Dias felizes

Joguei um pedaço de ladrilho,

Paralelamente ao espelho d’água da lagoa,

Utilizando toda a minha força,

Ao tocar a água ele saltou

E foi quicando sobre a superfície

Até perder a velocidade

E afundar quando faltavam apenas alguns metros

Para alcançar a margem oposta.

Foi um recorde!

Contei dezoito “patinhos”,

Nome que dávamos

A cada quique do ladrilho sobre a água.

Depois,

Cortei um círculo de papel fino

Fiz furinhos como num ralo

Joguei-o para cima

Agarrado a uma pedra

E lá no alto,

Ao se desprender,

Ele pegou a corrente de ar

E voou para longe.

- Cuidado para a pedra não cair na cabeça!

Um dos garotos alertou.

Corremos atrás do pedacinho de papel

Até perdê-lo de vista

E a distância percorrida

Pelo “balãozinho”

Foi mais um recorde daquele dia.

Mais tarde,

Amarrei a ponta de um pedaço grande de barbante

Em uma extremidade de um cabo de vassoura

E a outra ponta na outra extremidade.

Sentado na ponte de tábua,

Joguei o cabo de vassoura no riacho

E puxando o barbante para um lado

E para o outro

Fazia o “aparador” deslizar sobre as águas,

Pegando coisas que boiavam na correnteza.

Um pedaço de caco de vidro

Preso na ponta do aparador

Mantinha o adversário à distância.

Ganhava quem aparasse mais coisas.

Por fim,

Montado em uma folha de coqueiro

Deslizei morro abaixo

Até mergulhar dentro do lago.

Nadei, mergulhei,

Corri, saltei,

Brinquei.

E no final do dia,

Voltei para casa

Da mesma forma que saí,

Sem nem um tostão no bolso,

Mas com um largo sorriso no rosto

Depois de tanta diversão.