GENTE FINA
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A eterna vaidade feminina é cantada em verso e prosa, porque quando Afrodite a bela deusa grega da beleza, saiu do meio das ondas do mar ela veio junto e veio para ficar e até hoje as mulheres se esforçam para manter sua beleza intocada, mas o tempo não perdoa e em sua passagem trás rugas e cabelos brancos.
Nos séculos passados a velhice com seus prejuízos, era um mal sem cura, porque os tratamentos de beleza eram de pouca valia e até parecia que banhos de leite e de plantas e flores, não resolviam nada e as mulheres tinham que se conformar com rugas, manchas senis e os demais desconfortos da idade.
Mas os tempos modernos trouxeram tratamentos inacreditáveis e agora o sonho da juventude eterna parece estar bem próxima pois com as lipoaspirações, as cirurgias plásticas, os tratamentos capilares, os pós, cremes milagrosos e toda a parafernália que protegem as mulheres, está difícil envelhecer.
Mas como nesse mundo a perfeição não existe, de vez em quando alguma coisa dá errado e serve para criar episódios tristes para uns e muito divertidos para outros; e foi o que aconteceu com a coitada da Celina, ela nunca foi bonita, mas era aceitável, só que o tempo pegou pesado e seu rosto se enrugou todo.
Celina subiu de categoria: de feia passou a horrorosa e não se conformou com a situação, usou todos os Avons, Naturas e Boticários disponíveis no mercado, mas nada funcionou e no desespero resolveu se submeter a uma cirurgia plástica, mas com o dinheiro curto, ela procurou um cirurgião recém formado.
A cirurgia foi feita, mas o resultado não foi o esperado pela Celina e ela ficou ainda mais feia, mas se conformou porque apesar dos olhinhos puxados de asiática que ganhou, as malditas rugas sumiram e ela ia levando a vida até bem alegrinha, até o dia em que se encontrou com a inconveniente Isaurinha.
Celina se dirigia para a igreja e ao passar em frente a casa de Isaurinha foi parada por ela, que quis saber o endereço do cirurgião que fez a plástica e quando Celina disse, ela começou a rir e disse que ia passar longe daquele endereço para não virar japa e completou: você conseguiu ficar mais feia.
A pobre Celina voltou chorando para sua casa e dali em diante só saia com o rosto coberto por um chale; viveu amargurada por mais alguns anos, mas foi o suficiente para ver Isaurinha envelhecer e não ter dinheiro nem para pagar meia plástica; sentindo-se vingada, ela retirou o chale do rosto e voltou a ser feliz.
A vingança é um prato que se come frio.
Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}
Texto registrado no EDA