Bundas às quatro da madrugada
Ele entrou na lanchonete e num olhar perfilado mirou o balcão num tempo plácido e quase em um coro mágico ouviu estalar em seus acordes: “quantas bundinhas arrebitadas se empinam ancantadas ao teu deleite e furor”. Umas de mini, outras num jeans, sejam cobertas em seda ou em brins tolos, todas a exaltar: uma celebração traseira! Todas empinadas, até as murchas, as baixas, as alturas, esperando aquele que adentra um olhar.
Daí entra ele outro a emoldurar balcões, olhar perfis, medir situações. Logo ele, tênis baixo, cós em cerco a espelhar, na espera, corpos que se aprumam a filas e senhas! Oh! Que corpos espalmados nestas impunes esperas, medita: “não há para mim bundinha empinada, nem mulheres de qualquer espécie!” Pobre-diabo! Lá estão todas em pé, com seus machos, seus sanduíches, suas fomes e suas quimeras, enfileiradas no mesmo, mesmíssimo, móvel comprido da altura aproximada dos cotovelos, às quatro da madrugada.