O SUSTO
O SUSTO
Situações existem que passado o sufoco, a vitima não consegue entender ou explicar com clareza o acontecido, mesmo porque na maior parte das vezes são situações constrangedoras e até humilhantes, mas que nem por isso perde sua parte divertida e uma dessas aconteceu com o alegre Lauro.
Depois de trabalhar a ano inteiro, tratando com pessoas exigentes e na maior parte das vezes mal humoradas, Lauro só queria que as benditas férias chegassem com urgência para fugir com a família para uma praia, de preferência uma bem afastada de badalações e de gente arrogante e metida a elegante.
Quando chegou o esperado dia da viagem, ele mulher e filhos foram para uma modesta praia no estado de Pernambuco, com a maior alegria e descontração; a prainha era tudo de bom, imaculadas areias brancas, águas azuis com ondas mansas e uma brisa suave agitando os coqueiros que enfeitavam o ambiente.
Era realmente o paraíso na terra, mas como nesse mundo perfeição não pode existir, lá também tinha uma falha, que era a falta de banheiros modernos e o pior de tudo é que eram poucos para as necessidades dos turistas e para complicar, as pousadas ficavam distantes da praia e o jeito era enfrentar o mau jeito.
Lauro era bem gordinho e ao comprar a sunga nova, sua esposa comprou um numero menor e a dita cuja ficou bem apertada, o que complicava as coisas quando ele ia ao banheiro e como os banheiros eram escassos, ele ficava aflito lutando com a sunga com a fila de gente esperando na porta; ele pensava que era o pior.
Mas o pior aconteceu em uma linda manhã; Lauro se divertia com a família e precisou urgentemente de um banheiro, correu em um bar e conseguiu a chave do cujo, pagando cinquenta centavos pelo uso, entrou e antes que fechasse a porta um enorme mulato entrou junto, ele levou um susto pensando o pior.
Ele estava com a sunga pela metade e pensava: meu Deus, ele vai me estuprar e o pavor era tanto que ao tentar vestir novamente a sunga, ouviu um estalo e sentiu uma dor no dedo indicador, mas nem ligou, queria apenas sair dali voando, porque o mulato já estava tirando a sunga também, a situação era feia.
O medo venceu e ele saiu correndo com a apertada sunga vestida pela metade, mas o mulato veio atrás correndo também e quando foi alcançado, descobriu que o homem só queria pagar os cinqüenta centavos pelo uso do banheiro; pela dor ele procurou um médico e descobriu que seu dedo estava quebrado.
Lauro passou o resto das férias com o dedo engessado e dormindo mal com pesadelos, onde ele corria desesperado com o mulatão nu correndo em sua perseguição e quando acordava e contava seus apuros noturnos, era motivo de brincadeiras da família; pelo sim e pelo não , banheiro só o da pousada.
Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}
Texto registrado no EDA