Morangos não duram pra sempre... (BVIW)

A primeira coincidência: ambos nascidos em Liverpool em 1940. Por grande ironia se chamava Lennon John. Para o resto um acaso. Para ele: destino. Teve conhecimento da banda The Beatles como todos os fanáticos do mundo. Mas para Lennon John era diferente. Ele via no cantor muito mais que um músico. Era um gênio das letras. Um poeta! Sua doença!

Se houvesse mesmo um criador, ele teria dado os dons para o John errado. Qual dos nomes seria o invertido? Sentia admiração e inveja do líder musical, que em pouco, conquistara fama e dinheiro. Bens que ele nunca tivera. A cada novo álbum lá estava ele com seu fanatismo exacerbado. Não! Não era como os outros.

Acompanhava os passos do cantor mais do que os próprios. Nas paredes do quarto já não havia mais espaços para fotos de John Lennon que ele retirava de jornais. Um mausoléu. Enquanto fazia seu ritual, assobiava All you need is Love.

Viu surgir Yoko Ono; viu o inicio do fim. Foi então que iniciou planos para eternizar seu grande poeta. Resolveu se dedicar às aulas de tiro.

Oito de Dezembro de 1980. Tudo planejado. Seguiu o ídolo por toda a Nova Iorque. Observou quando um fã o parou para pedir um autógrafo e pensou consigo: será o último. Na volta pra casa, o cantor passava pelo Central Park. Lennon John estava lá pronto para encher o coração de uma paz absurdamente imcompreensível, fazendo eterno o maior poeta de todos os tempos. Antes que encaixasse seu indicador no gatilho, notou novamente aquele fã, aquele de horas antes, e assistiu de longe o tal realizar o que ele havia se preparado tanto para fazer.

Por horas ficou ali observando a movimentação que o acontecimento havia gerado. Sentia-se angustiado. o Tiro histórico deveria ter partido dele. Odiou Mark Chapman mais do que qualquer outro.

Nos anos seguintes viveu de tentativas frustradas de suicídio.

Recentemente, encontraram seu corpo sem vida numa clínica psiquiátrica em Liverpool. Em suas mãos, um recorte de jornal com a última foto de John Lennon, ao lado de seu assassino. O rádio tocava repetidamente "Strawberry Fields forever". Estranhamente, no criado mudo estavam a arma, ainda carregada, que ele havia comprado especialmente para o outro Jonh, e um livro, ainda no plástico, de um escritor brasileiro* intitulado: Morangos Mofados.

*C. F. A.

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 30/11/2009
Reeditado em 16/10/2012
Código do texto: T1952326
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