Dias de interrogação. Lia de Sá Leitão 29 de dezembro 2009

" Há dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu, a gente estancou derrepente ou foi o mundo então que cresceu, a gente quer ter voz ativa, no nosso estino mandar, mas eis que chega a roda riva e carrega o destino pra lá" RODA MUNDO, RODA GIGANTE, RODA MOINHO, RODA PEÃO."

CHICO ESTAVA ABENÇOADO NESSA LETRA, eu estou na roda gigante sem ter tempo de cuspir de cima para baixo, uma piedade assolou os ânimos da moleca e recusei cuspir nas cabeças inteligentes que rodeiam o parque imaginário dos doidos.

Não queria muito, queria assistir a roda gigante dos politicos rodando de cima para baixo e perceber os olhares dos homens bobos ali em baixo na praça junto ao povão. Que pensamento uns e outros terão sobre cada um?

O homem que vota questiona: o político paga o supermercado tanto tanto quanto eu? Arroz de promoção, carne mais em custo desde que seja bife para a semana, macarrão mais modesto, e por ai vai escolhendo uma feira sem muitos preços altos mas que vençam os atrativos imaginário de poder de compra. O supermercado daquele político ali é para os empregados, ele come em restaurantes chiques, a mulher, geralmente a primeira esposa está em casa no local de origem e a segunda, a dita MANTEUDA pode ser uma estrovenga mas frequenta os melhores restaurantes e não lavam pratos como todo mundo, afinal as biscates de político tem unhas pintadas de florzinhas nos salões que revelam as suas procedências.

Os devaneios dos contrastes permeiam as idéias; frequento um botequim na esquina, tem mesa de bilhar, um gato preto e um cachorro chamado Beethoven, tem uma cozinha podre de suja e todos comem pastéis deliciosos, até já vi umas perninhas de baratas tostadas na última fritura. Lá no boteco quando o político chega dá um baita aperto de mão daqueles ue só os amigos sabem balançar e dar tapinhas nas costas.

Olho os homens, mulheres e as crianças andando pra lá e pra cá, uns com bebidasnacionais pagando apenas uns R$3.50, outros refrigerantes, mas o político sempre tem um cagão que segura o litro de Glengoyne safra 1833, rarissima e caríssima desses o preço é comercializado por 4.500€.

A roda gigante toma altura, imagino o tal político socado nas cuecas sujas de cocô como todas as cuecas frouxas de medo e comprometimento com os outros, lá em cima quando a roda gigante ganha altura o medo também aumenta, mas o olhar é de quem tudo pode e se sente o superior, braços estendidos ao lado segurando o ferro da cadeira, o olhar distante e maroto sob a panorâmica da paisagem da cidade pesquisava nos ângulos mais distintos qual o proximo golpe a ser impingido naquela massa de bestas que caminham em espaços limitados em busca de um divertimento ou de um aperto de mão.

Os políticos no alto das rodas gigantes estão sérios, claro que é o medo de cair!

Alguém espoca um balão e o político acorda num susto, o pensamento é detonado e a realidade o empurra para o covil do limbo.

Todo político numa roda gigante escolhe brincar com uma criança ao lado, desturbio comportamental, ou proteção divina, se tenho um inocente como refén como pode vir castigos dos céus?

Divertido, lá na periferia do parque, pais trabalhadores somam notinhas para o divertimento, lá em cima o político faz as contas do que tem pra gastar com o dinheio do contribuinte.

Sou Professora, perdi um emprego lá não muito bom, com pós graduação, mestrado e doutorado, o salário era de 360,00 reais, isso porque a diretora toda mês prometia que ia chegar aos tr~es mil reais, não pergunte leitor, respondo, o tempo ue passei nessa escola foi por amor aos alunos e em prejuizo do meu carro, e da minha saude, mergulhei numa Depressão em todos os estágios.

Bom, vamos voltar ao seguro desemprego de 400,00 reais, desempregada mas o Estado petista assistencialista ia proteger essa professorinha com o direito do seguro desemprego.

Esqueci carissimos de dizer que também sou artesão e como salário de professor é hoje e amanhã é pior, resolvi jamais deixar de pagar o INSS, aquela fábrica de dinheiro para lavar a responsabilidade social da malandragem dos colarinhos brancos.

Pois bem, o pago esse bendito INSS para passar por sete peruas rodando, não atraso uma parcela. Conservo a parca contrinuição pois imagino alguma aposentadoria digna como artesão de uma vez que a de professora nível superior é um estrupício.

Bom, sem delongas, precisei do seguro desenprego como cidadã formada em Língua Portuguesa, enfim professora e sabem qual a informação? Você tem uma renda como artesã, não tenho essa renda fixa é só para pagar uma aposentadoria que nunca chega como professora, nunca comprei uma fivela para os cabelos porque no Brasil ser artesã tem que ter os olhos controladores do Governo para capar o pouco que recebe de dinheiro produzido pela força do trabalho manual. Acreditem! A minha comida vem dos trezentos e sessenta reais registrados na carteira de trabalho como Professora, o aluguel, a gasolina do meu carro, minhas roupas e sapatos. Pode questionar esse dinheiro mantém um carro, roupas novas e sapatos? Sim, porque são somados a outros trezentos e sessenta e mais outros de várias correrias de escola para escola. Ficar desempregada é pauleira! Tenho que continuar pagando o INSS, como vou comer, vestir, sair ou mesmo olhar a roda gigante.

Pois bem o governo não liberou nem fez acariação da minha realidade, e sentidamente as dívidas se avolumam.

Pensei sobre o problema, a filiação num partido xiita da esquerda pode ajudar, afinal, tem muita gente construindo a vida às custas dos programas sociais oficiais. Olhando direitinho a filosofia interna, os silêncios da madrugada, os apoios populares a minha faxineira é bem mais feliz que muitos que conheço, não tem dívidas maiores que o gverno não ajude, bolsa leite, bolsa família, bolsa gás, bolsa escola, bolsa de energia...bom são tantas bolsas que melhor mesmo é ser sócia da bolsa de valores, pior que nem sei como se faz para se inscrever em qualquer auxílio do Estado, eu só queria o seguro desemprego.

Agora vou dar uma paradinha na escrita chegou a hora do cafezinho e do vício do cigarro na vizinha, hora de filar o lanche, e rir um pouco, ela como amante de um político conta todas as maracutaias ri dos programas que tira o sangue do pobre.

Olhem ali a roda gigante do governo, o dinheiro no bolso dos protegidos pelo sufrágio universal vai aumentar o salário para uns quinhentos reais, mas o salário de 500 reais ainda será bastante superior a alguns outros assaláriados como os professores que chegam a 220, 240 ou 260 reais... chorem? Não Sorriam esse é o Brasil que eu conheci no Natal de 2009.

Lia Lúcia Almeida de Sá Leitão

Lia Lúcia de Sá Leitão
Enviado por Lia Lúcia de Sá Leitão em 29/12/2009
Reeditado em 29/12/2009
Código do texto: T2000757
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