Conta-me um conto (EC)

 
Sentados contemplando o pôr-do-sol, dois amigos:
- Tonhão, conta-me um conto!...
- Tem certeza, Zé?
- Tenho.
- Então, lá vai.

 
Dizem que o menino sentia muita saudade da mãe. Uma loba, sempre com chapéu vermelho, que saíra de casa para ganhar a vida e não mais voltara. O pai era um cachorro viajante que vagava de porto em porto. Comprava e vendia de tudo.
Segundo Freud, o menino lobo cresceu com fixação na figura materna. Nas noites de lua cheia costumava passar horas à janela contemplando o céu. Muito tímido, a comunidade cantava para ele: “eu sou homem com H, com H sou muito homem”. E riam...
Foi assim que ele espalhou o boato de que comia uma vovozinha. A vovozinha, que nada tinha de indefesa, aceitou a fama que lhe caia bem, até que quis sair do livro infantil direto para um filme pornô. O lobo, desesperado, desmunhecou e saiu cantando: “o gato preto passou na estrada”.
 
No térreo, homens de branco, alvoroçados, apontavam para a laje onde estavam os internos mais antigos. Bombeiros subiam a escada para salvá-los do perigo.




Este texto faz parte do Exercício Criativo - Conte-me um Conto.
Saiba mais, conheça os outros textos:
http://encantodasletras.50webs.com/conteumconto.htm
meriam lazaro
Enviado por meriam lazaro em 08/01/2010
Reeditado em 18/01/2011
Código do texto: T2017823
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.