"PAPAI NOEL CHAVE DE CADEIA" Conto de: Flávio Cavalcante

PAPAI NOEL CHAVE DE CADEIA

Conto de:

Flávio Cavalcante

Mês de dezembro, sinônimo de presentes, árvores de natal e muita alegria. Clima de amor e paz. Assim, acontece na casa de seu Everaldo todos os anos. Ele sempre faz questão de manter a tradição de seus ancestrais, justamente para não deixar morrer este espírito natalino dentro do coração de cada um de nós.

Seu Everaldo sempre levou uma vida muito pacata. Ele sempre foi o homem exemplo da família; soube criar seus filhos numa educação primorosa. Homem honesto, trabalhador e que mesmo aposentado ainda continuava trabalhando; não que ele precisasse, mas, para ocupar seu tempo e sua mente.

Cidadão muito religioso, seu Everaldo ensinou a seus filhos a forma de agradecimento a Deus, por cada alimento posto na mesa e a cada dia ter a oportunidade de respirar o ar puro com saúde. Assim levava a sua vida sendo respeitado por seus filhos e colegas. A reunião em sua casa no natal em confraternização com a família era de admirar qualquer um. Ninguém deixava de estar presente. Ele era um homem correto e gostava de tudo na linha certa.

Mas nem tudo que reluz é ouro. Tem um ditado popular que diz “QUANDO O DIABO NÃO VEM SEMPRE MANDA O SECRETÁRIO” Foi exatamente o que aconteceu na roda da vida de seu Everaldo. O próprio mesmo não tinha nenhum problema, mas de uma hora para outra a vida o colocou numa situação de morte, detonando a moral de sua conduta.

Já se aproximava o natal e de praxe todos os anos, aquele velho adorava presentear os filhos e netos. Neste ano seu Everaldo resolveu fazer diferente. Teve a brilhante idéia de chegar em casa fantasiado de papai Noel. E assim fez para a surpresa de todos. Armou todo teatro para não dar nada errado, ensaiou o texto “Oool, Oool, Oool”... Roupa de cor vermelha e barba branquinha como plumas.

Entrou num ônibus já trajado, sentou num banco localizado já bem próximo ao cobrador e de repente entrou um homem de feições meigas e simples. Pediu para o dito papai Noel levar um pacote. Gentilmente ele não deixou de ajudar o homem que carregava aquele pacote em suas mãos no coletivo, que estava abarrotado e o calor estava de rachar.

A viajem era um pouco longa e o dito homem que entregou o pacote, era um tipo de sujeito desconfiado, calado e carregava uma expressão de ser um homem muito tenso á ponto de chamar atenção do papai Noel, mas achou que se tratava de seu jeito mesmo e não era nada demais. O ser humano tem diversas reações diferentes; aquele homem poderia nada mais, nada menos, que ser um cidadão que carregava algum problema tipo: Complexo, fobia e etc. Seu Everaldo então relaxou com relação a opinião de julgamento em cima daquele homem e num momento da viajem, com o balançar do veículo, o papai Noel acabou adormecendo. Num relance de sono profundo, o dito papai Noel foi surpreendido com um barulho infernal dentro do condutor público e ainda meio bambo do susto. Ele tentou entender o que estava acontecendo. Procurou o cidadão, dono do pacote e o esperto havia desaparecido. Sua vista foi clareando. O cenário era estupefato. Muitos policiais entraram no ônibus procurando o dito homem dono daquele pacote e chegou ao papai Noel e disse

“O QUE TEM DENTRO DESTE PACOTE?”

Perguntou o policial já em tom nada agradável.

“FOI O CIDADÃO QUEM PEDIU PRA EU LEVAR”

O policial pegou o pacote e rasgou o papel que envolvia a caixa e dentro deste presente estavam alguns quilinhos de maconha e alguns papelotes de cocaína.

O QUE É ISSO?

(Perguntou o papai Noel perplexo sem entender o que estava acontecendo).

É MACONHA! E VOCÊ ESTÁ EM CANA.

(Disse o policial que não perdeu tempo. Foi logo algemando o papai Noel e o conduzindo á delegacia. Seu Everaldo pela primeira vez nada vida virou papai Noel chave de cadeia. E passou o natal dentro do xilindró. Foi condenado inocentemente, cumpriu pena e saiu de lá com outra cabeça mais experiente. Nunca mais segurou pacote de ninguém dentro de ônibus).

A ESCOLA DA VIDA ACABARA DE LHE DAR UMA GRANDE LIÇÃO, FAZENDO-O FICAR DE OLHOS BEM ABERTOS PARA A VIDA.

(FIM).

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 14/01/2010
Código do texto: T2028453
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