APROXIMADAMENTE CENTO E TRINTA E CINCO MILHÕES

De repente anunciou no jornal mega sena acumulada Afonso ainda estava deitado em sua rede, quase dormindo, quando de um susto pulou da soneca e passou quase metade daquela quarta feira em claro pensando no jogo da mega sena que havia esquecido de fazer.

Por sorte no dia seguinte, que seria o último dia do ano coincidentemente ainda lhe dava uma chace. Era sorte pensou ele.

No dia seguinte lá pelas cinco da matina levantou-se para a rotina e mais que depressa se arrumou para sair.Quando a sua mulher disse:

- ô homem tu não sossega o facho.

- Já vai te por a andar por ai e depois está reclamando da coluna, da hérnia, dos rins...

- E eu é que tenho que ficar ouvindo as tuas lamurias.

Homem de pouca conversa, olhou para o canto escuro da cama, onde supostamente vinha a voz, colocou o boné, abriu a porta e saiu dizendo:

- É mulher tu reclama, mas se eu ganhar não vem atrás de mim.

Senhor Afonso pegou o ônibus e segui para o centro, onde havia uma lotérica, mas quando chegou lá a fila estava dando a volta no quarteirão.

Andou mais para frente, onde havia uma outra lotérica e a surpresa foi que a anterior parecia até que tinha a fila menor.

A saída foi descer a Leopoldo Machado e segui até o supermercado Econômico, onde havia a derradeira lotérica.No entanto quando chegou lá a fila dobrava duas vezes o quarteirão.

Sem muita opção, pois o tempo já estava na casa dos oito, o jeito foi Afonso ficar e esperar para ver no que iria dar.

Lá pelas dezesseis e trinta e dois da tarde Afonso, cansado, com fome, rechaçado pelo mormaço ainda estava na fila e era só o trigésimo nono, sendo que com um caixa e o sistema só caindo a paciência estava um pouco além da conta.

Quando sem ter nem pra que surgiu uma fila de mais ou menos oito pessoas na fila de prioridade.Ai foi um desespero, muitos xingaram, muitos vaiaram, alguns murmuraram e outros, como Afonso só fizeram olhar e fixar no rumo do horizonte as suas idéias.

Depois de mais esse impropério finalmente Afonso conseguiu entrar na agência, cujo gerente foi a rua, onde ainda se localiza boa parte de pessoas pensando em jogar e se desculpou dizendo que só iria atender aqueles que haviam entrado na agência.

Alguns ainda protestaram, mas não havia muito a dizer, afinal, mais uma vez o brasileiro deixou para fazer as suas apostas para a última hora e isso não era culpa do gerente.

Cinco minutos após o gerente ter informado da situação e as pessoas terem se dispersado Afonso agora já era o décimo e feliz estava que não percebeu que naquele instante a agência estava sendo assaltada. E por incrível que pareça todos dentro da agência cansados que nem esboçaram qualquer reação. Os bandidos levaram todos os pertences de quem tinha dinheiro de quem ia apostar e o dinheiro das apostas.

Colocaram todos no mesmo cubículo, onde ficavam os caixas e antes de seguiram para rumo desconhecido escreveram no vidro “feliz ano novo”.

A polícia quando chegou no local, além da pequena frase encontrou mulheres e homens chorando inconsoladamente.

Afonso entristecido pensou que fosse praga da mulher e ao chegar em casa, depois de ter passado no bar do seu Nezinho, “coçado” foi logo discutindo e quando dona Terezinha pensou em gritar levou logo um empurrão, que originou ao Afonso um premio quadrado na sela da delegacia e a dona Tereza coitada, além das costelas quebradas, aquele fim de ano foi operada no Pronto Socorro Municipal.

Alberto Amoêdo
Enviado por Alberto Amoêdo em 31/12/2009
Código do texto: T2004912
Classificação de conteúdo: seguro