Histórias Entrelaçadas "O Passeio - 4° Parte"

"um dia ou dois

três ou quatro

cinco ou seis

não agüento mais

a falta que você

me faz.

vazio é o meu pensar

sem querer é minha vontade

meu olhar nada tem para ver

meu coração bate sem ritmo

o ar que enche meus pulmões

não tem vida, não quer ter."

Foi a primeira de muitas linhas que Isidoro escreveu para Poesia. Desde que ela partira em férias, ele não tinha vontade nem de jogar bola, empinar pipas ou andar de carrinho de rolemã. Ficava no portão horas e horas, como a esperar alguém.

Sua mãe via de quando em vez seu peito suspirar de saudades. Nada podia fazer para ajudar.

Agora estava com mania de escrever, aonde ia levava um caderno, até no banheiro, o que será que tanto escrevia o menino, pensava sua mãe, por principio não abria cadernos, cartas o que não fosse endereçado a ela, era inviolável.

Isidoro, gostava de escrever tudo o que fazia durante o dia, até mesmo o que pensava, quando voltar dara a ela de presente.

Um outro pensamento o atormentava, será que pensava nele tanto quanto pensava nela? Estaria usando um biquíni muito pequenininho? Conheceria outros meninos, falaria com eles?

Seu pai, de última hora resolveu não viajar para Minas, deu graças a Deus, não gostava muito de seus primos de lá, todos maiores que ele e folgados, em sua opinião.

Estava no portão quando Ritinha, uma menina que estudava na mesma classe que ele, veio sentar a seu lado, começaram a conversar, ela também não foi viajar, passaram à tarde, a mãe dele convidou para um lanche, entrou, à mesa ela e sua mãe pareciam velhas amigas de tanto que conversaram Rafael nem ligou importância, seu pensamento estava em Poesia.

Ritinha ficou até bem tarde, como morava na mesma rua, foram acompanhá-la até sua casa, fez questão de chamar a mãe e apresentar a eles.

No caminho de volta, sua mãe o repreendeu dizendo que Rita era uma visita e ele nem lhe deu atenção. A mãe disse isto porque sabia no que o filho pensava, respeitava seus sentimentos, mas não gostava de vê-lo sofrer.

No dia seguinte como estava de férias, acordou mais tarde. “Quando desceu a cozinha para o café, teve uma surpresa, Ritinha estava na mesa com sua mãe e seu irmão, deu bom dia a todos, um beijinho em sua mãe, que falou:” A mãe da Ritinha fez um bolo e a mandou trazer, sente-se tome seu café e experimente.

Sentou, comeu um pedaço do bolo, gostou, disse a Ritinha, ela respondeu: "É de limão, um dos preferidos dos clientes de minha mãe, ela faz bolos, doces e salgados sob encomenda para todo tipo de festa. Vamos a um passeio no Zoológico, você não quer vir junto? Já falei com sua mãe.

-Eu vou, mas e sua mãe, não vai se aborrecer?

-Foi idéia dela convidar você.

-Ah! Então vou, quando?

-Agora, respondeu Ritinha, não precisa levar lanche.

-Suba, vá tomar banho, que separo suas roupas e deixo em cima da cama, disse a mãe.

Tomou um banho rápido, trocou de roupas e desceu, a mãe colocou umas notas em seu bolso. Abraçou a mãe, deu um beijo, tchau e foram embora.

Sem saber por que, a mãe ao ver ele e Ritinha indo, ficou preocupada.

Chegando a casa dela, foi apresentado ao pai e a sua irmã mais velha.

Entrou no carro junto à janela, Ritinha a seu lado.

Chegaram logo, gostou da família de Ritinha, todos muito gentis e educados com ele

Desceram do carro, pegaram a cesta de pic-nic e foram entrando.

A mãe dela falou:" Pega na mão dele Ritinha, para não se perderem um do outro.

Assim de mãos dadas foram indo na frente. Para Isidoro pegar na mão dela nada representou, era como pegar na mão de suas primas, que ele detestava. Não para Ritinha.

Ao final do dia, o trouxeram em casa. A mãe veio recebê-los no portão, perguntando se queriam entrar, não, pois estavam cansados, ficaria para uma outro oportunidade.

Despediram-se, Ritinha deu um beijinho no rosto de Isidoro.

Isidoro adorou o passeio, se soubesse as dores de cabeça que este dia lhe traria, não teria ido.

Isidoro Machado
Enviado por Isidoro Machado em 17/01/2010
Reeditado em 19/09/2010
Código do texto: T2034703
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