ERA LOUCO, MAS ERA ESPERTO

ERA LOUCO, MAS ERA ESPERTO

Eriberto era um cidadão comum, vivia bem, trabalhava pouco e se divertia muito; gostava de namorar, de festas e futebol; aparentemente sua saúde física e mental era boa, ninguém notava nada de errado com ele, porque era calmo e tratava as pessoas com cortesia e vivia sempre bem humorado, alegre e bem disposto.

O tempo passava e tudo continuava dentro da normalidade, Eriberto sempre de bem com a vida e com as pessoas, mas de um dia para o outro ele começou a mudar, abandonou as festas e passou a freqüentar todos os dias a igreja e com uma bíblia nas mãos ele fazia confusas pregações, que ninguém ouvia.

Seus parentes preocupados queriam levá-lo a um psiquiatra, mas ele se ofendeu e disse que acreditar em Deus não era doença, era apenas fé e se recusou a ir; enquanto ele rezava e fazia suas pregações estava tudo bem, as pessoas achavam até uma certa graça em suas manias e como ele mantinha a calma, deixaram rolar.

O povo da cidade de Marinopolis onde ele vivia, adorava festas e todos os meses promovia um animado baile no Clube Tirolês e antes de se candidatar a santo, Eriberto era o mais animado do evento, mas com sua mudança de comportamento odiava aqueles bailes e pedia para ninguém comparecer.

Ele falava que dançar era pecado mortal e que todos queimariam no inferno por causa disso, mas ninguém ouvia o que ele dizia e os bailes continuavam cada vez mais alegres e festivos; cansado de ser ignorado, ele partiu para a violência e uma noite invadiu o clube distribuindo tapas nos dançarinos, foi um susto.

Foi contido pelos amigos e levado ao medico, que o medicou com alguns tranqüilizantes e garantiu aos presentes que aquilo era apenas um pequeno surto, que não se repetiria novamente; Eriberto dormiu por muitas horas e quando acordou estava muito pior, estava furioso atacando as pessoas.

Declarado louco, foi algemado, colocado em um carro com dois guardas e enviado para um hospital em Belo Horizonte, mas na metade da viagem ele se acalmou, reconheceu um dos guardas que era seu amigo e pediu que tirasse as algemas, prometeu se comportar e foi atendido e o resto da viagem correu muito bem.

Chegando na capital apareceu um impasse, porque nem o motorista e nem os guardas sabiam o caminho para chegar ao hospital, que ficava em um bairro distante, mas Eriberto disse : eu sei chegar até lá, varias vezes fui visitar uma namorada lá perto quando vinha aqui passear, podem confiar que levo vocês.

Os atrapalhados condutores do louco, resolveram aceitar a oferta e Eriberto se exibiu indicando onde deviam entrar de uma rua para outra; depois de muitas voltas e reviravoltas, chegaram em frente ao hospital e ele disse: chegamos, posso ser louco mas sou esperto, acho que quem devia ficar ai eram vocês.

Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}

Texto registrado no EDA

Vó Fia
Enviado por Vó Fia em 29/12/2009
Código do texto: T2001719
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