Trecho - Baía
"Ele é um ser provalvelmente encantado, de não sei de onde se fogem palavras incessantemente majestosas e infiéis de sua boca. Está dentro do ônibus a olhar da janela o que parece ser imensamente infinito: a baía. Emudece-se assim, como se não estivesse em lugar algum, e está ali, sentado, alimentando seus olhos famintos perdidos na ilha, nos arquipélagos. É fome o que vejo? Dava para ver seus olhos percorrendo as ondas da baía, afundando, depois submergindo incrivelmente. O sorriso abrindo-se cada vez mais súbito e misterioso - imergia, depois dava lugar a um franzir natural da testa, viam-se quase que imperceptívelmente as rugas desenhando-se, suavemente nos alguns contornos do rosto menino de que era, e de repente eu o via assim: fechando os olhos, interrompendo a luz que queria apossar-lhe pelas mãos, as cores que se refletiram na baía. Uma gota salgada do mar transportou-se bem silenciosamente para o seu olho direito: e eu o vi E ele não percebera o olhar dos outros humanos, talvez por se esquecer sempre de ser um como os outros. ( ... )"