Não sabe brincar, não desce para o play... viciada em swing?!



 
Definição: Swing é o tradicional relacionamento emocional monogâmico temperado com a poligamia sexual.

Baseada em conversas, emails e muita disposição, três mulheres abriram o coração e partilharam seus segredinhos.
Os relatos não fazem apologia à nada, são apenas histórias que estavam loucas pra pular da gaveta e cair no mundo.
Minhas personagens desta vez, não são fantasia, muito pelo contrário, elas usam deste recurso para fazer o dia a dia mais interessante. Pessoas comuns, que levam a vida como acham melhor, não se importam com a opinião alheia e não estão preocupadas com rótulos. 
 





I- A história de Ana e Edgar
 
Quando Ana pensou que já havia feito de tudo, e que a vida estava monótona, um velho amigo sussurrou o convite: vamos a um clube de swing? – A idéia ficou remoendo, pesando pós e contras, pesquisa no Google, leituras de blogs e sites.  

Duas semanas depois, ela decidiu que não havia nada a perder, seria apenas uma experiência. Sem qualquer compromisso afetivo com o parceiro, ambos solteiros e sem perspectivas de relacionamento sério, em um sábado chuvoso, foram para a tal casa.

O que Ana não esperava, era encontrar um lugar bonito e discreto, com pessoas ‘’normais’’, ou seja, algumas mulheres usavam um decote mais generoso ou uma saia mais curta, mas ninguém ali estava fantasiada de prostituta. Os homens vestiam-se bem e salvo um olhar ou meio sorriso, o bar da entrada era como qualquer outro, nada diferente ou intimidante.

Algumas cervejinhas depois, decidiram subir e conhecer a casa. Edgar  já freqüentava e adorou ciceronear a amiga, deixando-a experimentar aos poucos a liberdade do sexo sem compromisso. Muito perspicaz, ela notou que alguns casais, invertiam os papéis na hora da escolha da parceira. A mulher aproximava-se e investia, coube a Ana decidir ter sua primeira experiência homossexual. E logo depois, foi-se deixando levar e perdeu a timidez, pudor ou qualquer resquício de preconceito.
Ana entrou de cabeça e aproveitou o máximo.

Durante a semana seguinte, entremeou sensações de culpa, arrependimento e satisfação. Além do amigo com quem tinha partilhado a aventura, não contou para mais ninguém, com receio da reação das pessoas. Há muito vinha levando a vida sozinha, apenas dividindo as preocupações com o trabalho e o dia a dia.

Pela primeira vez, pegou-se pensando em escolher uma lingerie bonita, mudar o visual, ousar um vermelho com as costas nuas, e principalmente comparar o prazer de uma noite, com os anos de  sexo morno do casamento desfeito... O ex-marido nunca pareceu tão sem importância. Quando recordava os quatro homens com quem fizera sexo, a forma como havia se soltado e todo restante, a excitação voltava com um arrepio de prazer. Finalmente, o sabor da aventura falou mais alto e Ana decidiu que queria mais.
 
Ligou para o amigo e combinaram o horário na sexta, não perderam tempo comentando nada, tudo já tinha sido conversado no bar da casa, o amigo só fizera um alerta:_cuidado para não ficar viciada, isto é muito bom...tão bom que sou sócio há três  anos e não consigo sair.

Ana levou tanto tempo para decidir, Edgar em uma única frase, afogou em dúvidas o que havia ponderado horas e horas. O desejo, adrenalina da fantasia e do proibido corriam forte e Ana novamente não sabia o que fazer. Queria tanto... O único senão, era o medo do vício que Edgar alertou de forma tão contundente.

Ana não podia prever até que ponto iria se envolver, durante a vida inteira, soube muito bem administrar seu comportamento e não desejava perder a cabeça. Para Ana, ser uma pessoa dependente estava fora do seu ideal de vida, aliás, da existência de qualquer ser humano forte e determinado. Ela desejava ter controle sobre a decisão de continuar, parar ou simplesmente esquecer tudo.

Sexta-feira, vinte e três horas, entrou no carro de Edgar e o encarou com o sorriso habitual. Nos meses seguintes, aguardava ansiosa, as sextas e sábados, dias do clube de swing. Algumas vezes aceitava convites para outras festas, mas não conseguia se divertir e sempre se arrependia. Ligava para Edgar e terminava a noite clube. Ele ria, dizia que o veneno já estava consumindo Ana, ela estremecia calada... Poço de contradições e sensações desconhecidas. Tudo muito novo e irresistível, impossível tomar uma decisão definitiva naquele momento. Ana precisava de mais tempo.

O amigo tornou-se o amante oficial, mas só faziam sexo no clube e jamais se encontravam em outros lugares. Algumas vezes, de tanto fazer o papel de mulher de Edgar, confundia as coisas e sentia ciúmes quando assistia o parceiro com outras mulheres. Nunca teve coragem de se expressar, imaginava ser  um pouco de carência e o receio de no fundo, depender dele para entrar naquela casa.
Existiam outras, em que podia ir sozinha, mas não tinha coragem de encarar, ainda não estava segura a este ponto.
Talvez tudo isto,  e o sentimento de posse surreal diante das circunstancias em que viviam a relação, estivessem forçando a decisão. Ana mergulhou  em um mar de dúvidas e insegurança, resolveu que era hora de traçar o caminho: parar de vez ou encarar as conseqüências.

Um ano e meio se passou, Ana conheceu outros swinguers e  Edgar tornou-se uma opção a mais. Começou a visitar diversas casas e clubes, viajou para o exterior e  experimentou as diferenças. Na Europa, ficou deslumbrada com a naturalidade, e finalmente aceitou que era aquela emoção que precisava para sentir-se satisfeita. 

Ana aumentou  seu círculo de amizade, e nos novos relacionamentos, foi sincera quanto seus gostos, justamente porque não queria uma vida dupla. O mais importante, é que não se sente viciada em nada, simplesmente acredita que cada pessoa tem sua forma de ser feliz. Quanto aos temores da  mulher insegura e indecisa, Ana deu um ponto final. Em sua definição, é um estilo de vida e ela não vai abrir mão de nada. 
 

II- Dr. Luiz e Marcia


Vinte e cinco anos de casamento, tudo muito tranqüilo e família. Tão normal e previsível, que quando Luiz convidou a esposa para conhecer um clube de swing, ela ficou histérica e começou a gritar horrores. Entre outras coisas, sentiu-se ofendida, preterida e finalmente, uma completa ignorante em assuntos de sexo.
Luiz apenas sugeriu uma sacudida na relação, para apimentar, enriquecer, ou simplesmente ter outras experiências.

O marido queria a companhia de Marcia, que compreendeu que pelo menos, ele estava sendo honesto, e ela também poderia ceder um pouquinho. Por curiosidade ou receio do parceiro ir de qualquer jeito, foram parar no melhor  clube da cidade, com a típica timidez de quem nunca fez nada fora do padrão. Pelo menos, para  a esposa ,   que havia se casado virgem e mantinha-se fiel ao marido, tudo aquilo era assustador e ao mesmo tempo, inquietante.

Luiz achou melhor sentarem no bar algum tempo, mas a mulher quis logo saber como as coisas funcionavam e foi entrando no quarto escuro sem a menor cerimônia. Marcinha estava ansiosa e quando sentiu o clima, embalada pelo anonimato, surpreendeu o marido, trocando carícias com outro casal bem mais jovem,  com a maior naturalidade. Luiz aprovou a escolha, sua nova parceira tinha tudo que ele gostava em uma mulher, mas assistir a esposa com outro, ainda mais, visivelmente satisfeita, agiu como um efeito broxante e assustador.

Ele nem havia reparado que o novo casal, realmente estava chamando atenção, tamanho empenho e entusiasmo da esposa.  O marido arrependido, foi obrigado a esperar que terminassem. Luiz  pediu para que ela ficasse com outra mulher, no caso, uma morena bonita,  que Marcia implicou por pura inveja. A moça era lindíssima e estava ansiosa demais em agradar,  Luiz insistiu na relação e ficou aborrecido com a recusa da esposa. Acabaram discutindo no bar, Ana sentiu-se péssima quando Luiz disse que ela havia estragado a noite, e nunca mais iriam a lugar nenhum do gênero.

Mal humorados, foram para casa e na sala mesmo, fizeram  sexo como nos tempos de namoro. Luiz chegou a conclusão que assistir a esposa com outro homem,  o deixou excitado, mas ao mesmo tempo, sentiu ciúmes de ver o quanto ela gozava.
Durante um bom tempo, Marcia pediu  para voltarem  ao clube, desejava experimentar outros parceiros, e na cama com o marido, já não tinham nada.  A vida para a dona de casa, tornou-se óbvia, e pela primeira vez deu-se conta que sempre fora desta forma, ela apenas estava acostumada e não havia experimentado nada melhor.

Sentindo-se solitária, Marcia tomou uma decisão radical e pesquisa daqui, pergunta dali, encontrou um clube onde mulheres podiam entrar desacompanhadas. Ainda que a maioria fossem casais, funcionava a tardinha, bem no horário da academia. Perfeitamente arquitetado, Marcia seguiu seu plano e começou a frequentar a casa. Percebeu que o nível era ótimo, tudo muito tranqüilo e discreto.
Desta forma, não sentiu o menor arrependimento. Durante todo o tempo em que passava as tardes no clube, aprendeu outras formas de amar, começou a gostar mais do próprio corpo e deixou de lado os falsos pudores.

Como nada é perfeito, Marcia descobriu que Luiz estava tendo um caso, foi mais fundo nas investigações e soube que o marido era viciado em encontros pela net. Pela primeira vez, vasculhou o computador do marido, ele tinha tanta certeza que ela não sabia usar nem o teclado, que não se dera ao trabalho de colocar senha ou esconder nada.
Em todas as fotos, de todas as formas possíveis, Marcia reconheceu a morena linda da casa de swing. A esposa respeitada e intocável, sentiu o peso dos anos em comum, tudo não havia passado de mais uma fantasia de luiz. Em nenhum momento ele pensou em nada além da própria satisfação.

Ponderou e tomou a decisão de ignorar as aventuras do marido, somou o patrimônio que haviam construído juntos, a estabilidade e a esperteza de Luiz em ocultar contas e outros bens. Resolveu que seria preciso muita coragem para ir adiante, manter a calma e cabeça fria. Tiveram a famosa conversa franca e Luiz ficou admirado com a determinação da mulher. Marcia preferiu não sair perdendo, mas também não iria deixar barato,  além das tardes furtivas, começou a viajar para  outras cidades e passar mais tempo fora de casa.

Filhos bem criados,  não devia satisfações a ninguém.  A  família pensava que a Marcia apenas estava aproveitando a vida, enquanto Luiz trabalhava demais. O que não deixava de ser verdade.
Até um cruzeiro fez... com as amigas, é claro!. Desta forma, como pessoas civilizadas, segundo suas próprias palavras, estabeleceram um código de convivência pacífica onde cada qual respeita o seu quadrado.
Marcia sempre visita casas de swing e conhece os melhores clubes. O mundo é grande demais para uma mulher com disposição e dinheiro para gastar, sem a menor pena... Dois pontos: Ela também não se considera viciada.
 


III- Tadeu e Alice


Para um jovem de vinte e poucos, Tadeu aparentava muito mais, talvez fossem  as roupas sóbrias e o ar intelectual. O fato é que o rótulo de nerd, sempre o perseguiu e  viver sozinho, deixava-o extremamente triste. Nunca teve nenhum relacionamento mais sério,  as mulheres o descartavam no primeiro encontro, algumas iam até os finalmente e simplesmente, desapareciam e não retornavam emails, ligações, nada... Ele nunca soube onde falhava. Ou melhor, tinha uma suspeita que seu pior inimigo, era a timidez e ansiedade, ou seja, Tadeu queria demais se apaixonar, queria tudo e acabava com nada.

Como passava a falsa impressão de ser todo correto e chato, poucos se aproximavam no trabalho. Todo o tempo livre, gastava na internet, a princípio com pesquisas e sites científicos. Depois, ele começou a se interessar pelo mundo virtual dos namoros e salas de bate-papo. Pensou que poderia conhecer gente interessante, anônima e sem compromisso. Um lugar onde pudesse sentir-se menos solitário. Nas salas de encontros, conheceu diversas mulheres e com algumas, sentiu certas afinidades.          

Mas com nenhuma tinha ido além das banalidades triviais, bobagens sem importância alguma, apenas para passar o tempo.
Coincidência ou não, fez amizade online com uma moça bem agradável, nada bonita mas bem resolvida em matéria de sexo. Passaram dois meses conversando, e um dia, a  menina que  já era antiga freqüentadora de clubes de swing, não teve o menor pudor em  partilhar suas experiências. No passado havia sido assídua, no momento estava um pouco afastada, mas gostaria de retornar. E já que Tadeu tinha tanta curiosidade sobre o assunto...

Daí para trocarem confidências foi um pulo, e o rapaz acabou contando o quanto sua vida amorosa era um completo fracasso. Alice era recém separada mas tranqüila, a amizade com Tadeu aos poucos, revelou o quanto o amigo era ansioso e inseguro. Alice quis ver onde estava escondido o verdadeiro Tadeu, porque pela net ele era tudo de bom: inteligente, sensual e com muitas fantasias não realizadas.

Alice convidou Tadeu para visitar uma casa de swing. Se houvesse clima, tudo bem, caso contrário poderiam aproveitar e participar apenas observando, ou até ir embora.
Ela fez questão de enfatizar que ali, ninguém era obrigado a nada, havia muitas opções, tipo sauna, barzinho ou espaço para dançar. Alice era muito franca, deixou claro que eles não tinham obrigação alguma de ficarem juntos, e ele achou a proposta bem ‘’relax’’.

Marcaram um encontro. Como amigos, sem maiores pretensões ou ansiedade. Pela primeira vez, Tadeu não se preocupou, entendeu que não precisaria provar nada a uma  moça que mal o conhecia e nem estava querendo romance ou nada além do combinado.

Encontraram-se na praça de alimentação de um grande Centro Comercial, não houve surpresas e Alice era exatamente como na foto e câmera.  Jantaram e foram a casa onde Alice era sócia com o ex-marido, Tadeu achou o clima elegante e tranquilo. Gostou do espaço,  mas não quis participar de nada, quando estavam indo embora, os dois brincaram um pouquinho, e este foi o primeiro passo para descontrair. A insegurança de Tadeu, as sucessivas rejeições, tudo isso, fizeram com que passasse um longo período fechado em sua concha... Alice só havia descoberto a pontinha do novelo, e soltou a meada com o maior prazer.

A química entre Tadeu e Alice não aconteceu de imediato. 
Levaram algum tempo e alguns encontros, até descobrirem que os finais de semana são mais divertidos com o clube, cinema ou um passeio na praia. Para eles não existe diferença, nem pensam em deixar a casa onde tiveram momentos ótimos juntos ou com outros casais.
 
Tadeu costuma dizer que Alice e ele são viciados em curtir a vida, e esta visão do que pensam,  é o retrato de muitas duplas que não deixaram os preconceitos ditarem as regras.

Mas esta é a historia deles, existem muitas outras... Estas foram escolhidas por serem leves, não apresentarem visões distorcidas e não induzirem a nada. Como todos os ‘’personagens’’ fazem questão de ressaltar, cada um faz da sua vida  o quem bem deseja, e quem não pecou, que atire a primeira pedra.
Giselle Sato
Enviado por Giselle Sato em 11/12/2009
Reeditado em 24/12/2009
Código do texto: T1971961
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