Desencanto no Natal
Helena tinha seis anos quando se deparou com o primeiro desencanto de sua vida. Era final de ano e todos estavam em clima de festa. A família preparava os enfeites de Natal. Sua mãe havia comprado uma enorme árvore, que na verdade, era um grande pinheiro para enfeitar. Tradição que ela fazia questão de manter, uma vez que não presenteava os filhos por questões financeira por ter que muitos , num total de nove.
Helena era a caçula e todos estavam eufóricos e felizes com a expectativa do dia do Natal. Passaram a tarde toda enfeitando a árvore com muitas bolas coloridas, laços de fitas e pisca-pisca que a deixaria iluminada durante a noite.
Helena soube pela coleguinha da escola, que como era de costume, o Papai Noel desceria pelas chaminés das casas para deixar o presente de cada criança. Porém, a casa que não tivesse chaminé, poderia colocar os sapatinhos no peitoril da janela que ele deixaria o mesmo ao lado deles.
O clima do Natal seguiu por alguns dias até a noite de véspera. Nesse dia chegou da cidade vizinha, uma de suas primas, já bem mocinha com quatorze anos que viera passar o Natal com a sua família. A prima foi recebida com muito carinho por todos. Alguns dos irmãos mais velhos de Helena já estavam em casa em férias. Eles estudavam fora e só permaneciam na casa dos pais durante as férias do ano.
Helena estava com a cabecinha cheia de fantasias sobre o Papai Noel. A existência dele pra ela era uma verdade absoluta. Por isso, era a que mais mostrava ansiedade. Ela acreditava no bom velhinho de cabelos e barba branca, que viria na madrugada trazer o seu presente. Ainda não tinha o entendimento real do verdadeiro significado deste dia, mas sabia que era o dia que se ganhava presentes.
Ficava imaginando Papai Noel entrando de mansinho, sem fazer nenhum barulho e colocando o presente ao lado do seu sapatinho que deixaria no peitoril da janela.
A noite de Natal chegou e a família se reuniu à mesa para a ceia. A mesma era bem simples, mas a família estava repleta de amor e de muita alegria.
A mãe de Helena estava feliz em ver a família reunida, pois alguns filhos ficavam muito tempo fora devido aos estudos. Fizeram como de costume, uma oração de agradecimento a Deus pela reunião e pelo alimento. O jantar foi completo, não faltou conversa, brincadeiras e muitas gargalhadas.
No fim da noite, antes de se deitar, Helena lembrou do que a amiga da escola havia lhe dito sobre os sapatinhos. Então pegou seus sapatinhos, foi até a janela da casa e coloco-os na janela e foi para a cama. Deitou para dormir, mas demorou pegar no sono, pois ficou pensando por algum tempo na surpresa que teria ao acordar no dia seguinte. Que presente o Papai Noel deixaria? – pensava ela. Uma vez que não havia feito nenhum pedido especial. Ela estava mesmo curiosíssima, mas acabou dormindo.
Vozes e risos acordaram Helena no dia seguinte. Ela, mais do que depressa, correu até a janela para ver o que o Papai Noel lhe havia lhe deixado de presente. Quando chegou até a janela, deparou-se com a prima com seus sapatinhos nas mãos, rindo muito junto com os irmãos que pareciam espantados com a reação da garota. Ela ficou sem entender o porquê do riso debochado, e pior ainda, não viu nenhum presente no sapatinho ou perto dele. A prima teria escondido o seu presente? – pensou ela.
Ao se aproximar da menina para pegar os sapatinhos e questionar sobre o presente, a prima olhou para Helena, que já estava constrangida, rindo, ela indagou:
_ O que é isso Helena? Você ainda acredita que existe mesmo Papai Noel? Não sabe que nós ganhamos os nossos presentes de nossos pais ou de outra pessoa qualquer?
A prima parecia estar se divertindo em ver o rostinho de Helena se transformar, demonstrando grande decepção. Então, continuou sarcasticamente falando sobre Papai Noel, dentro da sua concepção:
_Que menina bobinha! Quanta ingenuidade! Só ganhamos presentes quando alguém pode nos dar. Inventaram o Papai Noel para vender mais brinquedos e outras coisas. Papai Noel não existe e nunca existiu sua tolinha! Ele foi inventado pelas pessoas!
Helena, sem responder nada à prima, saiu correndo e foi chorar em seu quarto. A mãe, ao perceber a filha em prantos, imediatamente correu para junto dela e, na sua simplicidade, mas com grande sabedoria, falou:
_ Filha! Papai Noel realmente é um mito, ele nunca existiu, ele é apenas uma fantasia, uma ilusão que as pessoas criaram para poder sonhar e ter esperança. “Papai Noel” é único para cada pessoa e cada um o imagina como quer. Quando ganhamos um presente de alguém no Natal, estamos ganhando de um “Papai Noel” em especial! Pois, o amor está no coração de quem nos presenteou e este alguém pode ser o nosso Papai Noel imaginário! O que não pode acontecer é deixar que este Papai Noel imaginário tome o lugar Daquele que verdadeiramente existe dentro de cada um de nós, pois ele nasceu, viveu e morreu por nós, Jesus. Comemorar o Natal só tem sentido para quem recebe o Senhor como Salvador e que Ele deve ser lembrado em todos os momentos de nossas vidas!
Helena cresceu não acreditando mais na existência do bom velhinho, mas aprendeu que é muito bom sentir-se “Papai Noel” presenteando as pessoas, simbolizando assim o amor que sente por elas. A partir de então ela passou a entender o verdadeiro sentido do Natal.