O Poeta e a Autoridade

Gostava de falar o que vinha à mente. Não hesitava, dizia o que tivesse que dizer a qualquer um.

Acreditava que o que faz uma pessoa ser livre é poder emitir uma opinião sem medo. Ele era livre.

Respeitava a opinião de qualquer um, o que não entendia é por que não respeitavam a dele

Todos se achavam certos e os outros errados, não conseguia ser assim certo para ele só Deus.

Costumava anotar e analisar tudo o que falava durante o dia, até seus pensamentos, nem a eles ao escrever censurava.

Certa vez participou de um acalorado debate com empregadas domésticas num boteco onde costumeiramente comparecia, ao final deu a mão a palmatória, elas tinham razão. Foi convencido de que a mídia fabrica e transmite opiniões e conceitos do interesse de quem paga para que ela assim o faça, quem as capta é quem tem tempo para assistir TV e pobre não tem esse tempo. Trabalha de dez a doze horas por dia, mais o tempo em que esta em transito para o trabalho ou casa ou seja quem aceita, assimila e retransmite conceitos elaborados pelo Big Brother é a assim chamada classe média, fazendo com que consumam o que quer que seja.

Lembram-se do Brometo, que as panificadoras, adicionavam ou adicionam ao pão, e que segundo a mídia provocava câncer e que só a vitamina c poderia ser usada.

O que aconteceu? O Brometo não provoca mais câncer ou precisavam vender vitamina c?

Perdeu contente o debate. Empregadas domésticas lembram domesticadas, odeia o nome acredita ser resquício da escravidão, gostaria que o nome fosse mudado.

Até o dia em que parou na padaria, estava tomando café quando surgiu um debate sobre política e futebol. No meio da discussão intelectual, um dos participantes querendo impor como única a sua opinião, resolveu declarar-se como autoridade e mostrar o instrumento de trabalho como se fosse seu intelecto.

Ao que o Escriba saiu-se com essa: ”Aos covardes prevalece à força física, a farda e a autoridade”.

A autoridade, a farda e seu dedo em riste, pararam onde estavam sem saber se davam meia volta e iam embora ou se retornavam ao debate.

FINAL SEGUNDA OPÇÃO.

Ele estava certo. O covarde, não tendo argumentos, usou o único recurso que seu diminuto cérebro sabia ser capaz, tirou-lhe a vida, calou sua voz, mas não sua opinião.

Isidoro Machado
Enviado por Isidoro Machado em 19/12/2009
Reeditado em 11/01/2011
Código do texto: T1985804
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