CAJATI – Minha história com Santo Antônio - Parte 02
Ao amigo Joaquim e família
O senhor Miguel e Nilton impuseram com destaque o cultivo elementar da fruta, já que a região de Cajati é potente na produção e comercialização de bananas, podendo eles, superarem as demandas naquela região. Além disso, empregaram todos os recursos disponíveis na climatização da fruta, elaborando com muita atenção os planejamentos e comercialização da fruta.
Depois de alguns meses, ali no bairro São Lourenço, era fácil se observar o Elmo nos fundos da estufa, prestando seus humildes serviços de proteção à família e ao negócio. No entanto, amarrado no corredor com uma corrente, e um pedaço de fio para que este pudesse andar de um lado para o outro. Certo dia aproximou-se Joaquim da casa do cão, com o intento de limpar o local utilizado pelo cão de estimação e averiguar as circunstâncias dos ossos ruídos que este sempre agradava o cachorro, evitando juntar moscas e outros. E repentinamente, abaixando o corpo junto ao solo fora surpreendido por Elmo com uma traiçoeira mordida na orelha esquerda, que sem demonstrar fúria, o cão agindo silenciosamente mordeu, sacudiu e puxou o pedaço, deixando apenas dependurada num minúsculo fio de cartilagem. Tão logo, uma lagoa de sangue escorria pela lateral do ouvido do juvenil, pingando pelo solo.
Naquele exato momento, imperioso se ajustava as contrações de dor e o sangue que não parava de escorrer. Imediatamente, o seu pai levou-o ao hospital das Clinicas tendo sido submetido a uma cirurgia, levando 12 pontos na região afetada. E no hospital, o médico que atendia o jovem Joaquim, ainda parodiou recomendando que o mesmo quase acertava na loteria. Sem sorrir, Joaquim sentia as aflições da agulhada, tendo inclusive a pretensão de chegar em casa e matar o supracitado cão. Com os olhos inchados e da cor de morango, Joaquim apertava a boca entre os dentes, rugindo sem parar. Oportunidade em que o médico disse, advertindo-o:
-Já sei o que você está pensando em fazer com o cachorro ao chegar em casa, só que não pode fazer nada não. Ele tem que ficar em observação por alguns dias para ver se não está com raiva. E caso esteja com esta doença, daí, você terá que tomar mais de vinte injeções em volta do umbigo.
Naquele dia, Joaquim com a cirurgia realizada volta com o pai para o bairro São Lourenço. Pois, era ali o local da estufa onde eles empregavam a climatização no cultivo da banana, cujo endereço era moradia. Vê-se que os caixotes durante o dia eram empregados na exposição das frutas (bananas), e à noite se transformavam em verdadeiras camas espalhadas pelo solo com uns pedaços de compensados. Assim, nada do que havia imaginado poderia se comparar com a realidade que mansamente se desprendia.
Calados, e imaginativos, todos seguiam os conselhos e advertências da senhora Neif e do esposo Miguel, sempre empregando como travesseiro, a firmeza da fé, do amor e esperança. Mas, certo dia não fora como dantes, e nem suficiente para lastrear esta composição de sucesso nas atividades do agronegócio, e tão pouco se aproximou do império de bananas como realizado na cidade de Cajati.
Era justamente a onda magnética da inflação que num balanço oscilava naqueles parâmetros desiguais, assolando os custos da matéria-prima, desencadeando um crescente aumento nos custos de produção, sem se falar dos atravessadores que avançavam todos os sinais da concorrência. E diante desses caminhos cruzados, o preço da banana decaiu com os preços baixíssimos praticados na capital paranaense. Dados informativos apontavam sem quaisquer dúvidas, que a concorrência desenfreada dos produtos oriundos do litoral do Paraná, desembarcava na mesma âncora dos contragostos na oferta imoral dos preços de banana, colocando em risco e inviabilizando as operações já acertadas de comercialização dos cajatienses perante o CEASA de Curitiba.
Com o pesado nocaute nos preços da oferta e procura da fruta, o sócio e irmão de Neif, procurou receber determinada quantia referente a venda de um certo bem em Jacupiranga, partindo com esse dinheirama com a opção de nortear outros mercados para se manter na capital. Sem qualquer alternativa, Miguel Seabra soluçou com as pupilas imergidas neste sofrimento que o atingiu de frente pela primeira vez. Tornava-se como se fosse o absurdo e incompreensível no mundo dos negócios, e a banana com seu artigo popular, não mais valiam nada.
Miguel Seabra todos os dias, sentia a falta do sócio, companheiro e cunhado, e abalado com as notícias da queda da banana, deixava-o mais tristonho com as bananas que se estragavam sem poder fazer as entregas, mesmo que fosse a preço mínimo. Enquanto isso, Joaquim cursava eletrotécnica na CEFET-PR e os irmãos menores nas escolas públicas da cidade.
Houve sem qualquer tardança, em que a noite abeirou nos pratos silenciosos, a falta de nutrientes na concorrência da fome, batendo de lado com as injustiças da política governamental dos preços e seus escândalos negativos na política cambial. Mesmo, sem ter o necessário para comprarem e se alimentarem, dona Neif com carinho, fé e amor, corria os olhos na imagem de Santo Antônio, e que sem demora, algo de inusitado, vez que passados alguns instantes, eles já se encontravam cada qual com o seu prato em cima dos caixotes de madeira.
O avanço dos dias foi suficiente para neutralizar as meditações profundas de Miguel Seabra. O homem de Cajati que nos dias de quermesse sabia conquistar o povo nos leilões em prol da comunidade da igreja de Santo Antonio. Ainda, com esperanças e o positivismo que sempre lançava em suas conversas, não foram tão aprofundadas que chegou a ferir o íntimo de todas as suas intenções e sucessos.
Já era tarde, e as crianças bem como o Joaquim ainda não haviam retornado dos estudos. Varrendo a parte lateral da estufa, Neif olhava tristemente os passos do esposo, que numa agonia não se contentava com os resultados das vendas. Tendo em vista que o aluguel se encontrava em atraso, assim como outras contas. Os dedos macios e leves corriam no cabo da vassoura, desviando para o lado esquerdo, pressentia os modos e atitudes de Miguel. Muito embora ele não transparecesse as manchas da tristeza, porém, Neif era capaz de enxergar dentro do seu coração o que se passava. Do corredor, ela caminhou ao encontro do marido que se encontrava de cabeça baixa, sentado num caixote aguardando clientes. E pergunta:
-Miguel, O que vamos fazer para os meninos jantarem hoje à noite?
Miguel Seabra não teve oportunidade de levantar a cabeça, ouvindo, contornou com os braços, e afrouxando a fivela grande do cinto, respirou fundo. Nada disse, e tão pouco soube responder. Novamente, a esposa indaga querendo esclarecimentos.
-Miguel, você não me ouviu falar?
-Tenhas fé, esperança e amor.
Disse ele com estas três palavras mágicas, e Neif aceitou de maneira clara.
Sem se dar conta, o casal não percebe a entrada de Joaquim pelo corredor da estufa, instantes em que Miguel reafirma a esposa.
-Neif, Aqui já não dá mais pra nós. Temos que ir embora. Temos que voltar pra Cajati. Não podemos mais sofrer com os nossos filhos nos olhando. Não posso admitir que estas cobranças possam me deixar inquieto. O que você acha?
-Sinto e vejo que é hora de partimos. Não dá mais pra aturar esse sofrimento de dias e mais dias. As crianças não podem sofrer tanto assim.
Uma voz vinda do corredor da estufa toma conta do espaço, dizendo:
-Hei... Que negócio é esse de vocês voltarem para Cajati? Eu ouvir tudo do lado de fora.
Inquiriu Joaquim. Contudo, talvez o próprio pai pudesse explicar. Instantes em que responde:
-Sim. É verdade filho. Aqui já não comporta a gente, e seus irmãos são ainda menores. Não há mais nada que eu posso fazer ainda por aqui. Temos que voltar o mais rápido possível para Cajati. É lá onde ganho dinheiro. Aqui não temos como fazer dinheiro pra comer e pagar o aluguel em atraso, além de tantas cobranças.
Ele ficou agitado, e por alguns minutos ficou inerte ouvindo as declarações de seu pai que tão logo empreendeu o seguinte:
-Pai, que negócio é esse de voltar? Por favor! Eu faço qualquer coisa pai pra gente resolver essa situação. Eu posso deixar de estudar e assim podemos lutar juntos. Saiba meu pai, que neste período podemos arrumar qualquer coisa. Sem que possamos ficar olhando as bananas com o preço lá embaixo. O senhor sempre diz fé, esperança e amor. E então? Vamos nessa pai! Vamos dá a volta por cima. Vamos modificar e fazer novas estratégias capazes de modificar nem que seja um milímetro. Vamos lutar sem que seja preciso voltar para o interior. Eu acredito que tudo vai mudar e que tudo vai melhorar. Acredite pai! Deus está sempre conosco.
Miguel ouvindo calado e sensibilizado com as palavras do filho mais velho atende as súplicas deste. E dias depois, dona Neif já se encontra fazendo marmitas para os trabalhadores de uma obra bem próxima. Era o recomeço para uma grande jornada, e que sobressaindo assim, talvez, seria mais uma opção de negócio para se manterem em Curitiba durante as intempéries desgostosas que a vida sempre apresenta.
A felicidade no rosto de Joaquim parecia brilhar, um aumentativo ofuscou com robustez a sensibilidade e a maneira de encontrar caminhos e soluções presentes. Pai e filho na ponta do negócio, empreendendo buscas com o único bem que restava. Era uma Kombi que atravessa as ruas e avenidas de Curitiba levando bananas ao grande centro do Ceasa, e trocando por frutas e verduras mais acessível para vendas nos bairros.
Como se sabe, a veiculação com o crescimento dos grandes centros urbanos necessitou de um processo mais eficaz de distribuição dos produtos hortigranjeiros em substituição dos mercados tradicionais. E foi ali pela na Avenida João Gualberto, nº 1.740, no bairro Tatuquara, que o jovem Joaquim e o pai senhor Miguel adentravam na Ceasa – Centrais de Abastecimento do Paraná S/A. Após realizarem as humildes trocas de frutas e verduras por banana, desciam com a Kombi pela Praça São Paulo da Cruz, outrora retornando pela Rua Campos Sales. Apressados, penetravam na Avenida Anita Garibaldi, e num jato de carreira, já se encontravam pela Rua Holanda ou então pela Avenida Paraná. O tempo não marcava as horas, apenas os olhares faziam chegar lá pela Av. Mal. Mascarenhas de Morais, bem como chegavam até mesmo pela Avenida. Santos Dumont, e às vezes, amigos podiam constatar suas presenças lá pela Avenida Domingos Souza Júnior oferecendo os produtos a diversos bairros da cidade.
A luz do sol relampejava na constância de todos os dias, e sem demora, certo dia passado pelo bairro Pilarzinho, os dois na Kombi, observaram a disponibilidade de venda de uma banca de frutas e verduras. Daí, os dois, Joaquim e Miguel emprenharam-se em comprar, após fechado o negócio, cuja banca de frutas e verduras ficava em frente ao Conjunto Bracatinga no mesmo bairro, colocando à frente o irmão Camilo. Podia-se afirmar que era mais uma fonte de renda, mais uma chance aos olhos dos cajatienses. Enquanto os dois rodavam com a Kombi pela cidade, e estes eram responsáveis em levar o almoço do irmão Camilo no bairro Pilarzinho. Como tudo acontece, trânsito pra lá, trânsito pra cá, e em meio a esta confusão, esqueceram de levar o almoço do irmão Camilo. No entanto, já era tarde, e com muita fome, este se passou a comer as uvas. O rapaz comeu tantas uvas para saciar a fome que acabou tendo uma forte dor de barriga que terminou passando mal.
NO BAIRRO ABRANCHES - CURITIBA
Não passou muito tempo, Miguel e Joaquim se desfizeram de uma banca de revista e por fim, entregaram o ponto. E desse mesmo modo, não havia condições de permanecer com a estufa na qual só operava com perdas. Foi aí que resolveram entregar o ponto comercial da climatizadora de bananas no bairro São Lourenço e se livrar do aluguel. E com muita graça de Deus e os olhos batendo na fé, esperança e amor, em seguida, eles souberam de uma casa no bairro Abranches, também de origem polonesa, cujo bem pertence a uma família de religiosos na qual possui um filho padre. Ressalta-se que a referida casa ficava bem em frente ao Cemitério do Abranches, com início da rodovia dos minérios que dá acessos a cidade metropolitana de Curitiba - Almirante Tamandaré.
Ao chegarem ao endereço indicado, se apresentaram e após longa conversa com os proprietários, estes, avisaram que não tinha como comprovar rendimento, aduzindo que haviam chegado recentemente na cidade. E foi nesta mencionada hora em que Deus abriu mais uma janela de prova, conseguindo alugar o imóvel. Os móveis eram pouquíssimos em relação a geografia da casa, mais era ali, uma residência onde a família pudesse manter ali os vínculos do amor, prosperidade e amizade.
Todos os dias, eles faziam o trajeto pela rodoviária velha em Curitiba, passando Praça Senador Correia ao lado da Igreja Nossa Senhora de Guadalupe. Não havia como esquecer e quase todos os dias passavam para agradecer, e suplicando a graça de alcançar um bom negócio ou mostrar uma direção eficaz. Foi assim que Miguel numa tarde conversou com o filho, dizendo.
-Joaquim. Receba a Nossa Senhora de Guadalupe como sua madrinha. Estamos sempre aqui, e você seria a pessoa mais indicada.
-Sim meu pai. Respondeu ele olhando para a Santa.
Importante ressaltar, que haverá no dia 12 de Dezembro de 2009, às 00h00, uma suntuosa missa na Paróquia de Nossa Senhora de Guadalupe, cuja missa será celebrada em honra à Santa, em Curitiba (PR, com o Padre Reginaldo Manzotti.
E sinalizando, já era aproximadamente, 18 horas, daquele dia chuvoso, Joaquim e Miguel estavam na Kombi, o limpador do para-brisa nem respondia na quantidade de chuva que caía vindo a estacionar ao lado da igreja. Podia se ressalvar que o temporal não parava, assim como todas as tardes que eles saiam para trabalharem. Um pouco deprimido Joaquim permanecia calado, observando os horizontes à espera que a chuva parasse. E sem saber o rumo a tomar a partir das 18 horas, ali ficavam. Minutos se passavam, as badaladas do sino soavam, era a hora do Ângelus, e prontificados, ali no automóvel, eles ouviam a Ave-Maria sendo tocada na graciosidade dos instrumentos musicais. A melodia invadia a nuvem branca da paz, ofertando aos dois que se encontravam na Kombi, o instrumento da fé e da esperança. E na compreensão do mistério da fé, é preciso ter Cristo no coração que nos guiou e deu sua vida para salvar.
Assim, dizia o Padre Vitor Coelho de Almeida já falecido e muito conhecido na região de São Paulo:
“Há um encanto lindo ao entardecer onde as coisas do dia dão lugar às coisas da noite, e sai o sol e entra a lua, e as estrelas do céu são obra divina do nosso criador Deus Pai Todo Poderoso”
Noutra oportunidade na residência no bairro Abranches, o dia surgia um pouco diferente dos outros dias, nem sequer dez centavos havia nos bolsos de Miguel e Joaquim para comprar um pão. Uma situação com tantas amarguras que fechavam as pinceladas dos olhos das crianças. Joaquim sempre atento aos jornais de classificados e sem pressa apareceu estampado no jornal “VENDO LANCHONETE DENTRO DE HOSPITAL”.
Sem estarem com dinheiro, nem por isso desanimaram e rumaram de imediato até ao local, oportunidade em que conheceram o proprietário de nome Milton. Sem haver qualquer dúvida, até hoje Joaquim não entende como foram encontrar algo nos classificados, vez que não tinham dinheiro para comprar nada. Tendo este sempre afirmado ser um milagre. De outra banda, a lanchonete ficava num dos hospitais mais respeitados de nome “Hospital Cajuru” pertencente aos Irmãos Maristas da mesma rede do Colégio Marista, e atualmente o Hospital Universitário Cajuru, um excelente prestador de serviços médicos com princípios médicos, cristãos e maristas, atuando na área de saúde como ponto referencial e disponibilizando do maior pronto-socorro do Paraná.
Com entusiasmo, Joaquim e Miguel negociaram, pondo a disposição o único bem como parte de pagamento, o que de fato foi recusado pelo proprietário, na qual não aceitava a Kombi como entrada, vez que este já dispunha de um veículo e queria a parte inicial em dinheiro.
Inconformados, não desistiram do grande negócio, passando na lanchonete todos os dias, tendo inclusive, realizado laços fortes de amizades com o gerente e o chapeiro que por coincidência se chamavam pelo mesmo nome “Antônio” e outra funcionária que atendia por nome Nair que fazia os salgados.
Sem se cansar, Joaquim e Miguel não deixavam de arriscar um velho palpite de que a Lanchonete um dia pudesse ser os proprietários. E naquela manhã, repleta de esperanças, os dois saíram em busca de outros negócios, ocasião em que passaram pelo Hospital Cajuru, como fazem repetidas vezes durante a semana para tomar conhecimento sobre a venda da lanchonete, acreditando que a qualquer hora poderia dar certo o negócio. Ao entrarem no recinto, depararam com o proprietário conversando com um senhor, imediatamente, eles procuraram o gerente chamado Antônio da qual desfrutava já de vasta amizade. Atendendo, o gerente o cumprimentou e noticiou a estes que o Sr. Milton já havia fechado negócio com o senhor que também se chamava Antônio, cujo pagamento fora feito à vista.
Sem demora, Joaquim e o seu pai Miguel se dirigiram ao proprietário da lanchonete, e neste ensejo, agradeceram pela atenção que havia dispensado, e desejando ao novo proprietário e toda a sua família sucesso na nova empreitada. Em seguida, o senhor Milton também pediu desculpas, sendo grato pela devida atenção, logo, pai e filho se retiram.
Dali saiu triste. Joaquim com o olhar deprimido e a sobrancelha levantada, abaixava a cabeça acompanhando o pai. Não restava mais nenhuma expectativa, nenhum caminho que pudesse voltar atrás nas aspirações formadas sobre o negócio da compra e venda. E com desate, alinharam-se nos beirais da consciência do jovem, os passos abatidos sem inspiração. Era o fim de uma labuta que persistia há várias semanas sem abrolhar qualquer margem de sucesso, afogando por sua vez, as últimas chances de uma luta em que o pouco dinheiro ou a carência financeira é capaz de atrasar a continuidade de qualquer probabilidade. E as condições financeiras não se abriam para galopar nas intimidações que qualquer homem de negócio necessita demonstrar nos atos comerciais do crédito. Realmente, o único patrimônio a medir peso naquelas condições desfavoráveis era a Kombi. Era a principal e única fonte de valor econômica e financeira da família, mesmo assim, era o símbolo com que a família poderia injetar em qualquer negócio que alavancaria uma saída para a crise.
Na vida, é de esperar-se que toda a sabedoria e sensibilidade andam juntas. Notadamente, a intuição e a experiência por mais que não acompanham os resultados óbvios dos acontecimentos do cotidiano, são os basilares que flamejam nos sonhos e perquirem na sombra do homem por onde quer que vá. Nota-se que a paisagem marcada na apreensão da compra e venda da lanchonete, rebaixou e ocasionou terríveis gritos dentro de cada um deles. Somente o silencio atravessado naquela hora, permitia, infelizmente, denotar que o pai e o filho correndo daqui e por aí, sempre planejando uma melhoria de vida à família, amargou-se transitoriamente no meio da verdade a melancólica, trazendo à realidade de não terem conseguido realizar o negócio.
O MILAGRE DE SANTO ANTÔNIO
Mais um dia se passou. Depois, passado exatamente um mês que o senhor Milton havia vendido a lanchonete para o senhor Antônio, o tempo já havia respondido a perca redutível de todas as somas matemáticas para a aquisição daquele bem tão desejado.
Mas, o mês de junho, o sexto mês do ano de 1983, era um mês de suma importância nas tradições das festas de Santo Antônio, pois naquele dia, marcava uma tarde chuvosa de inverno na Cidade Sorriso. Instantes em que surge um homem, e não podia deixar de ser o Antônio, gerente da lanchonete na qual Joaquim e o senhor Miguel Seabra haviam travado amizades. Despontando ali no bairro Abranches com um largo sorriso no rosto, disse:
-Joaquim e seu Miguel! Sabem... O senhor Antônio está querendo vender a lanchonete. Ele não está agüentando, e disse que ele era acostumado a trabalhar com viagens, e agora se sente como um passarinho preso na gaiola. E quer vender com urgência. É por isso que vim aqui correndo comunicar a vocês.
Surpreso e sem nada entender, Joaquim pergunta:
-Mas rapaz como foi que você achou o nosso endereço? Não me lembro de ter deixado com você.
Prontamente, o gerente da lanchonete respondeu.
-Joaquim. Lembre-se que certa vez você me falou que morava no bairro do Abranches próximo ao cemitério e continuação da Avenida Mateus Leme. Então, eu resolvi vir e desci em frente ao cemitério. Também quero lhe pedir uma coisa. Não fale nada para o Sr. Antônio de que ele nos havia avisado sobre a possível venda da lanchonete.
Joaquim com um sorriso, falou:
-Fique tranqüilo que nada irei falar sobre sua vinda aqui.
Mais ligeiro do que imediatamente, Joaquim e Miguel abriram largas calçadas de sorrisos, contando os fatos a dona Neif. Em razão disso, a satisfação da notícia espalhou nos corações da família cajatiense que apressada procurou o senhor Antônio, proprietário da lanchonete no Hospital Cajuru. E diante do processo de negociação para a aquisição da lanchonete, já se podia contar nos dedos, que beirava os trinta dias de conversas pra lá e conversas pra cá. O jovem Joaquim e o senhor Miguel Seabra acompanhava sempre o senhor Antônio na lanchonete, perdurando as conversas até mesmo no auxílio do proprietário quando este realizava as compras no mercado local para a loja. E nestas empreitadas, Joaquim e o pai levavam dona Neif que ficava dialogando com a esposa do senhor Antônio enquanto os dois mantinham contato negocial com o mesmo.
O senhor Miguel sempre conservando lhaneza no trato e a constante urbanidade nos procedimentos, ouviu atentamente quando o senhor Antonio disse;
-Senhor Miguel, não posso vender para vocês desta forma, somente dando como entrada a Kombi. Veja que o senhor irá ficar sem o carro e que se torna necessário para este tipo de negócio. Então me fale. Qual é a garantia que terei com o restante do pagamento? O senhor há de convir comigo que eu comprei à vista e como venderei a prazo? Pois, eu vou precisar do dinheiro.
O senhor Miguel procurou de todas as formalidades como entregar o veículo como sinal de pagamento, o que foi recusado pelo senhor Antonio. E com tantas meditações, entraram em contato com parentes no interior com a finalidade de arrecadar dinheiro e acertar a compra. E nestas instâncias, Joaquim e Miguel não desistiram, primeiro motivados pela notícia de venda da lanchonete, e segundo pelo fato de tudo ter acontecido e que não fora por acaso, haja vista a existência de três pessoas com o nome Antônio na jogada (referindo-se aos dois funcionários da lanchonete). Lembrou-se que também havia outro Antonio perfazendo a somatória de quatro. Logicamente, imaginaram tratar-se do mês de junho e o mês do Santo Antônio, na qual o senhor Miguel era fervoroso devoto do santo e padroeiro da cidade natal de Joaquim.
Com insistência, muita fé, esperança e amor, o pai e o filho lograram êxitos na proposta de aquisição da lanchonete, e por incrível que pareça, realizaram o negócio sem qualquer base de números para equilibrar a previsão dos pagamentos, tão somente a entrega do bem (Kombi) como garantia real. E daí, dotados de verdadeiros espíritos na fé em Deus, ajudados com a intercessão e a boa advocacia do Santo Antônio com o nome de Jesus Cristo, no dia 24 de junho de 1984, assumiram a lanchonete dentro do Hospital Cajuru. Não olvidando que depois que realizaram o contrato com o Hospital Cajuru, eles apresentaram a carta de apresentação em que o Padre Macário apontava como boas pessoas e de virtudes,oportunidades em que se dirigiram a Reitoria da Universidade Católica do mesmo grupo dos Irmãos Maristas. Legitimando nos braços os arcos da coragem, a família de Miguel Seabra de Oliveira Neto, sua esposa e filhos, em conjunto com o filho mais velho Joaquim, depositaram gotas de esperanças, fé, amor e confiabilidade em Santo Antonio, antes da expiração dos prazos para pagamento, quitaram de uma só vez o combinado com o proprietário, senhor Antônio. E nestes caracteres mágicos de fé e expectativa, não foi preciso se desfazer da Kombi.
Foi dessa forma, e desta maneira, que a lâmpada projetada por Santo Antonio, flamejando em todos os passos da família, operou um verdadeiro milagre de Deus, conduzindo, retos, na comunhão dos negócios empresariais. Com o brado do jovem Joaquim em alcançar um brilho com todas as dignidades possíveis à família, não deixara partir seus irmãos e seus pais às suas origens – Cajati. Sabendo este, que a luta mais feroz é quando se domina a flor do entusiasmo, e se pula nos degraus dos sacrifícios com as pérolas do padroeiro dos pobres – Santo Antonio.
Atualmente, a família ostentando com garra e indelével sucesso, possui uma rede nas melhores instâncias dos Hospitais e Universidades de Curitiba, estendendo-se para o interior de Santa Catarina com o nome OLIVEIRA’S GASTRONOMIA, enaltecendo o sobrenome da família e empregando mais de 100 colaboradores em toda a rede.
E nesta trajetória, toda a família de Miguel Seabra, assim como filhos, sobrinhos, netos, cunhados , amigos e conhecidos estarão reunidos no grande festejo do padroeiro da cidade na Igreja Matriz de Santo Antonio de Cajati (SP), simbolizando as trilhas de todos os anos quando viajam com destino à terra do índio Botujuru e Matias Pontes. E com suporte, Miguel Seabra, além de prestar ajuda humanitária de quem os procura, dando encosto aos necessitados na área de saúde ou a qualquer pessoa que necessite. E durante o festejo de Santo Antônio, leva com ele os santinhos e medalhas a serem distribuídos nas comemorações após a missa.
E traçando o dia que advém, no sábado, 13 de junho de 2009, é hora de invocarmos Santo Antonio. Nominado por Fernando de Bulhões, seu verdadeiro nome, que nasceu em Lisboa em 15 de agosto de 1195, numa família pobre e com apenas 15 anos entrou para o convento. Depois trocou de nome passando para Antonio e ingressou na Ordem Franciscana. Com inteligência foi indicado professor de teologia pelo Santo São Francisco de Assis. Com o ar de bondades, lecionou em várias Universidades, foi um grande orador sacro no sul da França e na Itália. Os seus sermões permaneceram célebres. E em vários lugares eram atribuídos feitos prodigiosos
Após uma crise de hidropisia (Acúmulo patológico de líquido seroso no tecido celular ou em cavidades do corpo). Antônio morreu a caminho de Pádua em 13 de junho de 1231. Foi canonizado em 13 de maio de 1232 (apenas 11 meses depois de sua morte) pelo papa Gregório IX.
A profundidade dos textos doutrinários de santo Antônio fez com que em 1946 o papa Pio XII o declarasse doutor da igreja. No entanto, o monge franciscano conhecido como santo Antônio de Pádua ou de Lisboa tem sido ao longo dos séculos, objeto de grande devoção popular.
“CINCO MINUTOS DIANTE DE SANTO ANTÔNIO”
Há quanto tempo te esperava, ó alma devota, pois bem conheço as graças de que necessitas e que queres que eu peça ao Senhor.
Estou disposto a fazer tudo por ti; mas, filho, dize-me uma a uma todas as tuas necessidades, pois desejo ser o intermediário entre tua alma e Deus com o fim de suavizar teus males. Sinto a aflição de teu coração e quero unir-me às tuas amarguras.
Desejas o meu auxílio no teu negócio..., queres a minha proteção para restituir a paz na tua família..., tens desejo de conseguir algum emprego..., queres ajudar alguns pobres..., alguma pessoa necessitada..., desejas que cesse alguma tribulação..., queres a tua saúde ou a de alguém a quem muito estimas? Coragem, que tudo obterás.
Agradam-me, também, as almas sinceras que tomam sobre si as dores alheias, como se fossem próprias. Mas, eu bem vejo como desejas aquela graça que há tanto tempo me pedes.
Tem fé que não tardará a hora em que hás de obtê-la.
Uma coisa, porem, desejo de ti. Quero que sejas mais assíduo ao Santíssimo Sacramento; mais devoto para com a nossa Mãe, Maria Santíssima; quero que propagues a minha devoção e ajudes meus pobres. Oh! Quanto isso me agrada ao coração! Não sei negar nenhuma graça àqueles que socorrem os outros por meu amor, e bem sabes quantos favores são obtidos por esse meio.
Quantos, com viva fé, têm recorrido a mim com o pão dos pobres na mão e são atendidos! Invocam-me para ter êxito feliz em um negócio, para achar um objeto perdido, para obter a saúde de uma pessoa enferma, para conseguir a conversão de alguém afastado de Deus, e eu, por amor dos meus pobres cuja miséria está a meu cargo, obtenho de Deus tudo o que pedem e ainda muito mais.
Temes que eu não faca outro tanto por ti? Não penses nisso porque prezo muito as prerrogativas concedidas por Deus de ser – o santo dos milagres. Muitos outros, como tu, têm precisado de mim e temem pedir-me, pensando que me importunam.
Leio tudo no fundo do coração e a tudo darei remédio; hei de obter as graças; não temas. Agora, volta às tuas ocupações e não te esqueças do que te recomendei; vem sempre procurar-me, porque eu te espero; tuas visitas me hão de ser sempre agradáveis, porque amigo afeiçoado como eu não acharás.
Deixo-te no coração sagrado de Jesus e, também, no de Maria e no de São José.
Reze em seguida: 1 Pai-Nosso, Ave-Maria e Glória ao Pai
FIM
Ao amigo Joaquim e família
O senhor Miguel e Nilton impuseram com destaque o cultivo elementar da fruta, já que a região de Cajati é potente na produção e comercialização de bananas, podendo eles, superarem as demandas naquela região. Além disso, empregaram todos os recursos disponíveis na climatização da fruta, elaborando com muita atenção os planejamentos e comercialização da fruta.
Depois de alguns meses, ali no bairro São Lourenço, era fácil se observar o Elmo nos fundos da estufa, prestando seus humildes serviços de proteção à família e ao negócio. No entanto, amarrado no corredor com uma corrente, e um pedaço de fio para que este pudesse andar de um lado para o outro. Certo dia aproximou-se Joaquim da casa do cão, com o intento de limpar o local utilizado pelo cão de estimação e averiguar as circunstâncias dos ossos ruídos que este sempre agradava o cachorro, evitando juntar moscas e outros. E repentinamente, abaixando o corpo junto ao solo fora surpreendido por Elmo com uma traiçoeira mordida na orelha esquerda, que sem demonstrar fúria, o cão agindo silenciosamente mordeu, sacudiu e puxou o pedaço, deixando apenas dependurada num minúsculo fio de cartilagem. Tão logo, uma lagoa de sangue escorria pela lateral do ouvido do juvenil, pingando pelo solo.
Naquele exato momento, imperioso se ajustava as contrações de dor e o sangue que não parava de escorrer. Imediatamente, o seu pai levou-o ao hospital das Clinicas tendo sido submetido a uma cirurgia, levando 12 pontos na região afetada. E no hospital, o médico que atendia o jovem Joaquim, ainda parodiou recomendando que o mesmo quase acertava na loteria. Sem sorrir, Joaquim sentia as aflições da agulhada, tendo inclusive a pretensão de chegar em casa e matar o supracitado cão. Com os olhos inchados e da cor de morango, Joaquim apertava a boca entre os dentes, rugindo sem parar. Oportunidade em que o médico disse, advertindo-o:
-Já sei o que você está pensando em fazer com o cachorro ao chegar em casa, só que não pode fazer nada não. Ele tem que ficar em observação por alguns dias para ver se não está com raiva. E caso esteja com esta doença, daí, você terá que tomar mais de vinte injeções em volta do umbigo.
Naquele dia, Joaquim com a cirurgia realizada volta com o pai para o bairro São Lourenço. Pois, era ali o local da estufa onde eles empregavam a climatização no cultivo da banana, cujo endereço era moradia. Vê-se que os caixotes durante o dia eram empregados na exposição das frutas (bananas), e à noite se transformavam em verdadeiras camas espalhadas pelo solo com uns pedaços de compensados. Assim, nada do que havia imaginado poderia se comparar com a realidade que mansamente se desprendia.
Calados, e imaginativos, todos seguiam os conselhos e advertências da senhora Neif e do esposo Miguel, sempre empregando como travesseiro, a firmeza da fé, do amor e esperança. Mas, certo dia não fora como dantes, e nem suficiente para lastrear esta composição de sucesso nas atividades do agronegócio, e tão pouco se aproximou do império de bananas como realizado na cidade de Cajati.
Era justamente a onda magnética da inflação que num balanço oscilava naqueles parâmetros desiguais, assolando os custos da matéria-prima, desencadeando um crescente aumento nos custos de produção, sem se falar dos atravessadores que avançavam todos os sinais da concorrência. E diante desses caminhos cruzados, o preço da banana decaiu com os preços baixíssimos praticados na capital paranaense. Dados informativos apontavam sem quaisquer dúvidas, que a concorrência desenfreada dos produtos oriundos do litoral do Paraná, desembarcava na mesma âncora dos contragostos na oferta imoral dos preços de banana, colocando em risco e inviabilizando as operações já acertadas de comercialização dos cajatienses perante o CEASA de Curitiba.
Com o pesado nocaute nos preços da oferta e procura da fruta, o sócio e irmão de Neif, procurou receber determinada quantia referente a venda de um certo bem em Jacupiranga, partindo com esse dinheirama com a opção de nortear outros mercados para se manter na capital. Sem qualquer alternativa, Miguel Seabra soluçou com as pupilas imergidas neste sofrimento que o atingiu de frente pela primeira vez. Tornava-se como se fosse o absurdo e incompreensível no mundo dos negócios, e a banana com seu artigo popular, não mais valiam nada.
Miguel Seabra todos os dias, sentia a falta do sócio, companheiro e cunhado, e abalado com as notícias da queda da banana, deixava-o mais tristonho com as bananas que se estragavam sem poder fazer as entregas, mesmo que fosse a preço mínimo. Enquanto isso, Joaquim cursava eletrotécnica na CEFET-PR e os irmãos menores nas escolas públicas da cidade.
Houve sem qualquer tardança, em que a noite abeirou nos pratos silenciosos, a falta de nutrientes na concorrência da fome, batendo de lado com as injustiças da política governamental dos preços e seus escândalos negativos na política cambial. Mesmo, sem ter o necessário para comprarem e se alimentarem, dona Neif com carinho, fé e amor, corria os olhos na imagem de Santo Antônio, e que sem demora, algo de inusitado, vez que passados alguns instantes, eles já se encontravam cada qual com o seu prato em cima dos caixotes de madeira.
O avanço dos dias foi suficiente para neutralizar as meditações profundas de Miguel Seabra. O homem de Cajati que nos dias de quermesse sabia conquistar o povo nos leilões em prol da comunidade da igreja de Santo Antonio. Ainda, com esperanças e o positivismo que sempre lançava em suas conversas, não foram tão aprofundadas que chegou a ferir o íntimo de todas as suas intenções e sucessos.
Já era tarde, e as crianças bem como o Joaquim ainda não haviam retornado dos estudos. Varrendo a parte lateral da estufa, Neif olhava tristemente os passos do esposo, que numa agonia não se contentava com os resultados das vendas. Tendo em vista que o aluguel se encontrava em atraso, assim como outras contas. Os dedos macios e leves corriam no cabo da vassoura, desviando para o lado esquerdo, pressentia os modos e atitudes de Miguel. Muito embora ele não transparecesse as manchas da tristeza, porém, Neif era capaz de enxergar dentro do seu coração o que se passava. Do corredor, ela caminhou ao encontro do marido que se encontrava de cabeça baixa, sentado num caixote aguardando clientes. E pergunta:
-Miguel, O que vamos fazer para os meninos jantarem hoje à noite?
Miguel Seabra não teve oportunidade de levantar a cabeça, ouvindo, contornou com os braços, e afrouxando a fivela grande do cinto, respirou fundo. Nada disse, e tão pouco soube responder. Novamente, a esposa indaga querendo esclarecimentos.
-Miguel, você não me ouviu falar?
-Tenhas fé, esperança e amor.
Disse ele com estas três palavras mágicas, e Neif aceitou de maneira clara.
Sem se dar conta, o casal não percebe a entrada de Joaquim pelo corredor da estufa, instantes em que Miguel reafirma a esposa.
-Neif, Aqui já não dá mais pra nós. Temos que ir embora. Temos que voltar pra Cajati. Não podemos mais sofrer com os nossos filhos nos olhando. Não posso admitir que estas cobranças possam me deixar inquieto. O que você acha?
-Sinto e vejo que é hora de partimos. Não dá mais pra aturar esse sofrimento de dias e mais dias. As crianças não podem sofrer tanto assim.
Uma voz vinda do corredor da estufa toma conta do espaço, dizendo:
-Hei... Que negócio é esse de vocês voltarem para Cajati? Eu ouvir tudo do lado de fora.
Inquiriu Joaquim. Contudo, talvez o próprio pai pudesse explicar. Instantes em que responde:
-Sim. É verdade filho. Aqui já não comporta a gente, e seus irmãos são ainda menores. Não há mais nada que eu posso fazer ainda por aqui. Temos que voltar o mais rápido possível para Cajati. É lá onde ganho dinheiro. Aqui não temos como fazer dinheiro pra comer e pagar o aluguel em atraso, além de tantas cobranças.
Ele ficou agitado, e por alguns minutos ficou inerte ouvindo as declarações de seu pai que tão logo empreendeu o seguinte:
-Pai, que negócio é esse de voltar? Por favor! Eu faço qualquer coisa pai pra gente resolver essa situação. Eu posso deixar de estudar e assim podemos lutar juntos. Saiba meu pai, que neste período podemos arrumar qualquer coisa. Sem que possamos ficar olhando as bananas com o preço lá embaixo. O senhor sempre diz fé, esperança e amor. E então? Vamos nessa pai! Vamos dá a volta por cima. Vamos modificar e fazer novas estratégias capazes de modificar nem que seja um milímetro. Vamos lutar sem que seja preciso voltar para o interior. Eu acredito que tudo vai mudar e que tudo vai melhorar. Acredite pai! Deus está sempre conosco.
Miguel ouvindo calado e sensibilizado com as palavras do filho mais velho atende as súplicas deste. E dias depois, dona Neif já se encontra fazendo marmitas para os trabalhadores de uma obra bem próxima. Era o recomeço para uma grande jornada, e que sobressaindo assim, talvez, seria mais uma opção de negócio para se manterem em Curitiba durante as intempéries desgostosas que a vida sempre apresenta.
A felicidade no rosto de Joaquim parecia brilhar, um aumentativo ofuscou com robustez a sensibilidade e a maneira de encontrar caminhos e soluções presentes. Pai e filho na ponta do negócio, empreendendo buscas com o único bem que restava. Era uma Kombi que atravessa as ruas e avenidas de Curitiba levando bananas ao grande centro do Ceasa, e trocando por frutas e verduras mais acessível para vendas nos bairros.
Como se sabe, a veiculação com o crescimento dos grandes centros urbanos necessitou de um processo mais eficaz de distribuição dos produtos hortigranjeiros em substituição dos mercados tradicionais. E foi ali pela na Avenida João Gualberto, nº 1.740, no bairro Tatuquara, que o jovem Joaquim e o pai senhor Miguel adentravam na Ceasa – Centrais de Abastecimento do Paraná S/A. Após realizarem as humildes trocas de frutas e verduras por banana, desciam com a Kombi pela Praça São Paulo da Cruz, outrora retornando pela Rua Campos Sales. Apressados, penetravam na Avenida Anita Garibaldi, e num jato de carreira, já se encontravam pela Rua Holanda ou então pela Avenida Paraná. O tempo não marcava as horas, apenas os olhares faziam chegar lá pela Av. Mal. Mascarenhas de Morais, bem como chegavam até mesmo pela Avenida. Santos Dumont, e às vezes, amigos podiam constatar suas presenças lá pela Avenida Domingos Souza Júnior oferecendo os produtos a diversos bairros da cidade.
A luz do sol relampejava na constância de todos os dias, e sem demora, certo dia passado pelo bairro Pilarzinho, os dois na Kombi, observaram a disponibilidade de venda de uma banca de frutas e verduras. Daí, os dois, Joaquim e Miguel emprenharam-se em comprar, após fechado o negócio, cuja banca de frutas e verduras ficava em frente ao Conjunto Bracatinga no mesmo bairro, colocando à frente o irmão Camilo. Podia-se afirmar que era mais uma fonte de renda, mais uma chance aos olhos dos cajatienses. Enquanto os dois rodavam com a Kombi pela cidade, e estes eram responsáveis em levar o almoço do irmão Camilo no bairro Pilarzinho. Como tudo acontece, trânsito pra lá, trânsito pra cá, e em meio a esta confusão, esqueceram de levar o almoço do irmão Camilo. No entanto, já era tarde, e com muita fome, este se passou a comer as uvas. O rapaz comeu tantas uvas para saciar a fome que acabou tendo uma forte dor de barriga que terminou passando mal.
NO BAIRRO ABRANCHES - CURITIBA
Não passou muito tempo, Miguel e Joaquim se desfizeram de uma banca de revista e por fim, entregaram o ponto. E desse mesmo modo, não havia condições de permanecer com a estufa na qual só operava com perdas. Foi aí que resolveram entregar o ponto comercial da climatizadora de bananas no bairro São Lourenço e se livrar do aluguel. E com muita graça de Deus e os olhos batendo na fé, esperança e amor, em seguida, eles souberam de uma casa no bairro Abranches, também de origem polonesa, cujo bem pertence a uma família de religiosos na qual possui um filho padre. Ressalta-se que a referida casa ficava bem em frente ao Cemitério do Abranches, com início da rodovia dos minérios que dá acessos a cidade metropolitana de Curitiba - Almirante Tamandaré.
Ao chegarem ao endereço indicado, se apresentaram e após longa conversa com os proprietários, estes, avisaram que não tinha como comprovar rendimento, aduzindo que haviam chegado recentemente na cidade. E foi nesta mencionada hora em que Deus abriu mais uma janela de prova, conseguindo alugar o imóvel. Os móveis eram pouquíssimos em relação a geografia da casa, mais era ali, uma residência onde a família pudesse manter ali os vínculos do amor, prosperidade e amizade.
Todos os dias, eles faziam o trajeto pela rodoviária velha em Curitiba, passando Praça Senador Correia ao lado da Igreja Nossa Senhora de Guadalupe. Não havia como esquecer e quase todos os dias passavam para agradecer, e suplicando a graça de alcançar um bom negócio ou mostrar uma direção eficaz. Foi assim que Miguel numa tarde conversou com o filho, dizendo.
-Joaquim. Receba a Nossa Senhora de Guadalupe como sua madrinha. Estamos sempre aqui, e você seria a pessoa mais indicada.
-Sim meu pai. Respondeu ele olhando para a Santa.
Importante ressaltar, que haverá no dia 12 de Dezembro de 2009, às 00h00, uma suntuosa missa na Paróquia de Nossa Senhora de Guadalupe, cuja missa será celebrada em honra à Santa, em Curitiba (PR, com o Padre Reginaldo Manzotti.
E sinalizando, já era aproximadamente, 18 horas, daquele dia chuvoso, Joaquim e Miguel estavam na Kombi, o limpador do para-brisa nem respondia na quantidade de chuva que caía vindo a estacionar ao lado da igreja. Podia se ressalvar que o temporal não parava, assim como todas as tardes que eles saiam para trabalharem. Um pouco deprimido Joaquim permanecia calado, observando os horizontes à espera que a chuva parasse. E sem saber o rumo a tomar a partir das 18 horas, ali ficavam. Minutos se passavam, as badaladas do sino soavam, era a hora do Ângelus, e prontificados, ali no automóvel, eles ouviam a Ave-Maria sendo tocada na graciosidade dos instrumentos musicais. A melodia invadia a nuvem branca da paz, ofertando aos dois que se encontravam na Kombi, o instrumento da fé e da esperança. E na compreensão do mistério da fé, é preciso ter Cristo no coração que nos guiou e deu sua vida para salvar.
Assim, dizia o Padre Vitor Coelho de Almeida já falecido e muito conhecido na região de São Paulo:
“Há um encanto lindo ao entardecer onde as coisas do dia dão lugar às coisas da noite, e sai o sol e entra a lua, e as estrelas do céu são obra divina do nosso criador Deus Pai Todo Poderoso”
Noutra oportunidade na residência no bairro Abranches, o dia surgia um pouco diferente dos outros dias, nem sequer dez centavos havia nos bolsos de Miguel e Joaquim para comprar um pão. Uma situação com tantas amarguras que fechavam as pinceladas dos olhos das crianças. Joaquim sempre atento aos jornais de classificados e sem pressa apareceu estampado no jornal “VENDO LANCHONETE DENTRO DE HOSPITAL”.
Sem estarem com dinheiro, nem por isso desanimaram e rumaram de imediato até ao local, oportunidade em que conheceram o proprietário de nome Milton. Sem haver qualquer dúvida, até hoje Joaquim não entende como foram encontrar algo nos classificados, vez que não tinham dinheiro para comprar nada. Tendo este sempre afirmado ser um milagre. De outra banda, a lanchonete ficava num dos hospitais mais respeitados de nome “Hospital Cajuru” pertencente aos Irmãos Maristas da mesma rede do Colégio Marista, e atualmente o Hospital Universitário Cajuru, um excelente prestador de serviços médicos com princípios médicos, cristãos e maristas, atuando na área de saúde como ponto referencial e disponibilizando do maior pronto-socorro do Paraná.
Com entusiasmo, Joaquim e Miguel negociaram, pondo a disposição o único bem como parte de pagamento, o que de fato foi recusado pelo proprietário, na qual não aceitava a Kombi como entrada, vez que este já dispunha de um veículo e queria a parte inicial em dinheiro.
Inconformados, não desistiram do grande negócio, passando na lanchonete todos os dias, tendo inclusive, realizado laços fortes de amizades com o gerente e o chapeiro que por coincidência se chamavam pelo mesmo nome “Antônio” e outra funcionária que atendia por nome Nair que fazia os salgados.
Sem se cansar, Joaquim e Miguel não deixavam de arriscar um velho palpite de que a Lanchonete um dia pudesse ser os proprietários. E naquela manhã, repleta de esperanças, os dois saíram em busca de outros negócios, ocasião em que passaram pelo Hospital Cajuru, como fazem repetidas vezes durante a semana para tomar conhecimento sobre a venda da lanchonete, acreditando que a qualquer hora poderia dar certo o negócio. Ao entrarem no recinto, depararam com o proprietário conversando com um senhor, imediatamente, eles procuraram o gerente chamado Antônio da qual desfrutava já de vasta amizade. Atendendo, o gerente o cumprimentou e noticiou a estes que o Sr. Milton já havia fechado negócio com o senhor que também se chamava Antônio, cujo pagamento fora feito à vista.
Sem demora, Joaquim e o seu pai Miguel se dirigiram ao proprietário da lanchonete, e neste ensejo, agradeceram pela atenção que havia dispensado, e desejando ao novo proprietário e toda a sua família sucesso na nova empreitada. Em seguida, o senhor Milton também pediu desculpas, sendo grato pela devida atenção, logo, pai e filho se retiram.
Dali saiu triste. Joaquim com o olhar deprimido e a sobrancelha levantada, abaixava a cabeça acompanhando o pai. Não restava mais nenhuma expectativa, nenhum caminho que pudesse voltar atrás nas aspirações formadas sobre o negócio da compra e venda. E com desate, alinharam-se nos beirais da consciência do jovem, os passos abatidos sem inspiração. Era o fim de uma labuta que persistia há várias semanas sem abrolhar qualquer margem de sucesso, afogando por sua vez, as últimas chances de uma luta em que o pouco dinheiro ou a carência financeira é capaz de atrasar a continuidade de qualquer probabilidade. E as condições financeiras não se abriam para galopar nas intimidações que qualquer homem de negócio necessita demonstrar nos atos comerciais do crédito. Realmente, o único patrimônio a medir peso naquelas condições desfavoráveis era a Kombi. Era a principal e única fonte de valor econômica e financeira da família, mesmo assim, era o símbolo com que a família poderia injetar em qualquer negócio que alavancaria uma saída para a crise.
Na vida, é de esperar-se que toda a sabedoria e sensibilidade andam juntas. Notadamente, a intuição e a experiência por mais que não acompanham os resultados óbvios dos acontecimentos do cotidiano, são os basilares que flamejam nos sonhos e perquirem na sombra do homem por onde quer que vá. Nota-se que a paisagem marcada na apreensão da compra e venda da lanchonete, rebaixou e ocasionou terríveis gritos dentro de cada um deles. Somente o silencio atravessado naquela hora, permitia, infelizmente, denotar que o pai e o filho correndo daqui e por aí, sempre planejando uma melhoria de vida à família, amargou-se transitoriamente no meio da verdade a melancólica, trazendo à realidade de não terem conseguido realizar o negócio.
O MILAGRE DE SANTO ANTÔNIO
Mais um dia se passou. Depois, passado exatamente um mês que o senhor Milton havia vendido a lanchonete para o senhor Antônio, o tempo já havia respondido a perca redutível de todas as somas matemáticas para a aquisição daquele bem tão desejado.
Mas, o mês de junho, o sexto mês do ano de 1983, era um mês de suma importância nas tradições das festas de Santo Antônio, pois naquele dia, marcava uma tarde chuvosa de inverno na Cidade Sorriso. Instantes em que surge um homem, e não podia deixar de ser o Antônio, gerente da lanchonete na qual Joaquim e o senhor Miguel Seabra haviam travado amizades. Despontando ali no bairro Abranches com um largo sorriso no rosto, disse:
-Joaquim e seu Miguel! Sabem... O senhor Antônio está querendo vender a lanchonete. Ele não está agüentando, e disse que ele era acostumado a trabalhar com viagens, e agora se sente como um passarinho preso na gaiola. E quer vender com urgência. É por isso que vim aqui correndo comunicar a vocês.
Surpreso e sem nada entender, Joaquim pergunta:
-Mas rapaz como foi que você achou o nosso endereço? Não me lembro de ter deixado com você.
Prontamente, o gerente da lanchonete respondeu.
-Joaquim. Lembre-se que certa vez você me falou que morava no bairro do Abranches próximo ao cemitério e continuação da Avenida Mateus Leme. Então, eu resolvi vir e desci em frente ao cemitério. Também quero lhe pedir uma coisa. Não fale nada para o Sr. Antônio de que ele nos havia avisado sobre a possível venda da lanchonete.
Joaquim com um sorriso, falou:
-Fique tranqüilo que nada irei falar sobre sua vinda aqui.
Mais ligeiro do que imediatamente, Joaquim e Miguel abriram largas calçadas de sorrisos, contando os fatos a dona Neif. Em razão disso, a satisfação da notícia espalhou nos corações da família cajatiense que apressada procurou o senhor Antônio, proprietário da lanchonete no Hospital Cajuru. E diante do processo de negociação para a aquisição da lanchonete, já se podia contar nos dedos, que beirava os trinta dias de conversas pra lá e conversas pra cá. O jovem Joaquim e o senhor Miguel Seabra acompanhava sempre o senhor Antônio na lanchonete, perdurando as conversas até mesmo no auxílio do proprietário quando este realizava as compras no mercado local para a loja. E nestas empreitadas, Joaquim e o pai levavam dona Neif que ficava dialogando com a esposa do senhor Antônio enquanto os dois mantinham contato negocial com o mesmo.
O senhor Miguel sempre conservando lhaneza no trato e a constante urbanidade nos procedimentos, ouviu atentamente quando o senhor Antonio disse;
-Senhor Miguel, não posso vender para vocês desta forma, somente dando como entrada a Kombi. Veja que o senhor irá ficar sem o carro e que se torna necessário para este tipo de negócio. Então me fale. Qual é a garantia que terei com o restante do pagamento? O senhor há de convir comigo que eu comprei à vista e como venderei a prazo? Pois, eu vou precisar do dinheiro.
O senhor Miguel procurou de todas as formalidades como entregar o veículo como sinal de pagamento, o que foi recusado pelo senhor Antonio. E com tantas meditações, entraram em contato com parentes no interior com a finalidade de arrecadar dinheiro e acertar a compra. E nestas instâncias, Joaquim e Miguel não desistiram, primeiro motivados pela notícia de venda da lanchonete, e segundo pelo fato de tudo ter acontecido e que não fora por acaso, haja vista a existência de três pessoas com o nome Antônio na jogada (referindo-se aos dois funcionários da lanchonete). Lembrou-se que também havia outro Antonio perfazendo a somatória de quatro. Logicamente, imaginaram tratar-se do mês de junho e o mês do Santo Antônio, na qual o senhor Miguel era fervoroso devoto do santo e padroeiro da cidade natal de Joaquim.
Com insistência, muita fé, esperança e amor, o pai e o filho lograram êxitos na proposta de aquisição da lanchonete, e por incrível que pareça, realizaram o negócio sem qualquer base de números para equilibrar a previsão dos pagamentos, tão somente a entrega do bem (Kombi) como garantia real. E daí, dotados de verdadeiros espíritos na fé em Deus, ajudados com a intercessão e a boa advocacia do Santo Antônio com o nome de Jesus Cristo, no dia 24 de junho de 1984, assumiram a lanchonete dentro do Hospital Cajuru. Não olvidando que depois que realizaram o contrato com o Hospital Cajuru, eles apresentaram a carta de apresentação em que o Padre Macário apontava como boas pessoas e de virtudes,oportunidades em que se dirigiram a Reitoria da Universidade Católica do mesmo grupo dos Irmãos Maristas. Legitimando nos braços os arcos da coragem, a família de Miguel Seabra de Oliveira Neto, sua esposa e filhos, em conjunto com o filho mais velho Joaquim, depositaram gotas de esperanças, fé, amor e confiabilidade em Santo Antonio, antes da expiração dos prazos para pagamento, quitaram de uma só vez o combinado com o proprietário, senhor Antônio. E nestes caracteres mágicos de fé e expectativa, não foi preciso se desfazer da Kombi.
Foi dessa forma, e desta maneira, que a lâmpada projetada por Santo Antonio, flamejando em todos os passos da família, operou um verdadeiro milagre de Deus, conduzindo, retos, na comunhão dos negócios empresariais. Com o brado do jovem Joaquim em alcançar um brilho com todas as dignidades possíveis à família, não deixara partir seus irmãos e seus pais às suas origens – Cajati. Sabendo este, que a luta mais feroz é quando se domina a flor do entusiasmo, e se pula nos degraus dos sacrifícios com as pérolas do padroeiro dos pobres – Santo Antonio.
Atualmente, a família ostentando com garra e indelével sucesso, possui uma rede nas melhores instâncias dos Hospitais e Universidades de Curitiba, estendendo-se para o interior de Santa Catarina com o nome OLIVEIRA’S GASTRONOMIA, enaltecendo o sobrenome da família e empregando mais de 100 colaboradores em toda a rede.
E nesta trajetória, toda a família de Miguel Seabra, assim como filhos, sobrinhos, netos, cunhados , amigos e conhecidos estarão reunidos no grande festejo do padroeiro da cidade na Igreja Matriz de Santo Antonio de Cajati (SP), simbolizando as trilhas de todos os anos quando viajam com destino à terra do índio Botujuru e Matias Pontes. E com suporte, Miguel Seabra, além de prestar ajuda humanitária de quem os procura, dando encosto aos necessitados na área de saúde ou a qualquer pessoa que necessite. E durante o festejo de Santo Antônio, leva com ele os santinhos e medalhas a serem distribuídos nas comemorações após a missa.
E traçando o dia que advém, no sábado, 13 de junho de 2009, é hora de invocarmos Santo Antonio. Nominado por Fernando de Bulhões, seu verdadeiro nome, que nasceu em Lisboa em 15 de agosto de 1195, numa família pobre e com apenas 15 anos entrou para o convento. Depois trocou de nome passando para Antonio e ingressou na Ordem Franciscana. Com inteligência foi indicado professor de teologia pelo Santo São Francisco de Assis. Com o ar de bondades, lecionou em várias Universidades, foi um grande orador sacro no sul da França e na Itália. Os seus sermões permaneceram célebres. E em vários lugares eram atribuídos feitos prodigiosos
Após uma crise de hidropisia (Acúmulo patológico de líquido seroso no tecido celular ou em cavidades do corpo). Antônio morreu a caminho de Pádua em 13 de junho de 1231. Foi canonizado em 13 de maio de 1232 (apenas 11 meses depois de sua morte) pelo papa Gregório IX.
A profundidade dos textos doutrinários de santo Antônio fez com que em 1946 o papa Pio XII o declarasse doutor da igreja. No entanto, o monge franciscano conhecido como santo Antônio de Pádua ou de Lisboa tem sido ao longo dos séculos, objeto de grande devoção popular.
“CINCO MINUTOS DIANTE DE SANTO ANTÔNIO”
Há quanto tempo te esperava, ó alma devota, pois bem conheço as graças de que necessitas e que queres que eu peça ao Senhor.
Estou disposto a fazer tudo por ti; mas, filho, dize-me uma a uma todas as tuas necessidades, pois desejo ser o intermediário entre tua alma e Deus com o fim de suavizar teus males. Sinto a aflição de teu coração e quero unir-me às tuas amarguras.
Desejas o meu auxílio no teu negócio..., queres a minha proteção para restituir a paz na tua família..., tens desejo de conseguir algum emprego..., queres ajudar alguns pobres..., alguma pessoa necessitada..., desejas que cesse alguma tribulação..., queres a tua saúde ou a de alguém a quem muito estimas? Coragem, que tudo obterás.
Agradam-me, também, as almas sinceras que tomam sobre si as dores alheias, como se fossem próprias. Mas, eu bem vejo como desejas aquela graça que há tanto tempo me pedes.
Tem fé que não tardará a hora em que hás de obtê-la.
Uma coisa, porem, desejo de ti. Quero que sejas mais assíduo ao Santíssimo Sacramento; mais devoto para com a nossa Mãe, Maria Santíssima; quero que propagues a minha devoção e ajudes meus pobres. Oh! Quanto isso me agrada ao coração! Não sei negar nenhuma graça àqueles que socorrem os outros por meu amor, e bem sabes quantos favores são obtidos por esse meio.
Quantos, com viva fé, têm recorrido a mim com o pão dos pobres na mão e são atendidos! Invocam-me para ter êxito feliz em um negócio, para achar um objeto perdido, para obter a saúde de uma pessoa enferma, para conseguir a conversão de alguém afastado de Deus, e eu, por amor dos meus pobres cuja miséria está a meu cargo, obtenho de Deus tudo o que pedem e ainda muito mais.
Temes que eu não faca outro tanto por ti? Não penses nisso porque prezo muito as prerrogativas concedidas por Deus de ser – o santo dos milagres. Muitos outros, como tu, têm precisado de mim e temem pedir-me, pensando que me importunam.
Leio tudo no fundo do coração e a tudo darei remédio; hei de obter as graças; não temas. Agora, volta às tuas ocupações e não te esqueças do que te recomendei; vem sempre procurar-me, porque eu te espero; tuas visitas me hão de ser sempre agradáveis, porque amigo afeiçoado como eu não acharás.
Deixo-te no coração sagrado de Jesus e, também, no de Maria e no de São José.
Reze em seguida: 1 Pai-Nosso, Ave-Maria e Glória ao Pai
FIM