Oferenda
Ela era franzina, com um corpinho minúsculo e magricelo. Mas pouco sabiam que sua imaginação era tão grande quanto o infinito, e que, em seu coração, ainda imaturo, trazia uma grande desilusão. Naquela manhã fazia um frio dolorido, mas ela achou que valeria a pena levantar cedo, a respiração virando fumaça ao expirar, só para ver o mar carregar aquele retrato. Estrelas do mar se apagariam ante a beleza da foto e do modelo, mas ela só queria que, quando fechasse os olhos, não pudesse mais ver aquela figura caindo cada vez mais fundo naquele mar. Queria que sua oferenda fosse recusada por Iemanjá e acabasse caindo nos braços de uma sereia. Sim, talvez esse fosse um bom remédio para seu coração.