CORRE MENINO

CORRE MENINO

Teodomiro Toledo era médico e para aliviar o nome comprido era chamado de doutor Teo, não era um grande médico, mas atendia com gentileza e tratava as mazelas da região dentro de suas possibilidades e como a comunidade de Cruz Verde era na sua maioria gente saudável, sua pouca competência era suficiente para os poucos doentes.

Quando menino o Teo era o queridinho da mamãe; único filho no meio de um bando de filhas, era o orgulho de dona Julieta, que o tratava de maneira diferenciada e acreditava que ele era um anjinho, mas o tempo mostrou a ela que aquele anjinho não era tão angelical assim, mas isso levou um longo tempo, porque ele era dissimulado e vivo.

O menino Teo não brincava a vontade, porque sua mãe estava em constante vigilância e ao menor sinal de briga entre os meninos, dona Julieta gritava: corre menino, vem anjinho, não se misture com esses selvagens e com isso ela o tornou covarde, mas aquela mãe achava que seu mimado filho era um ser especial, sempre acima dos outros.

Crescendo nesse ambiente foi até um milagre ele ter conseguido estudar e se formar em medicina, mas era um médico preguiçoso e nada caridoso, por isso quase nunca era procurado pelo povo de Cruz Verde, namorada ele não tinha, porque ninguém queria um filhinho da mamãe para marido e menos ainda ser nora de dona Julieta.

Os comentários sussurrados se alastravam pela cidade, doutor Teo era muito estranho e meio dengoso demais e ao saber dos falatórios ele resolveu provar que era muito homem, mas o jeito escolhido para isso foi o pior possível, porque passou a assediar as moças e como foi repelido por todas, ele partiu para o desrespeito e a violência.

Por acaso o Fórum da cidade, era onde se encontrava a mais bela moça da região; Marizinha era secretaria do meritíssimo juiz da comarca e tinha uma sala só para ela e certo dia Teo entrou de repente, agarrou a moça com as piores intenções, mas ela gritou por socorro e foi um escândalo monumental, porque ele não soltava Marizinha.

As pessoas presentes correram em socorro da moça, mas Teo estava com um revolver e os mantinha a distancia, o jeito foi chamar a mãe e irmãs dele, que chegaram horrorizadas e com muito cuidado se aproximaram e salvaram a apavorada Marizinha; o resultado da proteção e mimos exagerados de dona Julieta, foi esse vexame.

Tentando desculpar o filho, dona Julieta dizia que ele estava estressado com o trabalho de médico, mas todos sabiam que ele quase não trabalhava e depois de mais um surto parecido com o primeiro, ela o internou por longa temporada em uma clinica psiquiátrica, onde ele acabou por assumir seu lado gay, mas jamais voltou para a cidade de Cruz Verde.

Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}

Texto registrado no EDA

Vó Fia
Enviado por Vó Fia em 17/01/2010
Código do texto: T2033950
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