Águas de Abril
Aquela bela tarde
Foi interrompida
Pelos estrondos dos trovões.
Saímos todos
Para ver o que acontecia.
Uma escuridão
Que surgia do sul
Vinha cobrindo
O belo céu azul.
Bandos de Maritacas
E de Pomboçus
Fugiam da escuridão
Voando na direção
Do lado claro do céu.
Urubus Pegaram carona
Numa térmica
E subiram,
Subiram,
Até sumirem de vista,
Escapando da escuridão,
Voando acima dela.
Dava para perceber
Que seria
Uma tempestade
Daquelas.
Raios cruzavam o céu,
Iluminando
Os olhos admirados
De minha filha.
E, como num dilúvio,
Desabou água.
Acompanhada
De uma intensa chuva de granizos.
As pedrinhas de gelo
Quicando no terreiro
Deixaram a minha menina
Ainda mais encantada.
E depois da tempestade,
Para fazer brilhar,
Ainda mais,
A água que da serra descia,
Ressurgiu o sol,
Tornando aquela tarde
Muito linda,
Como há muito tempo
Não se via.