio, olhos azuis, vestindo calça jeans, rodeado por alguns policiais militares. Por não estar algemado, jamais imaginaria que aquele sujeito fosse um verdadeiro artista, um artífice do tipo histrião que vive para a arquitetura de gabolices modernas.
João me cumprimentou e pediu para que eu observasse o interrogatório do sujeito em questão. Nome? – Fulano de Tal! Endereço? – Rua tal, do bairro tal! Até esta parte, tudo normal; é desta forma que se age em casos suspeitos de delitos, o policial pergunta primeiro ao acusado as coisas de praxe, esperando ouvir do saltimbanco, pelo menos algo plausível, mas há horas que não podemos conter a vontade de rir, de rir muito!
O agente policial havia se esquecido de alguns detalhes para preenchimento do quesito do que chamamos de “qualificação”, que nada mais é, do que nome completo, números de alguns documentos de identificação, endereço, estado civil e PROFISSÃO!
O sujeito respondeu meio cabisbaixo tudo que lhe foi perguntado, inclusive, quando lhe perguntaram algo relacionado sobre o delito pelo qual estavam lhe acusando, mas esqueceram de colocar na qualificação qual é a profissão do suspeito; foi nesta hora que ele disse: AMANTE PROFISSIONAL!
Ele havia sido apanhado com uma identidade profissional de um servidor da Prefeitura de Belo Horizonte e sobre a foto do real servidor público, grosseiramente ele havia posto a foto dele com cola de PVA, tipo esta que se usa em escolas. Junto com este crachá havia vários cartões de crédito do servidor e ao que parece o AMANTE PROFISSIONAL estaria tentando dar golpes na praça de Belo Horizonte.
Soube-se então que ele, o suspeito e o servidor público eram amantes; os dois homens mantinham um relacionamento amoroso há algum tempo e num descuido o AMANTE PROFISSIONAL subtraiu a identidade funcional e os cartões da “concubina” para tentar levar uma vidinha melhor, ele só não contava com a astúcia de João, o homem que afirma piamente que “palavra de homem não faz curva”. João estava no encalço do tal AMANTE PROFISSIONAL havia dias e hoje o seu reinado de macho viril acabaria numa cela de cadeia.
Ele ainda tentou fazer com que os policiais acreditassem que a identidade profissional de sua “noiva” estava dentro de uma calça jeans que ele recebera por presente da “mesma”; e que a sua foto, misteriosamente foi parar sobre a identidade e fora colada sem a sua manipulação. Resumindo, ele recebeu uma calça do amante, dentro da calça havia o crachá e quando ele a vestira; acabou colocando em um dos bolsos uma foto 3X4 sua e esta veio a colar furtivamente sobre o crachá. Quando os policiais ligaram para a vítima e amante, ele disse que sua casa havia sido roubada e que prestaria queixa naquele dia!
Naquela delegacia havia pelo menos umas 10 pessoas para serem atendidas e todos ouviram falar do garoto de vinte e poucos anos que arranjava companheiros gays para subtraí-los muito mais do que sexo e carícias, ele queria também os seus dinheiros e suas posses.
Eu que não me surpreenderia se uma árvore me desse bom dia, por tudo que vivi e vi neste mundão, jamais ouvi dizer que alguém se qualificasse como AMANTE PROFISSIONAL, uma espécie de pessoa que vive para agradar e dar prazer carnal para outras pessoas, principalmente se estas são do mesmo sexo; até João, policial experiente com mais de 20 anos de polícia, se surpreendeu com a qualificação do garoto.
Há esta hora, se tudo deu certo, o AMANTE PROFISSIONAL deve estar numa cela do presídio, tentando persuadir algum novo companheiro para ser seu par, ou quem sabe, esteja ele próprio servindo-os como sua bela amante de olhos azuis.
Esta nem Freud explica!
Carlos Henrique Mascarenhas Pires
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