As Parteiras.

AS PARTEIRAS

" Cego pela luz, saiu de olhos fechados. Mãos que o amparam, o guiam para vida"

Altas horas da madrugada. Dorme um sono profundo, justo para um corpo cansado de tanto trabalho na lavoura.

De repente escuta batidas em sua porta. Levanta, pede a seu marido que continue a dormir e vai ver quem é. Abre uma fresta na porta, pede que esperem, volta a seu quarto, troca de roupas, pega sua maleta, sempre pronta, da um beijo em seu marido, pede que não se preocupe que reze por ela e volte a dormir.

Sai, do lado de fora uma carroça a espera, da boa noite a todos, alguém pega sua maleta, ajuda a subir, senta e vão embora, aproveita para cochilar um pouco.

Ao chegar, várias pessoas aguardam na casa, prontas a ajudar. Trazem um café e algo para comer, enquanto come vai perguntando sobre a parturiente, termina e vai ao quarto.

Aproxima-se da cama, cumprimenta a mulher, pergunta se tudo está bem, como esta se sentindo, põe a mão em sua testa, mede o pulso, faz um carinho em seu rosto, abaixa o lençol e com as duas mãos desliza e apalpa sua barriga. Tira de sua maleta uma espécie de corneta, um esculápio e ausculta em diferentes lugares de sua barriga. Ao fim sorri e diz a futura mãe, que tudo esta bem, que o menino esta na posição correta louco para sair, que não demora muito.

Desce um pouco mais o lençol, mede a dilatação, pede à mulher que respirasse como lhe foi ensinado e foi à sala, dizendo a todos que iria precisar de água quente, vários lençóis limpos e muitas toalhas, que providenciassem já.

Toma mais um café, dizendo ao marido da mulher, que a noite será longa.

Volta ao quarto. A futura mãe começa a gemer ao que ela disse ser ótimo, tinha começado as contrações, não era o primeiro filho dela a vir ao mundo por suas mãos, sabia que não demoraria a conhece bem.

Chegam com as toalhas e os lençóis, água quente e uma tigela de água fria, molha uma pequena toalha na tigela, colocando na testa da mulher, no exato momento em que solta um grito mais forte.

Prepara os lençóis, rezando pede a Deus, para mais uma vez guiar suas mãos fazendo dela seu instrumento.

Ao raiar do dia, o choro do recém-nascido, alto e forte, confirmou que tudo fora bem, poderia ir para casa, juntar a seu marido e trabalhar em sua lavoura, feliz por mais uma vez cumprir sua missão.

Isidoro Machado
Enviado por Isidoro Machado em 16/01/2010
Reeditado em 30/11/2010
Código do texto: T2032600
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