Mirtes morava num vilarejo bem, distante de tudo.
Casada com João, tiveram cinco filhos...

À medida que estes cresciam, rumavam para a cidade e ela e João, o marido ali no campo a trabalhar.Só trabalhar, agora, nem mais filhos podiam fazer...

A cada um que ia embora, o coração doía um pouco mais.
Sua vida era um eterno esperar...

Esperava carta do Joca, da Lia, do Juju, da Biluca e do Chiquinho. Ela triste chorava...

João dizia:
"-vai ti acustumá", ao que ela respondia:
"-Ô homi di Deus, sôdade num acustuma, dói!
Ô Juão, vamu imbora pra cidade nóis tumém...
Meu coração tá lá!"

"Guenta firme ,muié! Logu vô mi apusentá e cum us troquinho vamu pra lá tumbém...", ele respondia.

Passou o tempo...

Mirtes, de tanto trabalhar e esperar, morreu , dizem, de tanta saudade!

Agora ninguém mais olhava a caixinha e as cartinhas se acumulavam...
João não tinha coragem de olhar e nem adiantaria, pois nem ler sabia! Nem isso! Era tudo com sua "muié"...

Um dia, os filhos voltaram e encontraram  apenas a casinha fechada,João tinha ido embora pra cidade....

No quarto do casal, na parede sobre a cama, um quadrinho onde Mirtes havia feito um desenho, simples,rabiscos apenas de um casal com cinco crianças, onde escreveu  uma frase somente: "Não espere acontecer.Faça!"







Rejane Chica
Enviado por Rejane Chica em 12/12/2009
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