MARIA MULATA

MARIA MULATA

Casamento não era o principal sonho de Maria Mulata; ela gostava de namorar, de rir e ser feliz na casa de sua mãe de criação dona Rosa. para onde foi levada bem pequena e se criou cercada de amor e carinho, mas já estava com quase trinta anos e naquela época as moças de família se casavam cedo, era o certo.

A família sempre cobrava de Maria a decisão de se casar e ela ia enrolando, até que apareceu o Célio e após alguns meses de namoro, ela noivou e pouco depois a data do casamento foi marcada; como naquele tempo, os enxovais das noivas era todo feito em casa, as mulheres da família meteram mãos a obra.

Durante um bom tempo elas bordaram, costuraram, fizeram crochê e finalmente tudo estava pronto; trataram dos papeis necessários e levaram para Lazinho o escrivão, preparar os proclamas, encomendaram um belo bolo de noiva , doces e salgados e esperaram sossegados o grande dia chegar finalmente.

Dentro do prazo certo os proclamas foram publicados no único jornal da pequena cidade e chegou finalmente o esperado dia; naquele sábado a natureza caprichou, estava ensolarado e soprava uma brisa suave e refrescante, o céu de um azul de brigadeiro embelezava tudo e lá se foi Maria Mulata, pelo braço de seu padrinho.

Vestida de branco, com um comprido véu esvoaçante e carregando um lindo buquê de flores de sabugueiro, ela estava muito bonita e sorridente, mas chegando na igreja, o padre disse que o escrivão Lazinho, não tinha levado os documentos civis, foram procurar o escrivão e descobriram que ele não preparara nada.

Diante da zanga de todos ele se explicou, dizendo que publicou os proclamas no jornal e depois se esqueceu do assunto e como sem documentos não se faz casamento, foi marcada nova data e a noiva e seus convidados voltaram para casa; comeram os quitutes e na data seguinte, o cerimonial foi todo repetido.

Novo bolo de noiva, novos doces e salgados foram encomendados, mas Maria estava muito desanimada e dizia: gente, se o homem não arrumou os papeis, é porque Deus não quer que eu case e acho melhor não teimar com Ele, porque isso pode não prestar e não me importo de ficar solteira, estou muito bem aqui.

Dona Rosa se zangou, dizendo que o casamento tinha que sair para ela não ficar mal-falada na cidade e como manda quem pode e obedece quem tem juiso, Maria se vestiu de branco novamente e desceu a rua pelo braço de seu padrinho a caminho da igreja e dessa vez se casou mesmo e se confirmou sua previsão e não prestou mesmo, porque o Célio era um traste.

Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}

Texto registrado no EDA

Vó Fia
Enviado por Vó Fia em 06/12/2009
Código do texto: T1963998
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