PRISIONEIRA QUE FOI RAINHA III

A jovem mulher tinha uma energia diferente. Estava possuída pelo espírito do otimismo ontológico. O seu semblante sempre transmitia bons sentimentos. Pensava no seu grande amor e que tudo estava acontecendo para o bem de ambos. Sonhava que um dia tudo iria ser resolvido. Seu instinto de mulher a sustentava. No seu íntimo sentia estava mesmo caminhando rumo ao paraíso. 

Mesmo fugitiva e longe do grande amor da sua vida, planejava bons momentos com aquela criança tão querida dentro de sua barriga.

Gostava muito de mergulhar em um pequeno rio que ficava perto da cabana. Fazia daqueles momentos um encanto. Nadava e cantava suavemente, conversando com o bebê aconchegado em suas entranhas.

Então, em meio a todo aquele encantamento, não percebera que um homem jaz ali à margem a observá-la. Parecia hipnotizado com a cena. Não queria fazer barulho para não interromper tão iluminado momento.

Quando a jovem olhou na direção daquele homem; ali em pé sem mover um músculo sequer...

Agora eram duas estátuas a deslizar os olhos um para o outro, sem conseguir emitir qualquer som ou suspiro.

O homem sem falar uma só palavra, entrou naquele rio e abraçou aquela jovem com ternura, beijando seus lábios.

Olhou para sua barriga e sem pedir qualquer explicação, desceu os lábios até o umbigo dizendo:

- pequeno guerreiro, você e sua mãe não podem fugir e deixar o papai triste assim. Cuidarei de vocês dois com energia e bondade, porque o amor que tenho dentro do peito é maior do que os costumes da minha terra.

A jovem agora estava em lágrimas e disse com eloquência:

- Não seja tolo! O seu povo jamais aceitará que cases comigo. Uma prisioneira que vem de terras distantes e nada sabe dos seus costumes e crenças.

Ele, percebendo a coragem daquela jovem mãe, lançou-lhe um profundo olhar para que lhe revelasse sua própria alma e o amor que nela brilhava, e disse:

- Meu anjo, não se preocupe. Não causarei guerras. Já pensei em tudo. Estou a te seguir e vigiar a algum tempo. Mandarei construir uma cidade aqui nesse paraíso que você mesma começou a criar. Você será a rainha desse reino novo e eu serei o seu eterno protetor.

Então, ela olha para ele com a mesma profundidade e pergunta:

- Mas, isso não pode ser! Você é herdeiro do seu reino e tem que se casar com a escolhida. Não será possível administrar dois reinos.

O nobre guerreiro sorrindo generosamente, pegou a jovem mãe no colo, levou à margem do rio e mostrou todo aquele mar verde a perder de vista.

- Force o máximo que puderes a sua vista e tente enxergar outro reino além desse aqui e agora.

A jovem mãe sentia seu coração pulando aceleradamente dentro do peito. Agora ela sorria chorando.

A cena agora, assistida por belas aves e frondosas árvores era a energia simbiótica de dois corpos e duas almas que dançavam mergulhados naquela límpida água.

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