O homem que dançava
Dia quente, cujo refresco nem mesmo se encontrava em água pura.
Dia quente. E talvez pudesse julgar que o ferver das idéias aguçasse qualquer coisa.
Mas ali poderia o frio estar a criar estalactites, que o fluir da euforia no peito seria o mesmo.
A mão do irmão mais novo segurava, até perder-se em melodia.
Que fora aquilo? Vira em trajes de banho alguém cuja aura brilhou.
Não poderia explicar.
Então a brisa, que ajuda o sol a encerrar as tardes, veio tomando posse de tudo,
Enquanto as luminárias a gás se acendiam.
Dirigiram-se a uma tenda branca em forma de circo. Havia espetáculo na noite,
Não era de palhaços e malabaristas,
Mas um leão subira ao palco,
e estava vestido de gente.
A batida de pé no chão era forte. Tão forte quantos os batimentos em seu peito.
Os olhos brilhavam, enquanto os outros olhos mal se faziam enchergar
pelo rápido movimento da dança.
Judaica.
O rosto era encaveirado, de maxilar marcado, e barba ainda por fazer.
Não podia explicar o que ali te encantava. Aura iluminada.
Assim chamava todo desconhecido que lhe causava fervor.
Foram três noites doces. Embaladas pela música, pela dança,
e pelo rodopiar de um conhecido, desencontrado em forma de moço distante.