LUÍS E O JUMENTO
Ele tinha entre cinco a seis anos, quando se deparou com a morte pela primeira vez... Quem sabe, não tenha sido aquele o primeiro atentado da morte contra o menino. Antes, o suco gástrico muitas vezes lhe roera o duodeno — um veneno para estômago vazio.
Era um menino esguio que gostava de correr atrás de borboletas magras. Chovia borboletas quando a chuva caia, mas raramente caia chuva no sertão...
O menino perseguia, ingenuamente, um filho de asno, nascido há poucos dias... Tão pequeno o menino, tão ingênuo o asno...
A jumenta, atenta, vigiava seu filhote, quando o menino aproximou-se e logo a mãe, prontamente, defendeu sua cria, prendendo o menino pelo fundilho nos dentes...
O menino cresceu, e jamais se esqueceu do milho que jumentinho comeu... “Era milho doce, e dava ligeirinho...ligeirinho...”
O asinino era travesso e também cresceu. Ele tinha uns cinco ou seis anos quando comeu o milho do monturo de Luís.
Comeu o milho... Ergueu a cabeça...torceu o rabo, torceu..., e correu rinchando, zombando: “Luís, comi seu “mi” e como...e como...”